quinta-feira, 17 de março de 2011

Poesia de Quinta - Número 123

Por Deíla Maia

Pessoal, 

A Poesia de Quinta de hoje será com uma poetisa goiana, que a gente já trouxe para a discussão anteriormente e que eu gosto muito: Cora Coralina.
 
Curioso é que ela era doceira de profissão (talvez por isso suas poesias sejam tão doces) e gostava muito de escrever sobre o cotidiano do interior do Brasil, em especial de Goiás. Daí o plantar, o colher, as casas rústicas...


A poesia que eu escolhi hoje faz uma bonita reflexão sobre o tempo, projetos adiados e que só nos fazem perder... tempo... Achei tão bonita, que resolvi compartilhar com vcs. Foi tirada da obra "Meu livro de cordel", que comprei dela recentemente. 


Dedico o Poesia de Quinta de hoje carinhosamente a minha doce amiga Wilma Calixto, que fará aniversário em breve!!!! Prometo que tentarei não cometer o mesmo vexame que cometi com seu marido, Wilma! kkkkkkk Tentarei me retratar pessoalmente, bem a tempo!!!!



Beijos,


Deíla





AINDA NÃO
Cora Coralina


I

Ainda não...
É a espera.
Afirmação
do tempo que vai chegar
no tempo que está passando. 

II

Ainda não...
É a promessa.
Certeza
do tempo de querer
no tempo que vai chegando.
A mulher é a terra - 
terra de semear. 

III

Ainda não...
O tempo disse sorrindo:
Por que esperar?
Plantar, colher
no amanhecer. 
Não retardar o instante
maravilhoso da colheita. 

IV

Veio o semeador,
semearam juntos
e colheram
o encantamento do fruto.
Lamentaram juntos:
Retardamos tanto tempo... no tempo.

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