sábado, 24 de setembro de 2011

Em tempo de murici...


Dos 49 anunciados como desfiliados do PSOL pelo grupo de Paulo Rios e Saulo Arcangeli, de fato deixaram o partido 29 membros. Destes, em torno de 12 filiaram-se ao PSTU esta semana...
Principal estrela dos novos filiados, Saulo Arcangeli chegou dividindo a direção do PSTU meio a meio com Marcos Silva, graças a sua boa relação direta com Zé Maria, comandante nacional do partido.
Após dois meses de discussão, negociações e curso de formação, os 12 novos filiados retiram o PSTU da condição de partido que cabia num fusquinha e de uma família só, a Durans.
Pelo teor das entrevistas de Saulo Arcangeli, dois terço de suas palavras dedicadas a bombardear o PSOL (e não a oligarquia Sarney...), tem-se delineado o cenário de alianças entre PSTU e PSOL para 2012: em tempo de murici (*), cada um cuida de si...


(*) Murici é uma fruta amarela abundante no Norte e Nordeste entre dezembro e abril. A frase foi eternizada no livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha. É atribuída ao coronel Pedro Tamarindo, membro da coluna de Moreira César na Guerra de Canudos. Depois da morte de César (2/3/1897), caberia a Tamarindo assumir o batalhão, mas, com medo, ele abandonou a tropa.
Na fuga, questionado por um soldado, explicou-se: "Em tempo de murici, cada um cuida de si". Ou seja, aproveitando a rima que a fruta da estação permitiu naquela hora, ele quis dizer que, no aperto, cada um que se vire sozinho. (Fonte: Revista Aventuras na História – agosto 2011)



Nota da Coluna Abaporu* - número 07

* Abaporu é  a tela brasileira mais valorizada no mundo (1,5 milhão de dólares). Pintada em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral, é um símbolo do movimento modernista, que propunha  deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. O nome vem do tupi e significa aba(homem), pora (gente) e ú (comer): o "o homem que come gente".

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Despedida do trema

Enviado por Deíla Maia

"Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o  trema.
 
Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
 
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu
simplesmente tô fora.

Fui expulso pra sempre do dicionário.
 
Seus  ingratos!

Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
 
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio...
 
A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela.
 
Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto  eles ficam em pé.

Até o sinal gráfico cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra.

E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.

Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo
um bico de reticências, mas ele se negou, sempre encerrando logo todas as
discussões.

Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...

A verdade é que estou fora de moda.

Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá. Até o jogo da velha, para quem ninguém nunca ligou, virou  celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER.

Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências!

Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.

Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. 

Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!... nos veremos nos livros antigos.
 
Saio da linguística para entrar na história.
 
Adeus,
 
Trema"
 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Paulo Freire: 90 anos

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife(PE), no dia 19 de setembro de 1921. Morreu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997), anos 76 anos.

Paulo Freire foi um dos maiores educadores e filósofos brasileiro.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política.

“Pedagogia do Oprimido”, seu livro mais conhecido, é um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.

É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.(mais sobre a biografia de Freire aqui).

Na Revista Fórum, a republicação de dois textos alusivos a Paulo Freire. Num deles, a "passagem contada pelo professor da PUC-SP Mário Sérgio Cortella elucida um pouco tamanho prestígio. Lembra que, em março de 1986, numa aula inaugural da pós-graduação em Educação da PUC, resolveu provocar seu mestre.

Perguntou se ele se considerava um "clássico", citando a célebre pérola de Millôr Fernandes, que diz que "clássico é um escritor que não se contentou em chatear apenas os contemporâneos".

Sem titubear, Freire respondeu:

'Sou um clássico, sim. Não porque subjetiva e presunçosamente deste modo me considere, mas, porque como clássico sou considerado por todas aquelas e todos aqueles que encontram em minha obra um instrumento para enfrentar um clássico problema: a existência de opressores e oprimidos. Por isso, enquanto esse problema persistir, quero continuar chateando, incomodando e fustigando os que, contemporâneos meus ou não, defendam a permanência das desigualdades'." (leia mais na Revista Fórum)

Assistente social: profissão resistência

Franklin Douglas

 
ASSISTENTE SOCIAL: PROFISSÃO    RESISTÊNCIA
Assistentes sociais elegeram, na última sexta-feira (16/9/2011), a nova direção de seu Conselho Regional de Serviço Social no Maranhão (CRESS/MA). O Serviço Social brasileiro é uma das poucas profissões regulamentadas em lei, vinculada a Conselho Federal e Regionais, com Código de Ética próprio e, singularmente, detentora de um projeto ético-político que, explicitamente, propõe ao assistente social um objetivo estratégico profissional: a superação da sociedade capitalista.
Nos tempos de retrocesso político-ideológico do lulo-petismo, é sem dúvida um desafio extraordinário colocar-se essa aspiração no plano específico de sua contribuição profissional ao conjunto da sociedade. Ainda mais quando sufocada pela prática cotidiana. Assistentes sociais maranhenses, em torno de 2.000 profissionais, estão em quase todos os 217 municípios.
Talvez a maior dificuldade, afora os baixos salários (em média percebem três salários mínimos nas Prefeituras), esteja em fazer a mediação desse objetivo estratégico com a prática profissional premida pelo clientelismo e patrimonialismo local: fazer valer como direito o que é tratado por muitos gestores como dádiva às classes populares, a exemplo do cadastro do Bolsa Família, dos programas do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), da implementação das ações garantidas no ECA a crianças e adolescentes, do Estatuto do Idoso às pessoas da terceira idade, da assistência às pessoas com deficiência, das ações de Saúde via SUS. Tudo isso, e um pouco mais, para garantir Assistência sem deixar-se cair no assistencialismo.
Nesse contexto, emerge um grande alerta trazido pelas Direções do Conselho Federal e Conselhos Regionais: a formação profissional. Somente uma formação universitária de qualidade, crítica e voltada ao projeto ético-político da categoria pode garantir a continuidade do objetivo que esses profissionais se colocaram para o País. Daí porque desencadearam uma campanha contra a “Educação Fast Food”, o ensino de graduação em Serviço Social à distância.
Esta semana, tomamos conhecimento dos números resultantes do ENEM-2010: o Maranhão tem a pior educação de ensino médio do País, atrás de Tocantins e Piauí.
No Maranhão, alunos de 13.691 escolas participaram do Enem 2010 (12.886 públicas e 805 particulares). Entre os nove estados do Nordeste, apenas o Maranhão e o Piauí atingiram pontuação abaixo da média nacional.
Se algumas de nossas escolas particulares são ilhas de excelência, figurando entre as 100 melhores do Brasil (a exemplo de Crescimento – 61ª posição – e COC Calhau – 81ª posição), o que prevalece é a baixa qualidade do ensino como regra entre as escolas pagas. No ensino público, salvaram-se os CEFET´s (agora IFMA) de Imperatriz e São Luís e o Colégio Universitário (COLUN) da UFMA. O mar de péssimas condições do ensino público é o que temos circundando o Maranhão.
E o que isso tem a ver com a “Educação Fast Food”? Eis a questão, caro leitor, cara leitora.
Com o ensino médio debilitado, a maioria dos estudantes não tem condições de acessar o ensino superior público. Com a crescente necessidade de formação e o incentivo do Governo Federal ao ensino privado e à distância, impõe-se como opção a esses alunos de baixos índices educacionais a entrada nesse sistema de formação. E, com um chamado currículo “oculto” fraco, dado ficarem especialmente presos às tele-aulas, sem qualquer experiência com atividades de pesquisa ou extensão, dentre outras atividades ligadas à experiência universitária, esses profissionais não mais que frequentam escolas de terceiro grau à distância...
Os péssimos números do ENEM (a avaliação do ensino médio) repetir-se-ão nos péssimos números do ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), o exame de avaliação dos universitários brasileiros.
Eis porque a campanha trazida pelos assistentes sociais vai direto ao assunto, comparando as aparentes facilidades do ensino à distância com um lanche rápido, mas pouco nutritivo: o que está por trás da “Educação Fast Food” é a mercantilização do ensino, que faz com que a educação não seja assegurada como um direito, mas como um produto comercializado no mercado. Noutras palavras: é o velho grito de guerra “Educação não é supermercado”!
Ao trazer a público a necessidade desse debate, quando da eleição da próxima gestão de seu Conselho, os assistentes sociais mantêm viva a esperança da luta pela mudança social, a partir da crítica firme ao modelo atual. É o papel de resistência que os assistentes sociais têm desempenhado historicamente, seja em suas organizações, seja na prática profissional nos rincões do Maranhão e do País. É como se nos lembrassem, inspirados em Paulo Freire: “A educação sozinha não transforma a sociedade; sem ela tampouco a sociedade muda”.


Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente

Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 18/09/2011 - página 20).

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Psol pede investigação sobre Pedro Novais e Francisco Escórcio



Psol aponta as "vantagens indevidas" recebidas por Francisco Escórcio (foto) e pelo agora ex-ministro do Turismo Pedro Novais; ambos são deputados pelo PMDB do Maranhão - Gustavo Lima/Agência Câmara

Para partido, tanto o ex-ministro do Turismo quanto o correligionário maranhense feriram o decoro parlamentar ao compartilhar “vantagens indevidas”
Por Fábio Góis
A bancada do Psol na Câmara apresentou à Corregedoria da Casa requerimento para que sejam investigadas denúncias noticiadas sobre os deputados Pedro Novais, demitido ontem do cargo de ministro do Turismo e Francisco Escórcio. Ambos são do PMDB do Maranhão e ligados ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). E, segundo o Psol, feriram o decoro parlamentar.
Assinada pelo líder do Psol, Chico Alencar (RJ), e subscrita pelos deputados Ivan Valente (SP) e Jean Wyllys (RJ), a solicitação de investigação cita reportagem veiculada no jornal Folha de S.Paulo sobre suposta prática de Pedro Novais no comando daquela pasta.
“(…) licenciado para o exercício do cargo de Ministro do Turismo, [Novais] utilizava os serviços do servidor da Câmara Adão dos Santos Pereira, secretário parlamentar lotado no gabinete do deputado Francisco Escórcio, de chofer particular da senhora sua esposa, Maria Helena de Melo. As referidas denúncias são acompanhadas de fotos, que comprovam as notícias”, diz o documento, para quem o fato relatado pelo jornal paulista configura “vantagens indevidas” recebidas por Pedro Novais, justificando a abertura de procedimento investigatório.
A argumentação do Psol se ampara em recente jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito de parlamentares licenciados para exercer, como era o caso de Novais, cargos de comando no Executivo. “o membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de ministro de Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao Parlamento (…) ainda que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observância às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista, assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição e os regimentos internos das casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar”, diz o entendimento do Supremo.
Novais e Escórcio, argumenta o Psol, ferem preceitos constitucionais e do código de ética e decoro parlamentar ao extrapolar as prerrogativas inerente ao mandato. Segundo o requerimento, o primeiro incorre em desrespeito ao parágrafo 1º do artigo 55 da Constituição, segundo o qual “é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas”. Já Escórcio fere o artigo 4º do código de ética ao efetuar “procedimento incompatível com o decoro parlamentar a percepção, a qualquer título, em proveito próprio ou de outrem, de vantagens indevidas”(leia mais).


Câmara: PSOL formaliza representação contra Novais

Ag.Câmara

Menos de 24 horas depois da queda de Pedro Novais (PMDB-MA) da pasta do Turismo, o PSOL protocolou contra ele uma representação por quebra de decoro parlamentar.

Além de Novais, o PSOL pede à Corregedoria da Câmara que tome providências contra Fransisco Escórcio (PMDB-MA).

Novais foi à grelha por ter remunerado sua governanta com verbas da Câmara e por ter utilizado servidor da Casa como motorista particular de sua mulher.

Amigo de Novais, Escórcio entrou na encrenca por ter pendurado na folha de seu gabinete o chofer que servia à mulher do ex-ministro.

Líder do PSOL, Chico Alencar (RJ) disse ter "pasmo com a cara de paisagem que muitos parlamentares e lideranças estão fazendo.”

“O que inviabilizou Novais como ministro deve ser questionado no âmbito legislativo", afirmou Chico.

A representação foi entregue à Mesa diretora da Câmara, a quem cabe acionar as caldeiras da Corregedoria.

Se prevalecer a inação, disse o líder, o PSOL recorrerá diretamente ao Conselho de Ética da Câmara.

Todo mundo sabe que vai dar em nada. Mas a movimentação do PSOL tem uma serventia colateral. Obriga a Câmara a mostrar, uma vez mais, de que matéria prima é feita: 99,9% de desfaçatez.

Novais por Gastão: MUDAR PARA NÃO MUDAR...

Por Chico Caruso, n´O Globo


"(...) Pedro Novais, lembre-se, não deveria ter assumido o cargo. Dias antes da posse, descobriu-se que ele havia pago com verba de seu gabinete uma noitada num motel de São Luís, no Maranhão.
Reportagens desta Folha mostraram nos últimos dias que o uso indevido do dinheiro público estava longe de ser circunstancial na sua carreira. Durante sete anos, a empregada de seu apartamento em Brasília recebeu salário da Câmara, como secretária parlamentar. Além disso, outro funcionário da Câmara, contratado pelo gabinete de Francisco Escórcio (PMDB-MA), amigo de Novais, trabalhava na realidade como motorista particular da mulher do ex-ministro. São exemplos de almanaque da cultura patrimonialista." (Editorial da Folha de São Paulo, 16/09/2011)

"Em quatro anos como secretário de Educação de Roseana, Gastão Vieira construiu três escolas. E como secretário de Planejamento, gastou o dinheiro todo antes do tempo, afirmou o Deputado Domingos Dutra (PT-MA).

(...) Ao dar o Ministério do Turismo para outro nome indicado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), o mesmo padrinho político do demitido Pedro Novais, a presidente Dilma Roussef mostra estar refém de um processo atrasado de presidencialismo de coalização." (O Globo, 16/09/2011)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Artigo - Alteré Bernardino: A mentira sobre os 400 anos da fundação de São Luís

A mentira sobre os 400 anos da fundação de São Luís
(Ou Tribuna da Ludovicensidade, como tributo ao Pesquisador José de Ribamar Sousa dos Reis, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, autor do Trincheira da Maranhensidade)
Alteré Bernardino(*)

Há noventa e nove anos o ludovicense convive com a mentira histórica de que a nossa cidade foi fundada pelos franceses no dia 08 de setembro de 1612, e está sendo organizada uma grande festa para o próximo ano de 2012, com objetivo de comemorar essa farsa. Apesar disso, existem pessoas como o pesquisador João Mendonça Cordeiro, do IHGM – Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e a historiadora ludovicense, como eu, professora Maria de Lourdes Lauande Lacroix, que não concordam com essa estória.
Durante três séculos, de 1612 a 1912, nenhum historiador considerou São Luís como cidade sendo fundada pelos gauleses. A mentira histórica, segundo o pesquisador do IHGM, começou com o fundador da Academia Maranhense de Letras, José Ribeiro do Amaral, em “Fundação do Maranhão”, publicado em 1912, e Domingos Ribeiro, no seu discurso na abertura da exposição em comemoração dos 300 anos da pretensa fundação de São Luís pelos franceses.
Para o pesquisador do IHGM, “atenienses alienados, em busca de um presente glorioso como fora no passado a Atenas Brasileira, dominados pelo galicismo, criaram, em 1912, o mito da fundação francesa da cidade de São Luís”. Dessa forma, trocaram o verdadeiro e único fundador de nossa cidade, o brasileiro pernambucano, mameluco Jerônimo de Albuquerque – fruto das etinias portuguesa e indígena – pelo pirata francês La Ravardière.
“Logo que o general Alexandre de Moura saiu da Baia do Maranhão, aplicou Jerônimo de Albuquerque o principal cuidado à útil fundação de uma cidade naquele mesmo sítio, obra de que também se achava encarregado por disposições da Corte de Madri”, é o que relata Bernardo Pereira de Berredo, em “Anexos Históricos do Estado do Maranhão”, publicado em 1794. O citado sítio nada mais era do que algumas casas construídas de madeira, cobertas de palha; um galpão para armazenar as coisas que foram pilhadas; construções de pau a pique, e um forte, onde foram instalados vinte canhões de ferro.
O que os franceses fizeram no dia 08 de setembro de 1612 foi um ato puramente religioso, com celebração de missa, procissão, colocação e adoração de uma cruz, cataquese de indígenas, sob o som de cânticos sacros. Não se tratou de nenhum ato político, nem de fundação de uma cidade, já que o pretenso fundador La Ravardière não participou do ato, por ser protestante. Já o professor e antropólogo Olavo Correia Lima, na Revista do IHGM n. 16, de 1993, atribui a fundação de nossa cidade a Jerônimo de Albuquerque, no dia 27 de novembro de 1614, quando foi assinado o armistício, que marca a derrota e expulsão dos invasores franceses.
Ao ser nomeado Capitão-Mor da Província, Jerônimo de Albuquerque determinou que o Engenheiro-Mor do Reino Francisco Frias de Mesquita providenciasse a planta da cidade de São Luís, começando pelo primitivo pólo francês, na atual Avenida Pedro II, seguindo pelo Largo do Carmo, com ruas estreitas e quadras regulares, em direção ao hoje bairro da Madre Deus e outros.
Como já foram citados Bernardo Pereira de Berredo, Olavo Correia Lima, José Mendonça Cordeiro e Maria de Lourdes Lauande Lacroix, convém elencar Diogo Campos Moreno, com seu “Jornada do Maranhão”; Raimundo José de Sousa Gaioso, em “Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão”, publicado em 1818; frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres”, no “Poranduba Maranhense”, de 1819; padre jesuíta João Felipe Bettendorff, sobre o livro do capuchinho Claude D’Abeville; Barbosa de Godois, em “História do Maranhão” para uso da Escola Normal, de 1904, e César Marques, no pesquisadíssimo “Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão”, que não compactuam nem um pingo com a farsa de São Luís ter sido fundada pelos franceses.
(*) Alteré Bernardino é Jornalista ludovicense.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

Ê, Maranhão! Xô, corrupção!!

Franklin Douglas

      Ê, MARANHÃO! XÔ, CORRUPÇÃO!!

Às vésperas de seu aniversário, São Luís ganhou o reconhecimento de seu bumba meu boi como patrimônio cultural imaterial brasileiro. A oligarquia tomou para si a festa que, na verdade, é do povo que, para fazer bumba meu boi, só precisa de si mesmo.

De como a oligarquia festeja preto e índio, abro aspas ao jornalista Zema Ribeiro:
Este blogue [Blog do Zema Ribeiro] recebe com alegria a notícia do título de patrimônio cultural imaterial brasileiro dado ao complexo cultural do bumba meu boi, (...) (30[8/2011]), em Brasília/DF (o que já havia acontecido anos antes com o tambor de crioula).
Roseana Sarney não perde a pose e a oportunidade e aproveita para ‘sambar’ com diversos personagens de uma de nossas mais destacadas manifestações culturais, outrora alvo de perseguição policial e da elite branca e endinheirada.
Aí é bonito posar ao lado de preto e de índio, os grandes estorvos ao ‘desenvolvimento’ patrocinado pelos governos estadual e federal. Indígenas, quilombolas e sem-terra estão, mais uma vez, acampados na sede do Incra, em São Luís. A governadora nunca se dignou a pisar por lá, nem em junho nem agora, com as mesmas sandálias que valsam toadas.
Roseana Sarney não é índia, não é Catirina e duvido mesmo que levasse algum prêmio na Dança dos Famosos do Domingão do Faustão, devendo ser reconhecida como dançarina apenas por seus fieis bajuladores de plantão. ‘Como dança a governadora!’, devem suspirar emocionados ao vê-la arriscar um passo ou outro para posar para a mídia que lhe serve e lhe ajuda a sustentar a pose.
A governadora é, ao contrário, a dona da fazenda, a dona do mar, aquela que nega a língua e outros nacos do boi a índias, índios, Catirinas, Pais Franciscos, quilombolas, sem-terra e maranhenses outros, famintos e sedentos de justiça e paz, no campo e na cidade.” [Blog do Zema Ribeiro, 31/8/2011 - grifos nossos]
Fecho aspas.
No texto de Zema Ribeiro, política, cultura e questão social nas terras da oligarquia maranhense. Bumba meu boi domesticado e "pra inglês ver". É como a oligarquia gosta de preto e índio no Maranhão!
No próximo dia 8 de setembro, parabéns aos 399 anos de São Luís. Há de sobreviver aos governantes que te dilapidam e te cobrem de falsas promessas!

Em tempo: No dia 7 de setembro, Dia da Independência, um movimento da cidadania brasileira, via as redes sociais da internet, convoca uma manifestação contra a corrupção.
Um Dia da Pátria como um dia contra a corrupção: dos deputados que livram um dos seus de cassação (Deputada Jaqueline Roriz, que recebeu propina do mensalão do DEM de Brasília); dos ministros do condomínio da governabilidade conservadora instaurada no Executivo Federal (Antonio Palocci (PT) e seu enriquecimento ilícito; Alfredo Nascimento (PR) e o aliciamento de deputados com as verbas do DNIT e do Ministério dos Transportes; Wagner Rossi (PMDB) e a propina no Ministério da Agricultura); da oligarquia maranhense que usa o helicóptero de milhões pagos pelo contribuinte para passear para sua ilha particular; do Governo Estadual que nada esclarece do escândalo nas bolsas da FAPEMA, que em seis meses de governo dispensa de licitação pública quase 200 milhões de reais...
No dia da Pátria, faça a sua manifestação pessoal no Twitter, no Facebook, na mensagem de celular aos amigos, nas ruas juntos aos movimentos de combate à corrupção. Cabe a todos nós demonstrar que a corrupção não é um valor legitimado na sociedade, mas um vício/desvio estabelecido pela velha prática patrimonialista da política brasileira.
Por isso, não deixe de dar o seu grito de “XÔ, CORRUPÇÃO!”


Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente

Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 04/09/2011 - página 04).

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TARSILA DO AMARAL: 125 anos - Blog do Camasão


Retrato de Tarsila do Amaral
A pintora brasileira Tarsila do Amaral completaria hoje 125 anos. Símbolo do Modernismo brasileiro, Tarsila - como praticamente todos os grandes nomes da nossa cultura - foi próxima do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Conheceu as principais cidades da União Soviética e morou em Paris, onde foi operária da construção civil para poder sobreviver após a crise de 1929. 

Quando retorna ao Brasil, Tarsila chega a ser presa acusada de "subversão". Sua chamada "fase social" dura pouco em sua obra, mas mostra a influência do comunismo nas artes brasileiras. As duas principais obras desse período onde esteve próxima do ideário socialista são reproduzidas nesta postagem: Operários eSegunda Classe.


Operários, de Tarsila, 1933.
Em 1933, ao pintar o quadro “Operários”, a artista passa por uma fase de temática mais social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda Classe. Em meados dos anos 30, o escritor Luís Martins, vinte anos mais jovem que Tarsila, passa a ser seu companheiro constante, primeiro de pinturas depois da vida sentimental. Ela se separa de Osório e se casa com Luís Martins, com quem viveu até os anos 50.
A partir da década de 40, Tarsila passa a pintar retomando estilos de fases anteriores. Expõe nas 1ª e 2ª Bienais de São Paulo e ganha uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 1960. É tema de sala especial na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se na 32ª Bienal de Veneza.
Segunda Classe, 1933.
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