terça-feira, 16 de junho de 2009

Presidência do Senado coloca Sarney no olho o furacão (IX)

É cada vez mais delicada a situação de Sarney, apesar de anunciar nas últimas horas uma certa "reação".

Abaixo, confira como os principais colunistas analisam a questão do escândalo dos atos secretos, agora estimados em quase 1.000 (falava-se em 300...).



Bom Dia Brasil - Rede Globo
"O Ministério Público quer que o dinheiro pago indevidamente seja devolvido aos cofres públicos. Já um grupo pequeno de senadores, um grupo suprapartidário, quer que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem os atos secretos que podem passar de mil.

Depois de horas de reunião do presidente do Senado com diretores da casa, silêncio. A pergunta continua sem resposta: quem mandou pagar horas extras, contratar e demitir funcionários na surdina? Quem deve ser o alvo das investigações? "


Veja a reportagem do Bom Dia Brasil aqui.


Lúcia Hipólito - CBN
"Primeiro passo para começar a recuperar a credibilidade do Senado é a renúncia do senador Sarney!"


Ouça a opinião de Lúcia Hipólita, na CBN, aqui.


Fernando Rodrigues - TV UOL/Folha
No centro do novo escândalo, José Sarney (...) Há, entre esses nomeados pelo atos secretos, um neto de José Sarney, uma sobrinha de José Sarney, a mãe de um neto de José Sarney e até a filha de um amigo de José Sarney, uma menina que é aspirante a modelo e foi colocada no conselho editoria do Senado (...). Tudo isso coloca em xeque a capacidade de Sarney em liderar um processo para resgatar da credibilidade do Senado









Blog do Luís Nassif
O forrobodó do Senado

Por Edmar Melo


Nassif, meu trivial de hoje vai para os Atos Administrativos secretos não publicados pelo o Senado Federal. E vai no verso:

O SEGREDO DO SENADO

Já vi político esconder
Castelo e bela mansão
Já vi escondendo dólar
Na cueca e no calção
Já vi político negando
E sob pressão jurando
Que nunca andou de avião

Já vi político cassado
Por causa do mensalão
Já vi outro se explicando
Como pagava a pensão
Já vi senador flagrado
Com um jatinho alugado
Com dinheiro do povão

Pensava ter visto tudo
Do nosso velho Congresso
Que já pagou hora extra
Nada obstante em recesso
E agora vejo o Senado
Contratando apaniguado
Sem publicar o acesso

Pra liberar hora extra
E aumentar o salário
O Senado Federal
Fez o povo de otário
Quinhentos atos secretos
Foram agora descobertos
Nesse conto do vigário

O ato de gestão pública
No Estado de Direito
Exige publicidade
Pra não nascer com defeito
Eficácia e transparência
Dão aos atos a essência
Pra produzir seus efeitos

Com esses atos secretos
Ilegais e indecentes
Senadores criam cargos
Pra nomear seus parentes
Já descobriram um neto
Sobrinha e parentes perto
Dos últimos três presidentes.


Blog do Josias de Souza -Folha de São Paulo
De todos os nus, o mais espatoso é o do presidente José Sarney (PMDB-AP). O senador foi pendurado nas manchetes em posições constrangedoras.

Além do neto, vem à luz a sobrinha secreta de Sarney

A principal serventia dos atos administrativos secretos do Senado é a de evitar que as ofensas à moralidade cheguem ao conhecimento da opinião pública.

O segredo livra os senadores do constrangimento de frequentar o noticiário como protagonistas da pilhagem.

Hoje, já se sabe que as malfeitorias oceânicas do Senado incluem a edição de pelo menos cinco centenas de decisões sigilosas.

A descoberta do trambique produziu em Brasília um fenômeno semelhante ao que infelicitou os bancos e investidores que nadavam desprotegidos em meio à crise mundial.

Deve-se ao bilionário Warren Buffett a melhor definição da encrenca: "Quando a maré baixa é que você vê quem estava nadando nu".

De todos os nus, o mais espatoso é o do presidente José Sarney (PMDB-AP). O senador foi pendurado nas manchetes em posições constrangedoras.

Primeiro, descobrira-se que um neto de Sarney, Fernando Michels Gonçalves Sarney, empregara-se no gabinete do aliado Epitácio Cafeteira (PTB-MA).

Ali permanecera, recebendo R$ 7,2 mil mensais à sombra, até que o STF decidiu dar um basta no flagelo do nepotismo.

Para evitar o escândalo, Fernando Sarney foi retirado da folha do Senado de fininho, por meio de um ato secreto.

Para que não houvesse dano à renda familiar, no lugar do neto entrou a mãe dele, Rosângela Terezinha Michels.

Trata-se de uma ex-candidata a miss Brasília, com quem Fernando Sarney, o filho do presidente, mantivera um namoro.

Instado a manifestar-se, Sarney disse que nada tinha a ver com o malfeito. Alegara que nem mesmo sabia que o Senado convivia com decisões secretas.

Descobre-se agora que, além do neto e da nora torta, também uma sobrinha de Sarney, Vera Portela Macieira Borges, ganhou contracheque da Viúva. Coisa de R$ 4,6 mil por mês.

Vera é filha de José Carlos de Pádua Macieira, irmão de Marly Sarney, mulher do presidente. Foi nomeada secretamente.

Oficialmente, está lotada na presidência do Senado. Dali, foi deslocada para o gabinete de Delcídio Amaral (PT-MS). Diz-se que dá expediente no Mato Grosso do Sul.

Os funcionários do escritório estadual de Delcídio afirmam que não conhecem Vera. O senador informa que deu emprego à sobrinha a pedido do tio ilustre.

A assessoria de Sarney atribui a nomeação por baixo da mesa a “um erro técnico”. Informa que a sobrinha é funcionária de carreira do Ministério da Agricultura.

Cedida à presidência do Senado sob Sarney, mudou-se para Campo Grande. Daí o arranjo com Delcídio, que, agora, diz que vai dispensar a sobrinha secreta.

Se havia nepotismo no caso do neto, não é diferente com a filha do irmão.

O STF proibira a nomeação de "parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau".

Acha pouco? Pois tem mais: nomeou-se secretamente no Senado também a filha de um velho amigo de Sarney, o ex-ministro Silas Rondeou.

A moça se chama Nathalie Rondeau. Tem 23 anos. “Trabalha” à sombra, desde 2005, no Conselho Editorial do Senado. Quem comanda a repartição?

Ora, Sarney, é claro! Desde 2002. Não é demasiado recordar que Rondeau foi arrancado da pasta das Minas e Energia pela lâmina da Operação Navalha.

A despeito das suspeitas de envolvimento pouco republicano com a construtora Gautama, de Zuleido Veras, o amigo de Sarney foi mantido por Lula numa cadeira do conselho de administração da Petrobras.

Cabe a pergunta: depois de ser flagrado nadando nu, com que autoridade Sarney poderá sustentar o discurso da moralidade?

No Senado, tudo leva a crer que nem toda nudez será castigada.

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