domingo, 1 de maio de 2011

Muito bom o "Carne Moída Com Quiabo", no Marrapá de hoje, sobre a história d´O Estado do Maranhão!

No detalhe indicado pela seta, a mentira dos 52 anos.
A edição de hoje o Jornal o Estado do Maranhão trás uma matéria sobre seu aniversário. A mentira já começa na manchete da chamada de capa da matéria:  “Mais atual, O Estado completa 52 anos”. A mentira sobre a data de aniversário do Jornal O Estado do Maranhão é mais uma das tantas mentiras a que Sarney deu ares de verdade usando sua conhecida estratégia para confundir as pessoas. Vamos aos fatos:
Havia em São Luís no início da década de 1970, um semi falido diário matutino chamado  Jornal do Dia, que era ligado a uma empresa  do ramo de serviços gráficos –  a Jaguar LTDA –  pertencente a um consórcio de empresários, tais como o jornalista Raimundo Bacelar, antigo proprietário do periódico, entre os anos de 1953 e 1955; os empresários Alexandre e Celeste Haickel, cuja família fundou posteriormente uma série de emissoras de Rádio e TV em sociedade com a família Sarney no interior do estado; O também empresário Raimundo Vieira da Silva, cuja família explorou o ramo de telecomunicações do Maranhão até este ser estatizado em 1973. Além dos irmãos Alberto e Wady Chames Aboud, prósperos comerciantes, que ficaram à frente da administração do jornal, tendo Alberto se destacado como o dirigente mais próximo do cotidiano do periódico durante a década anterior. Nascido em 08 de março de 1953, com sede na rua Joaquim Távora, 105-B (atual Rua de Nazaré), oJornal do Dia, por conta da pluralidade política de seus proprietários, tentou esboçar uma linha editorial apartidária nos primeiros anos, mas acabou sendo fechado temporariamente em 1958 quando era comandado por Alexandre Costa. Reaberto pelos irmãos Alberto e Chames Aboud em 1959, o jornal passou a maior parte da década de 1960 sendo instrumento de propaganda do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB de João Goulart e das pretensões políticas de Alberto Aboud, que elegeu-se deputado federal em 1965 e passou a contratar aliados do então governador para assumirem postos na redação do periódico. Bandeira Tribuzi, importante membro da equipe técnica do então governador Sarney, tornou-se  de Redator Chefe; Edson Vidigal, assessor de imprensa do Palácio dos Leões, passou de repórter de polícia para editor e colunista;  José Chagas, que foi vereador ligado ao grupo Sarney,  passou a cronista diário; Benedito Buzar, ex deputado estadual cassado pelo golpe de 1964 e integrante da equipe que criou a SUDEMA, principal órgão de planejamento do governador, virou  colunista político; Jomar Moraes , futuro Diretor da Biblioteca Pública do Estado do Maranhão – BPBL (1971-1973) e do Serviço de Imprensa de Obras Gráficas do Estado – SIOGE (1975-1980), virou articulista da coluna dominical Azulejos. Ivan Sarney, irmão do Governador, virou editor de cultura e assim por diante. Um corpo redacional formado por profissionais da confiança do governo parecia ser o suficiente para manter o JD sob as rédeas do executivo. Não satisfeito em transformar o Jornal do Dia em um diário chapa branca em 1967,  Sarney tirou o jornal  do controle de Aboud e o JD passou  a pertencer a aliados do governador: o empresário José Ribamar Marão, dono de 50% das ações do jornal e a outra metade pertencente aos políticos aliados do chefe do executivo, Clodomir Millet e Nunes Freire.
Assim que saiu do governo, Sarney afastou os laranjas e tornou-se ele próprio um dos sócios do Jornal. Na edição de O Estado do Maranhão de 01 de maio de 1999, o próprio sarney tentou explicar de onde tirara dinheiro para bancar a compra das ações do Jornal do Dia em 1969, alegando que trocou sua casa na rua Rio Branco, número 228, Centro de São Luís, pelas ações de José Ribamar Marão, ficando com metade delas e pouco depois adquirindo as outras, tornando-se assim o proprietário único do Jornal do Dia.
Acontece que em 1973, o Jornal  O Imparcial, pertencente aos Diários Associados até hoje, resolveu fazer uma super reforma modernizadora, trazendo para São Luís com exclusividade uma impressora Off-Set.  Dirigido por Adilson Vasconcelos na época e que está aí vivo e não me deixa mentir, O Imparcial organizou na surdina a sua reforma, planejando um grande salto de modernidade para a história do Jornal. Sarney que sentia-se dono da palavra modernidade, soube da história e ordenou aos jornalistas do JD que articulassem a criação de um jornal que fizesse frente ao projeto modernizador de O Imparcial. Assim, Bandeira Tribuzi e Edson Vidigal desmontaram a estrutura do JD, adquiriram uma máquina de impressão em off set, mas não conseguiram antecipar a inauguração do novo Jornal  antes de O Imparcial, que com grande estardalhaço iniciou sua nova fase em 17 de abril de 1973 .
Restou ao Estado do Maranhão uma discreta comemoração com direito a editorial do próprio Sarney na primeira página, contando as mentiras de sempre:
“O Jornal não é meu. Sou acionista de uma empresa que conta com inúmeros outros estados que resolveram ajudar a indústria maranhense. Mas, mesmo as ações que possuo nesta empresa estou doando, em sua totalidade, a uma fundação em organização, com finalidade de criar uma Universidade Tecnológica em São Luís. Devolvo ao Maranhão, tudo que o Maranhão me deu.”
Da tal Universidade Tecnológica de São Luís, ninguém nunca ouviu falar.
Naquela edição de 1 de maio de 1973, O Jornal deixava bem claro que tratava-se de sua primeira edição, conforme mostra a imagem abaixo em que, ao lado do cabeçalho consta nº 01, ano 01:
Agora vamos fazer uma rápida continha: Se o Jornal O Estado do Maranhão foi fundado em 1 de maio de 1973, quantos anos de fato o jornal completa hoje? Se você respondeu 38 anos, acertou.
Agora sabe por que o Sarney inventou a história de que seu Jornal tem mais de meio século? Para fabricar artificialmente a ideia de uma tradição jornalística em seu diário oficial  e claro, porque simplesmente o Senador do Amapá gosta de mentir.
Então reflitamos:  Dá para acreditar em um sistema de comunicação que mente até mesmo a respeito de sua própria história?
Pense nisso.
Conto com detalhes (sórdidos) a História do Jornalismo no Maranhão em meu amado ensaio monográfico chamado: “Os donos da opinião: Jornalistas, políticos e público leitor em São Luís (1950-1973). De onde tirei trechos para escrever esse tópico.

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