sexta-feira, 10 de julho de 2009

O MARANHÃO E SEU FUTURO

Por Haroldo Saboia

Celso Furtado – o paraibano que, como poucos brasileiros, soube entender a lógica (1) do subdesenvolvimento do Nordeste, (2) do crescimento desigual das diferentes regiões do nosso país e (3) da relação de subordinação entre os países periféricos (ditos do terceiro mundo) e os mais ricos (das economias centrais do “primeiro mundo”) – em O LONGO AMANHECER, escrito em 1999, um de seus últimos estudos sobre a nossa realidade, afirmou:

“Em nenhum momento de nossa história foi tão grande a distancia entre o que somos e o que esperávamos ser”

Seu entendimento, antes de revelar uma visão pessimista, refletia uma percepção aguda e uma tomada de posição corajosa em um momento em que prevaleciam, quase como pensamento único, as teses neoliberais. Teses que nortearam o desmonte de importantes instrumentos de ação do Estado, empresas e organismos públicos, além de transferir para a iniciativa privada (nacional e estrangeira) parcela incomensurável do patrimônio público nacional.

Tal como Furtado, penso que poderíamos afirmar que em nenhum momento de sua história foi tão grande a distância entre o Maranhão, hoje, e o Maranhão pelo qual sonhávamos.

O “golpe de Estado pela via judiciária” que afastou o governador eleito Jackson Lago e, no tapetão, permitiu que a candidata derrotada nas urnas assumisse o governo, modifica completamente o quadro político no Estado e exige de todos que fazem oposição à oligarquia Sarney maturidade, coragem e sabedoria para a disputa de 2010.

É verdade que, sem base popular, os sarneys perderam a força eleitoral e política que mantiveram, mesmo em contínuo enfraquecimento, por quatro décadas no Estado. Sobrevivem graças a um verdadeiro círculo vicioso de poder: o controle do governo estadual, do poder local e de uma forte bancada no Senado e na Câmara Federal lhes permitiu uma decisiva influência no Governo Federal e, em conseqüência, as rédeas dos cargos federais no Maranhão e as indicações que o pacto federativo garante a cada Estado na repartição do poder central (ministérios e organismos federais e regionais).

Essa lógica levou Sarney a quebrar lanças pela reconquista da Presidência do Senado, sem a qual não teria reconquistado o governo estadual para a filha Roseana nem permitido que o filho Fernando continuasse a operar seus negócios, com desenvoltura pouco comum a qualquer cidadão em liberdade graças a um providencial salvo conduto.

Toda essa ardilosa construção parece ruir. E efetivamente os sinais da debacle são visíveis.

Sarney não permanecerá à frente do Congresso Nacional. Sarney ou renuncia ou será destituído da Presidência do Senado Federal.

Nem mesmo o apoio público do Presidente Lula - a contragosto ou de bom grado, seja lá como for – será suficiente para mantê-lo no cargo.

Um escândalo, dia após dia. No momento em que a grande imprensa dá sinais de recuar logo em seguida, pressionados talvez pela grande força da mídia alternativa, ela volta com maiores evidências de incompatibilidade absoluta entre as exigências da opinião pública por uma moralização do Senado e a permanência de Sarney em sua direção.

Ontem mesmo a imprensa divulgou nova nota da bancada do PT no Senado em Casa.

Fica claro, transparente, que por maior que seja o desejo dos senadores petistas em atender aos apelos e às exigências de presidente Lula, a realidade - o murmurinho das ruas - cala mais forte na consciência de muitos deles. Notáveis as indagações dos senadores Marina da Silva e Tião Viana: em que o presidente Lula está contribuindo para o fortalecimento do poder legislativo e o soerguimento ético do Senado Federal ao defender a permanência de José Sarney?

Eles parecem lembrar velha lição de um filósofo italiano, retomada por um dramaturgo espanhol, há séculos:

AO REI TUDO. MENOS A HONRA!

Lição que está na memória popular. Quem não se lembra do antigo provérbio “quem muito se abaixa, o fundilho aparece”?

Em 2010, ano eleitoral, dois terços do Senado será renovado pelo voto popular.

O Maranhão terá, assim, a oportunidade de derrotar a governadora de proveta, de quatro votos, e eleger dois de seus três senadores. Além de toda a bancada de deputados federais e estaduais.

Às oposições, o grande desafio de retomar a caminhada interrompida. Sem acomodações e sem espertezas. Até porque outro velho provérbio tem sido muito lembrado: esperteza quando é demais acaba engolindo o esperto.

6 comentários:

P C do B disse...

Haroldo,ultrapassado,sai fora.TU já era,não serve mais pra nada,tua opinião não abala ninguém...se conforma aposentado.Só Franklin p te dá cartaz.

Anônimo disse...

Caro Franklin,

Esse comentário do P C do B acusou o golpe na barriga de determinado cidadão deste partido que o artigo do lúcido Haroldo Sabóia se refere.

O Maranhão precisa de líderes verdadeiros, coerentes, firmes e fortes em suas posições, guerreiros, com história de luta pela democracia, liberdade, justiça social.
O Maranhão necessita de líderes que não titubeiam em enfrentar a Oligarquia e todos os seus vermes na política, na justiça, nos meios sociais.

O Maranhão não precisa nem necessita de aventureiros, de espertos malandros, de ganhadores de mandatos de forma inidônea (pelo peso da máquina pública e não pelo prestígio político),de mascarados que transitam pelos tapetes da Oligarquia da forma mais natural, de arrogantes e prepotentes que se acham ungidos a líder.

Política com P maiúsculo é do que o Maranhão precisa!

Parabéns Haroldo e Franklin!

Machado.

Anônimo disse...

Nenhuma novidade no nomentário do PCdoB disse..
Afinal eles sempre apoiaram Sarney e sua oligarquia no Maranhão e em Brasilia.
O Haroldo pode até estar ultrapassado mas enquando ele tiver coragem para citicar com lucidez e conhecimento a Oligarquia Sarney(coisa que o PCdoB não faz) terá o meu apoio.

Anônimo disse...

Esse Machado é um pelego!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Pelego é favorecer, negociar, transigir para que os interesses do patrão e dos poderosos acabem sendo favorecidos.

E o PC do B está cheio dessa estirpe.

Machado.

Anônimo disse...

Acredito que vc não deva julgar o PC do B por um simples comentário que talvez a pessoa nem seja do referido partido.É leviano de sua parte falar que o PCdo B "está cheio dessa estirpe".