Caros/as amigos/as do Blogue, estamos de volta, após uma intensa oxigenada no Fórum Social Mundial. Aos poucos, vamos revendo os emails recebidos com sugestões de textos, lendo as mensagens ao blogue.
Desde já iniciamos a série "Ecos do Fórum Social", onde vamos registrar os momentos que presenciamos em Belém. Também estamos aceitando contribuições de outras experiênicas de quem por lá esteve: um texto, uma foto, um comentário será bem recebido.
Começamos com o artigo do petista Bira do Pindaré. Nele, Bira mostra o que viu no Fórum Social Mundial, e que outros jamais enxergarão, pois a cegueira ideológica (ideologia no sentido da leitura marxista de Marilena Chauí - falsificação do real) os impede que vejam e mais: trabalham para que outros nunca possam tentar ver a realidade na qual estão inseridos, o horizonte que é possível alcançar, o sonho que é possível nutrir a alma. Se um Homem sem sonho for um Homem sem alma, felizmente no Fórum Social (nos) encontramos (c0m) muitas (belas) almas!
Esperança à vista
Por Bira do Pindaré
Estive no Fórum Social Mundial em Belém do Pará. Logo na marcha de abertura, vi o frenesi de homens e mulheres nas ruas, nas janelas, nas praças, nas calçadas, carregando faixas, cartazes, gritando palavras de ordem, cantando, dançando, pulando, discursando, poetizando... Era gente para todo lado. Naquele instante, também vi desabar uma chuva torrencial, típica da Amazônia, como prenúncio da abundância que seria aquele grande evento.
Vi o anúncio coletivo da derrocada do neoliberalismo, todo ideário produzido em Davos sendo ofuscado e os movimentos sociais retornando, com força, à cena política mundial.
Vi a esperança nos olhos da militância e uma explosão de diversidade como marca das lutas sociais contemporâneas.
Vi expressivas lideranças e renomados pensadores prolatando teses e reafirmando, com fluidez vibrante, que o socialismo é o caminho.
Vi Frei Betto dizendo que o Fórum é um grande posto de gasolina, onde demos uma paradinha para nos abastecer para as lutas que virão pelas estradas que nos conduzirão a um mundo novo.
Vi o teólogo Leonardo Boff lembrando que somos filhos da terra, “que cuidou de nós até aqui, agora temos que cuidar dela”. Defendendo a necessidade de “ecologizar a política” com o eco-socialismo face à crise global.
Vi a senadora Marina Silva afirmando que a crise ambiental é mais séria que a econômica, mas que as duas terão que ser resolvidas agora, por essa geração, e ao mesmo tempo. Lançou o desafio de buscarmos um novo processo civilizatório. Em resposta o povo clamou: Brasil, urgente, Marina presidente.
Vi o Frei Xavier Plassat, pela Comissão Pastoral da Terra, ao lado de Carmen Bascaran, pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, denunciando e reafirmando a luta contra o trabalho escravo no Brasil.
Vi o líder do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, lembrando que a luta por reforma agrária é mais atual do que nunca e conclamando o povo do Maranhão a lutar pela democracia e contra a cassação do governador Jackson Lago.
Vi o sociólogo português Boaventura de Souza Santos defendendo a reinvenção do Estado, inspirado nas comunidades indígenas, de modo integrado à natureza.
Vi a cubana Eleida Guevara, filha do líder Che Guevara, cantando, clamando por união e por solidariedade entre os povos e comemorando os 50 anos da revolução cubana.
E finalmente, vi os presidentes Lula da Silva (Brasil), Hugo Chavez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai) e Evo Morales (Bolívia), pela primeira vez juntos no Fórum Social Mundial, apelando pela integração do continente latinoamericano.
Foi bonito ver aquele mundo de gente cultuando, de todas as maneiras, a vida como bem maior da humanidade e de todos os demais seres que habitam o planeta. É bom saber que não estamos sós e que no mundo inteiro há pessoas comprometidas com a construção de uma nova sociedade, embalados pela convicção de que um outro mundo é possível e necessário.
*Bira do Pindaré é advogado, bancário e mestre em políticas públicas pela Universidade Federal do Maranhão.
2 comentários:
Parabéns Bira, vc sintetizou aquilo que a mente retrograda da Mirante, tentou apagar..
Parabéns Franklin Douglas cada vez mais me torno se fã.
Parabéns Bira, você conseguiu traduzir o verdadeiro sentido e a importância do Forum Mundial. Como sugestão nós devemos enviar cópia para o Marcos Déça do imirante.
Parabéns Franklin Douglas pela sua contribuição na luta pela domocratização do Maranhão e da informação.
Saiba que pode contar comigo...
Um abraço!
Elisângela
Postar um comentário