Franklin Douglas (*)
Os
ricos do Maranhão reúnem pouco mais de 5.700 famílias. Representam 2,9% do
total de 6.851.000 (seis milhões oitocentos e cinquenta e um mil) maranhenses.
Das
famílias multimilionárias do Maranhão, a mais conhecida é a Sarney, cuja
fortuna visível já foi avaliada em 125 milhões de reais
pela Revista Veja. A família Sarney, como as famílias Murad, Lobão, Fecury,
Cutrim, Ribeiro, Castelo, Rocha, dentre outras, encontram-se no ponto mais alto
do topo de pirâmide social do miserável estado do Maranhão.
Essa
conformação social de altíssima concentração de renda se repete na configuração
político-partidária. São variados os exemplos de candidatos a deputado cujo
patrimônio pessoal é multimilionário. E cujas campanhas também estão orçadas em
volumosos milhões de reais. O que leva à “naturalização” de uma ideia de que
estes serão os eleitos. Regra instituída tanto nos partidos da oligarquia
quanto nas agremiações da oposição consentida.
Participa,
se candidata e ganha eleição quem tem milhões para gastar!
Estamos
frente a mais gritante PLUTOCRACIA do país. Aqui, a DEMOCRACIA DOS RICOS, a
plutocracia maranhense, não só concentra riqueza e poder como busca interditar
qualquer alternativa que possa surgir fora desse nefasto eixo de financiamento
de campanhas.
Financiamento
este que, na prática, já é público, pois, o que não são os 70 MILHÕES DE REAIS,
conforme o Diário Oficial do Estado de 2/7/2014, transferidos fundo a fundo do
orçamento da Secretaria de Saúde do Estado para os municípios, que não o início
do grande financiamento da fraude da vontade eleitoral do povo maranhense
nestas eleições?
Nas
campanhas ao Senado Federal, então, o escárnio plutocrático é mais evidente
ainda.
Dos
seis candidatos, dois deles estimam seus gastos de campanha em estratosféricos
milhões de reais: Gastão Vieira – 20 MILHÕES DE REAIS, o equivalente a 49 vezes
mais do que o seu patrimônio pessoal declarado à justiça eleitoral; e Roberto
Rocha – 10 MILHÕES DE REAIS, 65 vezes mais que o patrimônio declarado ao
Tribunal Regional Eleitoral. Por sinal, outra zombaria: como um dono de
fazenda, emissoras de televisão, terrenos, cabeças de gado, filho de
ex-governador, etc, possui apenas R$ 152 mil de patrimônio?
Caro
(e)leitor, cara eleitor(a), você sabe quanto um candidato ao Senado em São
Paulo pretende gastar na campanha eleitoral para conquistar o voto da maioria
dos quase 32 milhões de eleitores paulistas?
Em
São Paulo, o atual senador Eduardo Suplicy, para alcançar a reeleição, pretende
gastar 15 milhões de reais. Seu principal adversário, José Serra, planeja
gastar R$ 30 milhões. Isso, no Estado mais rico do país, cujo PIB (Produto
Interno Bruto) é quase 30 vezes superior ao PIB maranhense e que possui o
principal colégio eleitorado do país, sete vezes maior que o do Maranhão.
Gastão
Vieira e Roberto Rocha, juntos, pretendem gastar o dobro que o senador da
República por São Paulo estima para se reeleger. PENSEM EM CANDIDATURAS QUE NÃO
TRAZEM MUDANÇA ALGUMA!
No
Maranhão, o rompimento com essa lógica plutocrática de campanhas milionárias,
especialmente ao Senado, vem sendo crescentemente assumida pelos cidadãos e
cidadãs maranhenses:
a)
Em 1998, o candidato petista Haroldo Saboia alcançou 390 mil votos (11,65% do
eleitorado – para uma vaga em disputa);
b)
Em 2002, o mesmo candidato somou 474 mil votos (23,3% do eleitorado – para duas
vagas em disputa);
c)
Em 2006, o petista Bira do Pindaré totalizou 557 mil votos (21,58% do
eleitorado – para uma vaga);
Mesmo
em 2010, quando inexistiu uma autêntica candidatura de esquerda ao Senado nas
coligações oposicionistas (então divididas entre o ex-governador José Reinaldo
Tavares (727.602 votos) e os tucanos Edison Vidigal (502.600 votos) e Roberto
Rocha – 642.853 votos), por fora da lógica das campanhas milionárias e sem
qualquer estrutura de campanha, o desconhecido professor Adonilson Lima somou
226 mil votos.
O
que se vê, portanto, é que há espaço político e social para candidaturas que
rompam com a lógica plutocrática. Para tanto, é preciso POLITIZAR O PROCESSO
ELEITORAL, e não sucumbir à lógica das milionárias campanhas que anulam e
silenciam a opção por uma nova política. Um de seus desafios nessas eleições de
2014, caro(a) (e)leitor(a)!
(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 24/8/2014, opinião
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