segunda-feira, 16 de março de 2009

Ricardo (100 mil acessos) Santos!


Ecos das Lutas parabeniza o blogueiro Ricardo Santos nesta segunda-feira, 16 de março. É o dia em que ele ultrapassa os 100 mil acessos em seu blogue. Ricardo Santos alcança a marca após dois anos e oito meses de postagens. Ele criou o blogue em agosto de 2006.

Sem estrutura de empresa midiática por trás, na boa fé e coerência política de defesa da liberdade do Maranhão e num jornalismo opinativo declaramente anti-oligarquia, os 100 mil acessos de Ricardo Sanos é um feito. Soma-se a isso o fato de estarmos num estado com o mais baixo índice de acesso à internet. E mais: a coragem de colocar um contador de acessos visível a todos e sem forjar comentários para parecer demandado.

Por tudo isso, Ricardo Santos merece nosso parabéns!

domingo, 15 de março de 2009

CONTAG fora da CUT. Maranhão feudal no Fantástico. CNBB perde Dom Paulo

O final de semana encerra com dois movimentos sociais em destaque: o de trabalhadores rurais e o de luta contra o trabalho escravo.

O primeiro concluiu, ontem (sábado 14/3) em Brasília, o 10º Congresso Nacional de sua principal organização, a CONTAG (Conferação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura). Uma chapa única elegeu Alberto Broch presidente e, pela primeira vez na história da entidade, uma mulher foi eleita vice-presidente. A nova diretoria recebeu 2.389 votos. As cotas de mulheres (30%) e jovens (20%) foram reafirmadas pelos congressistas. A nova diretoria, composta por 13 membros, terá três jovens e quatro mulheres.

A principal decisão do Congresso da CONTAG foi a sua desfiliação da CUT. Sem a CONTAG, a CUT perde sua principal referência no movimento sindical rural e encolhe sua representatividade. A CUT vem definhando desde que PSTU e PSOL fundaram a CONLUTAS e o PCdoB criou a CTB(Central dos Trabalhadores do Brasil). A CONTAG vai ficar sem filiação a qualquer central. A decisão foi apertada: A desfiliação foi aprovada por 1.441 votos contra 1.109.

Com isso, a FETAEMA (Federação dos Trabalhadores(as) da Agricultura do Maranhão) -braço estadual da CONTAG - também deve sair da CUT-Maranhão, que passa a ser quase 100% dirigida pela Articulação sindical, corrente ligada ao ex-presidente do PT, Washington Luiz - fiel aliado do Planalto na estratégia Lula + Sarney.

TRABALHO ESCRAVO
Já no Fantástico - Rede Globo deste domingo, o Brasil toma conhecimento do que o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH) de Açailândia, o FOREM (Fórum de Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão) e outras organizações já vinham denunciando por aqui no Estado há um bom tempo: trabalho escravo, elite conservadora e impunidade parecem ser uma coisa só no atrasado Maranhão. Onde juiz, ex-prefeito e deputado estadual são flagrados em prática de trabalho escravo. É o Maranhão feudal...

No Fantástico, a matéria especialmente evidencia o caso do juiz Marcelo Baldochi (que aguarda julgamento no Tribunal de Justiça) e do ex-prefeito Antonio Braide. Ambos figuram na lista suja do trabalho escravo no Brasil, feita pelo Ministério do Trabalho. Faltou falar do deputado estadual Antonio Bacelar, correligionário do ministro Carlos Luppi (PDT), e que a Assembléia Legislativa não toma qualquer providencia.

Em destaque a ação dos parceiros de COETRAE (Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo): Milton Teixeira (CDVDH), Nonato Masson (FOREM) e Paula de Ávila (Procuradora do Trabalho). A matéria está no link http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1043933-5598,00-JUIZ+E+ACUSADO+DE+USAR+TRABALHO+ESCRAVO+NO+MARANHAO.html.

Em tempo: morre Dom Paulo
Da CNBB (http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=1159), recebemos confirmação: morreu Dom Paulo Pontes, arcebispo emérito de São Luís. Sofria de fibrose pulmonar. Dom Paulo foi vice-presidente da CNBB entre 1987 e 1991, presidente do Regional Nordeste 1 e Nordeste 5 da CNBB e do Movimento de Educação de Base (MEB).

A charge do Dálcio

Abaixo, socializamos a charge qua mais circulou esta semana pelos blogues e listas de São Luís: já vi pelos blogues O mundo numa mochila, Garrone, Zema Ribeiro, dentre outros. Muito boa, mesmo.



Jackson Lago: "Por onde passo vejo crescerem os clamores de justiça de quem sente que teve seu voto esbulhado"




O jornal O Imparcial deste domingo (15/3) faz um apanhado do processo de mobilização crescente em torno da luta pela Democracia e em defesa do Maranhão. Fotos, principais reuniões já acontecidas, entrevista com o advogado Daniel Leite (da Frente de Libertação) e artigo do governador Jackson Lago. Bom conferir. Eis o link para as matérias, de acesso gratuito: http://oimparcial.ideavalley.com.br/flip/

Abaixo, o artigo do governador Jackson Lago.

A insubmissa resistência
Por Jackson Lago


“É como se minha vida começasse hoje”, ouvi de uma moradora das palafitas do rio Anil, ao receber as chaves da casa com que sempre sonhou e finalmente recebeu junto com as primeiras famílias do maior projeto de intervenção urbana e inclusão social do Maranhão.

Essas palavras, na sua singeleza, dizem muito mais do que o reconhecimento de quem se descobre tratada como cidadã plena. Elas servem de inspiração para todos nós que fazemos da vida pública um exercício permanente de combate.

A vida recomeça a cada dia para quem luta por ideais. Esse é o dístico que carregamos conosco como um compromisso moral.

Todos sabemos que o Maranhão
foi o único estado da nação que, na transição democrática, pagou o preço de reforçar seus laços com o autoritarismo e o caciquismo. O destino fez com que o fiador do poder militar, o avalista do arbítrio fosse nomeado o primeiro presidente civil após o golpe. Os ventos da liberalização, que sopraram em todo o país, não chegaram ao Maranhão.

Não admira então que o sopro de renovação que varreu o país, provocando a saudável alternância de poder em todos os Estados, entre nós tenha sido um simulacro, um rito de passagem por hereditariedade e consangüinidade. Custou anos e o labor de gerações para se obter as condições históricas de enfrentar e confrontar essa triste herança autoritária.

Essas condições tornam ainda mais grave a decisão do TSE de devolver o poder ao atraso e ao mandonismo. Todos conhecemos o antigo brocardo de Marx de que a história só se repete como farsa. Que dizer de uma decisão que condena o Maranhão a eternizar uma farsa política que tem o repúdio de toda a nação?

É contra isso que o povo maranhense se insurge. Por onde passo vejo crescerem os clamores de justiça de quem sente que teve seu voto esbulhado. Foi assim em Imperatriz na última quinta-feira, quando milhares de pessoas foram às ruas manifestar o seu repúdio pela violência que se comete contra a vontade popular.

Lembrei que praticamente nessa mesma data, há 45 anos, testemunhei a histórica manifestação do comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Com que emoção vivi aqueles momentos de afirmação cívica do nosso povo. Depois veio a longa noite autoritária, da qual ainda vagam seus avatares, como dinossauros, como bem expôs ao mundo a revista The Economist.

Em Imperatriz vi que nosso povo traz a mesma chama e o mesmo brilho nos olhos que vi há tantos anos na Central do Brasil. O brilho da insubmissão, o desejo da liberdade.

Me tocaram também as manifestações que recebi na última terça-feira no teatro Arthur Azevedo. Queria agradecer um a um pela longa e comovente ovação com que fui recebido. Nosso povo demonstra que repudia o golpe antidemocrático que se tenta dar pela via judiciária.

Confio que não se perpetrará essa violência que não é contra mim, mas contra o processo histórico e os direitos do povo maranhense.

sábado, 14 de março de 2009

PSTU toma partido: nem Jackson, nem Sarney. Novas eleições já!

Ecos publica a nota do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado sobre o momento político que passa o Maranhão. O PSTU faz juz ao seu primeiro slogan de campanha - tome partido - e, ao seu modo, não fecha os olhos para o que está acontecendo no Maranhão.

Se erra na conferência dos votos do julgamento no TSE (5 a 2, quando foi 4 a 3), acerta na avaliação sobre a decisão judicial: "
não podemos aceitar que a justiça burguesa entregue novamente o controle do Estado nas mãos corruptas do grupo Sarney". Abaixo, a nota na íntegra:


PSTU CHAMA: NEM JACKSON, NEM SARNEY! POR UM GOVERNO DA CLASSE TRABALHADORA DO CAMPO E DA CIDADE!

Na última semana o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por cinco votos a dois cassar o mandato do governador Jackson Lago (PDT) e seu vice por abuso de poder político durante a campanha de 2006. O TSE definiu também, que a segunda colocada nas eleições, a senadora Roseana Sarney (PMDB), deve assumir o governo do Estado.

Achamos que o TSE agiu corretamente ao cassar o mandato do governador, que usou de forma explícita a máquina administrativa do Estado governado na época por José Reinaldo (PSB), para compra de votos e distribuição de convênios fraudulentos a várias prefeituras do interior do Estado.

Entretanto, não podemos aceitar que a Justiça burguesa entregue novamente o controle do Estado nas mãos corruptas do Grupo Sarney, que assim como em outras eleições também se utilizou das mesmas práticas de corrupção. As provas da corrupção cometida durante a campanha não deixam dúvidas que o processo eleitoral não pode ser considerado válido, tendo vencido quem roubou mais.

A briga entre o Grupo Sarney e o bloco liderado por Lago deve ser comparado a disputa de duas quadrilhas mafiosas para saber quem vai roubar mais o Estado. Os fatos só agora confirmados pelo TSE e os dois anos de Governo Jackson demonstram que todos são corruptos e defendem a mesma política de miséria, arrocho salarial e exploração no campo.

Nós do PSTU, fazemos um chamado às organizações da classe trabalhadora (CUT, CONLUTAS, CTB, MST, CPT e FETAEMA), à juventude e à população em geral para construir grandes mobilizações pela convocação de novas eleições e na defesa de um programa anti-capitalista para o Estado.

Frente à crise econômica e a barbárie social em que já vivemos, chamamos todas estas organizações a defender um programa que reivindique reestatização das empresas privatizadas e liquidadas no Governo Roseana, reforma agrária sob controle dos trabalhadores e a realização de um plano emergencial de obras públicas para combater o desemprego.

É necessário também elaborar um plano de desenvolvimento econômico para o Estado - do ponto de vista do interesse dos trabalhadores e não dos exploradores – para garantir que as riquezas não sejam repartidas apenas entre uma pequena minoria que hoje lucra com o agronegócio e os grandes empreendimentos multinacionais poluidores.

Somente a partir da mobilização independente dos trabalhadores em torno da construção de uma greve geral será possível apontar uma saída para os problemas enfrentados pela população trabalhadora do nosso Estado. Só a luta muda a vida!

São Luís, 12 de março de 2009.
Direção Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

Plenária do Movimento Negro reforça Balaiada

Cerca de 100 militantes do movimento negro de São Luís reuniram-se, neste final da tarde - mesmo sob a chuva, na tenda do acampamento Balaiada - em frente ao Palácio dos Leões.

Coordenada por Socorro Guterres (Centro de Cultura Negra), a plenária setorial de negros e negras reuniu lideranças como Magno Cruz e Luiz Ferreira (CCN), Ivo Fonseca (movimento de quilombolas), João Francisco (PDT), Silvio Bembem (PT), professora Silvana Magali (UFMA/organização Mãe Andrezza), dentre outros participantes.

Com a participação de bloco afro movimentando culturalmente a reunião, os negros e negras organizados no movimento social decidiram reforça a luta pela Democracia no Maranhão. Nova plenária, a fim de trabalhar a participação específica deste setor no Ato do dia 31 de março, foi agendada, além um grupo de trabalho para sistematizar as propostas dadas.

Depois da plenária popular, diversos movimentos sociais vêm se articulando para a resistência, dentre eles: o de moradia, de sem-terras, de juventudes, mulheres e direitos humanos e, agora, movimento negro. Cresce o clima de mobilização. É o "meu voto é minha lei, nunca mais Sarney!" tomando as ruas também da capital.

Agenda
Neste sábado também ocorreu panfletagem do manifesto pela democracia no Mercado Central. Domingo, será na Feira do João Paulo. Ambas as atividades organizadas pelo movimento de mulheres.

A partir de segunda-feira o Movimento de Ação Comunitária realiza pequenas carreatas por bairros, terminando com reuniões populares. O objetivo é conversar com o povo, mostrar o que está acontecendo e colocar que cabe a ele assumir a defesa da Democracia no Maranhão.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Multidão em Imperatriz: o que Décio Sá e o Imirante não viram

Eles não viram a carreta chegando ao Centro de Imperatriz ...



... eles não viram o povo receber a caravana da democracia ...

... eles não viram o comércio parar para saudar a caminhada contra o golpe...

... eles não viram essa caravana em defesa da democracia iniciar
com deputados, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores,
Jackson Lago, trabalhadores, juventude e povo da região tocantina...

... eles não viram uma multidão tomar as ruas...



... eles não viram essa multidão levantar as bandeiras ...




... eles não viram essas milhares de bandeiras tremulando pela liberdade ...

... eles não viram os cartazes que diziam: "É preciso resistir. Sarney nunca mais!" ...



... eles não viram os cartazes que diziam: "não vendi meu voto" ...

... eles não viram as faixas que diziam: "respeite nosso voto" ...

... eles não viram o apoio entusiasta dos comerciários ...

... eles não viram a irreverência dos estudantes, do "Xô, Sarney!", de volta às ruas ...

... eles não viram a juventude de cara-pintada mais uma vez declarar o seu amor ao Maranhão livre, democrático ...

... eles não viram a determinação dos índios em fazer valer o seu voto ...

... eles não viram o carinho das mulheres indígenas,
a determinação delas em endurecer a luta pela Democracia, mas sem perder a ternura ...


... eles não viram a praça ser do povo ...

... porque é disso que eles têm medo: do povo nas ruas fazendo valer os seus direitos!

Fotos de: Josa Almeida e Sidney Rodrigues

Programação Balaiada: Direitos Humanos, Movimento Negro e Juventude em movimento

Prosegue a programação Balaiada, em tenda em frente ao Palácio dos Leões:

Nesta sexta-feira (13/3), a partir das 17 horas, acontece a plenária da militância dos direitos humanos. Preparam-se para reforçar a luta por democracia e liberdade. A plenária está assim organizada:

- 16h30 - repertório de músicas latinas pela liberdade
- 17h00 - violão e voz com Gildomar Marinho
- 18h00 - plenária
- 20h00 - celebração de compromisso em respeito ao voto do povo maranhense.

No sábado (14/3), a partir das 16 horas, acontece a plenária do movimento negro.

À noite, os movimentos de juventude puxam o primeiro Lual da Balaiada. Ao som de voz e violão, pretendem atravessar a madrugada de sábado para domingo curtindo a lua cheia da ilha e instalar as primeiras barracas que ficarão no acampamento Balaiada. É o início da resistência cívica contra o golpe à democracia maranhense.

O que poucos maranhenses sabem e o Brasil desconhece

Por Haroldo Saboia

Poucos maranhenses sabem e o Brasil desconhece que dormita na Procuradoria Geral Eleitoral, a espera de parecer, ação contra a candidata derrotada ao governo do Maranhão, Roseana Sarney Murad, desde 9 de dezembro de 2008.

O processo (AG 10.625) com menos de 400 páginas espera, debalde, há 3 (três) meses, ou noventa longos dias.

O recurso da filha do velho coronel Sarney contra o nosso governador eleito tem mais de 15 mil páginas. Seu relatório, pasmem, foi preparado pela mesma Procuradoria Geral Eleitoral em duas semanas.

Mais de mil páginas lidas, apreciadas, analisadas, por dia. De domingo a domingo, 15 mil páginas, onze denúncias diferentes, analisadas como que por uma sôfrega e inusitada volúpia, verdadeira ânsia em servir.

Em que consiste a ação contra Roseana?

É que a candidata ao governo do PFL em 2006, Roseana Sarney Murad comprou o apoio político da coligação “União Democrática Independente” (PSL, PTC e PTdoB) que elegeu três deputados estaduais, entre os 116 candidatos que apresentou.

Como se caracterizou esta compra de apoio político e, conseqüentemente, de votos? Pela doação da quantia de R$168.700,00 (cento e sessenta e oito mil e setecentos reais).

A doação, proibida por lei, é inquestionável: seus valores constam da prestação de conta do comitê financeiro do PFL/Roseana Murad à Justiça Eleitoral e representam a única receita declarada, oficialmente, pelos partidos da coligação “União Democrática Independente”.

Qual a penalidade prevista para este crime eleitoral? A cassação do mandato, quando for o caso, e a declaração de inelegibilidade por 3(três) anos.

Estes fatos foram objetos de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, de nº3. 286/06, interposta pelo candidato do PSDB ao governo, deputado estadual Aderson de Carvalho Lago Filho e outro, em 21 de agosto de 2006,ainda no período eleitoral.

Em novembro de 2007, o voto da juíza federal com assento no nosso Tribunal Regional, Dra Clemência Almada Lima, é cristalino:

Todo esse quadro tem potencialidade para influir no primeiro turno das eleições, configurando assim o abuso de poder econômico apto a ensejar a responsabilidade da investigada.
No presente caso, contudo, não há que se falar em cassação de diploma posto que a representada não logrou a ser vencedora das eleições de 2006.
Ante o exposto, peço vênia para discordar da Relatora, e votar pela procedência da Investigação Judicial Eleitoral, para, com fundamento no artigo 22, inciso XIV da Lei Complementar nº 64/90, condenar a representada na sanção de inelegibilidade por 03(três) anos
”.

Outro não fora o entendimento do Procurador Regional Eleitoral, Dr. Juraci Guimarães Junior, em seu relatório de abril/2007:

Portanto, uma vez comprovadas as doações realizadas pela representada aos candidatos aos cargos de deputado federal e estadual de coligação diversa à que pertence, configurada está a potencialidade da conduta para macular o resultado do pleito.
Diante do exposto, manifesta-se esse Órgão Ministerial pelo provimento da presente representação, para declarar a inelegibilidade da representada pelo prazo de 3 (três) anos, nos termos do art.22, XIV, da LC nº64/90.


E o que diz o inciso XIV da Lei Complementar nº64/90?

Julgada procedente a representação, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 3 (três) anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico e pelo desvio ou abuso do poder de autoridade...;

A tramitação desta Ação de Investigação, apesar das manifestações eloqüentes do procurador eleitoral Dr. Juraci Guimarães Junior e da Juíza Federal, Dra Clemência Almada Lima, teve curso semelhante a uma olímpica corrida de obstáculos: Ação de Investigação Judicial julgada improcedente, a Agravo Regimental negado provimento, Embargos de Declaração rejeitados, - em decisões manifestamente contrárias às evidências dos autos.

Inconformados, os autores do pedido de Investigação Judicial interpõem, em 02 de julho de 2008, Recurso Especial requerendo que seja conhecido como Recurso Ordinário. O Recurso Especial deve ser admitido pelo Tribunal Regional para, em seguida, ser apreciado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Esta admissão resulta de uma decisão do Presidente (decisão dita monocrática).

Decisão que haverá de cumprir uma espera 90 (noventa dias), o tempo das estações do ano. Em 11 de julho, a Des. Cleonice Silva Freire dá-se por impedida por ter atuado antes como Relatora no processo. Transfere a decisão para a Vice-Presidente, Des. Nelma Sarney, que após 30 (trinta dias) de grave reflexão dá-se por suspeita por motivo de foro íntimo.

Finalmente, em 03 de outubro, designado pela Presidência, o juiz federal Roberto Veloso, que substituiu a Dra. Clemência Almada Lima no TRE-MA, aprecia e nega seguimento ao Recurso Especial. Mais um obstáculo! Enquanto isto corre célere o recurso em Brasília contra a Diplomação do governador eleito.

Para afastar mais esta pedra no meio do caminho da busca de prestação jurisdicional, os autores recorrem ao TSE da translúcida decisão do juiz federal Roberto Veloso através de um pedido denominado Agravo de Instrumento. Aquele mesmo (AG 10.625) que dormita na Procuradoria Geral Eleitoral, também o tempo de uma Estação: uma longa estiagem.

A Oligarquia Sarney, com seu imenso império de comunicação (do sistema mirante aos satélites (a)provisionados com seus escribas precários, raivosos e sedentos), esquece que a vontade popular é capaz de remover montanhas. Assim como certos juizes, da Ilha e do Planalto, que não retiveram na memória a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:

“... ESSENCIAL QUE OS DIREITOS DA PESSOA SEJAM PROTEGIDOS PELO IMPÉRIO DA LEI, PARA QUE A PESSOA NÃO SEJA COMPELIDA, COMO ÚLTIMO RECURSO, À REBELIÃO CONTRA A TIRANIA E A OPRESSÃO


(*) esta versão enviada ao Ecos das Lutas traz ligeiras diferenças da publicada no Jornal Pequeno de hoje. Haroldo Saboia explica que enviou, por engano, uma versão não-revisada ao JP.

Presidência do Senado coloca Sarney no olho do furacão (V)

O Jornal Pequeno repercutiu matéria de O Estado de São Paulo que denunciou o uso da Polícia Legislativa do Senado em benefício do próprio Sarney. O senador amapo-maranhense determinou que a polícia do Senado viesse ao Maranhão garantir a segurança de seus bens e rastrear possíveis hostilidades, dias antes de o TSE apreciar o pedido de cassação de Jackson Lago (feito em 03/3).

Sarney reagiu dizendo que a mídia está preocupada com "coisa pequena" ...

Usar a polícia (pública) legislativa para benefício privado desse ser coisa pequena mesmo para Sarney. Afinal, a oligarquia está acostumada é com milhões: caso Lunus - R$ 1,4 milhão, estrada fantasma Paulo Ramos-Arame - R$ 33 milhões, Salangô - R$ 53 milhões, Telensino - R$ 120milhões, e por ai vai...


O Bom Dia Brasil - TV Globo não deixou passar em branco (http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1041171-16020,00-SARNEY+REAGE+A+ONDA+DE+DENUNCIAS+NO+SENADO.html).

Em seu comentário, Alexandre Garcia até sugere que o uso da polícia legislativa do Senado, quando deveria solicitar a Polícia Federal, dá-se ao medo dos Sarney em ter a PF em suas propriedades (referia-se ao caso Lunus, onde a PF encontrou R$ 1,4 milhão em notas de R$50,00 no escritório de Jorge Murad)...

"Desde o início do ano legislativo, é um desgaste atrás do outro no Senado. O presidente, senador José Sarney, alega ser função normal de a Polícia Legislativa cuidar dos imóveis da família dele no Maranhão. Seria função normal da Polícia Federal. Mas como na última vez que a Polícia Federal entrou em imóvel da família deu problema, o presidente Sarney não confia. Preferiu enviar a segurança do senado para evitar a explosão", comenta Alezandre Garcia. Veja a crítica no link: http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1041209-16020,00-ALEXANDRE+GARCIA+UM+DESGASTE+ATRAS+DO+OUTRO+NO+SENADO.html

Abaixo, a matéria no JP (http://www.jornalpequeno.com.br/2009/3/12/Pagina101218.htm):

Preocupado com a hipótese de que a cassação do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), desencadeasse uma revolta que pusesse em risco os bens da família em São Luís, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ordenou que quatro servidores da área de segurança da Casa reforçassem a defesa dos imóveis do clã na cidade. Por determinação de Sarney, os policiais “mapearam” as hostilidades por quatro dias. A viagem, tida como “missão oficial”, ocorreu antes de Agaciel Maia deixar a diretoria-geral da Casa.

Os policiais chegaram a São Luís no dia 9 de fevereiro, véspera da data marcada para o julgamento de Lago, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O governador foi cassado pela corte apenas na quarta-feira da semana passada, quando o TSE também determinou a posse da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), segunda colocada no pleito de 2006.

Apesar disso, Lago ainda recorre no cargo.

Dois dos policiais - Cláudio Hilário e João Percy do Carmo Pereira - integram a “equipe aproximada” do presidente do Senado, como são chamados os agentes encarregados de sua segurança. Os outros dois, Paulo Cézar Ferreira de Oliveira e Jacson Bittencourt, são considerados homens da confiança do diretor da polícia da Casa, Pedro Araujo Carvalho.
O primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), disse que não sabia da viagem, que só em diárias custou cerca de R$ 4 mil ao Senado. “Eu teria de ficar sabendo, vou ver o que é que houve”, disse.

De acordo com Pedro Carvalho, a missão dos servidores do Senado era defender a casa de Sarney, na Ilha do Calhau, de invasões. “O presidente nos pediu para fazer uma varredura na casa dele e dar apoio à segurança local porque tinha a notícia de que iam incendiar sua residência”, afirmou. Aassessoria de Sarney confirmou ontem o teor da missão.

Carvalho citou, entre os prováveis invasores, integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST). “A situação grave e delicada era justamente no julgamento do TSE”, justificou o diretor.Ele disse que pela Resolução 59/2002, que transformou a segurança do Senado em Polícia Legislativa, cabe ao presidente da Casa autorizar a viagem dos policiais.

A “ordem da missão”, que trata da viagem ao Maranhão, não cita seu objetivo. Limita-se apenas a confirmar a autorização para o deslocamento dos servidores. (O Estado de São Paulo)

O indiferente...

Tá na coluna "Bastidores" do Jornal O Progresso de hoje, em Imperatriz:

"Fora
Perguntado se iria ontem para a manifestação pró-Jackson, um comunista de Imperatriz fez um gesto deixando claro que estava fora. O PCdoB tem demonstrado ultimamente uma certa frieza em relação ao governo do PDT. Pelo jeito, pode pegar outro rumo nas eleições de 2010."

Balaiada reúne 400 mulheres em São Luís

O acampamento Balaiada presenciou ontem quinta (12/3) uma grande plenária dos movimentos das mulheres. Cerca de 400 delas reuniram-se à noite para planejar como podem mobilizar-se pela defesa da Democracia no Maranhão.

A plenária heterogêna mostra que o ponto de unidade está sacramentado: a defesa do voto de cada maranhense. A reunião foi organizada por militantes filiadas a partidos como o PDT, PT, PSDB, PCB, PSB e organizações de mulheres do movimento social (MST, moradia, movimento comunitário, estudantil) etc, além de mulheres sem qualquer filiação partidária.

"O caráter suprapartidário e de convocação ampla possibilitou que reunissimos tantas mulheres aqui", comemorou Jô do PDT, uma das organizadoras da plenária.

Na plenária estiveram lideranças das mulheres como Mary Ferreira (PT), professora da UFMA e pesquisadora da participação das mulheres, a vice-prefeita de São Luís Helena Duailibi (PSB), Gardênia Castelo (PSDB), Conceição Marques (PSB), Teresa Plueger e Sandra Torres (PDT), Creuzamar de Pinho (movimento de moradia), Inez Pinheiro e Zaira Sabry (MST), Iguaracira Sampaio (movimento cultural), dentre outras.

Visita a bairros com reuniões de diálogo e mobilização com as mulheres, organização da passeata das mulheres para o dia 31 de março, panfletagem nas feiras da cidade, distribuição do "Manifesto às Mulheres do Maranhão", nova agenda de reuniões foram alguns dos encaminhamentos da plenária das mulheres.

Ao final, cada participante recebeu um fita vermelha. A fita será usada no braço para simbolizar que as mulheres manhenses estão em alerta na defesa da democracia e do voto popular.

Também receberam uma rosa vermelha, onde cada um levantou e cantou, junto com César Teixeira, a música "Oração Latina":

"SOMENTE A ROSA E O PUNHAL
SOMENTE O PUNHAL E A ROSA
PODERÃO FAZER A LUZ DO SOL BRILHAR

E DIGA SIM
A QUEM NOS QUER ACOLHER
MAS SE FOR PRA NOS PRENDER
DIGA NÃO

ÊÊÊÊÊ Ê AH,
COM AS BANDEIRAS NA RUA
NINGUÉM PODE NOS CALAR!

Cordéis e canções pelo Ecos

Deila Maia, com seu Poesia de Quinta de ontem, parece ter inspirado a veia artística dos internautas leitores do Ecos das Lutas.

Dois deles deixaram suas mensagens no blogue, em comentários: uma canção e um cordel. Socializamos a leitura com todos aqui, em destaque:



REBU NO COLUNÃO DO SARNÊ

Ma'que tanto fuzuê,
lá na casa de Dadá.
Sem vinho bom, sem patê,
W R tá que tá!

"- Adalgisa tu não vê?
Aqui mandam o Murad,
Fefé e o Aziz Baculê.
Prá eu e tu sempre mamar"

***

Solo Le Pido a Dios
Letra: Joan Baez
Interprete:Mercedes Sosa

Eu Só Peço A Deus (bis)

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um Monstro grande, pisa forte
Toda forma de inocência desta gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo.
Que este povo não esqueça facilmente.

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me indiferente
Sem que ter que fugir desenganado
Pra viver uma cultura diferente.

Balaiada por todo o Estado: Multidão diz NÃO ao golpe em Imperatriz

O jornal O Progresso, de Imperatriz, destaca em manchete de capa: CINCO MIL PESSOAS PARTICIPAM DE MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DE JACKSON.

E reporta (http://www.oprogresso-ma.com.br/progresso1.html):

"Um público estimado em cinco mil pessoas, segundo a Polícia, participou de um ato público no final da tarde dessa quinta-feira (12) em defesa do mandato do governador Jackson Lago, em Imperatriz. Lago esteve presente no movimento numa caminhada ao lado do vice Pastor Porto, prefeitos, vices, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, vereadores, lideranças partidárias, lideranças estudantis e comunitárias e de movimentos sociais como MST, Centru e quebradeiras de coco.

A caminhada em defesa do mandato de Jackson uniu em um só cordão lideranças políticas de ideologias diametralmente opostos, mas que estão juntas ao lado do governador. É o caso do prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), e do ex-prefeito Jomar Fernandes (PT), adversários na última eleição.

"Não via tanta gente nesta praça desde um comício realizado, anos atrás, pelo presidente Lula", observou o ex-prefeito Jomar Fernandes.

O prefeito Madeira assinalou, ao fazer uso da palavra, que aquela manifestação era apenas uma pequena mostra do respeito, do carinho e do amor que o povo de Imperatriz e região tem para com o governador.

Para Madeira, o povo do Maranhão "não pode aceitar essa injustiça que estão fazendo com o governador que mais olhou para essa região", referindo-se à cassação de Jackson pelo Tribunal Superior Eleitoral. "Imperatriz precisa, e está com o senhor, governador", concluiu o prefeito de Imperatriz.

A forma como Jackson foi recebido em Imperatriz não foi diferente das outras vezes em que esteve na cidade. Por onde passou foi saudado efusivamente por crianças, jovens e adultos que se postavam nas calçadas e para ele acenavam positivamente.

"Estamos com o senhor, governador", gritou uma dona de casa na esquina da Dorgival Pinheiro com Rio Grande do Norte.

A caminhada começou na Praça Brasil e terminou na Praça de Fátima, onde o governador falou, para a multidão, sobre a manifestação, o trabalho que vem fazendo para melhorar os indicadores do Maranhão, sobre as obras que já começou a inaugurar, sobre o momento pelo qual passa o estado e a respeito dos convênios que vai assinar com o prefeito Madeira para o asfaltamento de ruas, um hospital, que será - segundo ele - o maior do estado; 500 casas e a construção do Mercado do Peixe.

Reflexão - Ao final de sua fala, visivelmente emocionado, o governador agradeceu aos manifestantes ao mesmo tempo em que convidou todos a refletir sobre "o que temos que fazer se a Justiça vier a desrespeitar a vontade do povo. Não podemos deixar a população perder a esperança", concluiu.

O que disseram:
Valdinar Barros, deputado estadual
"Precisamos dizer para o Brasil que o nosso voto precisa ser respeitado"

Vete Botelho, prefeita de Itinga e presidente da Associação dos Municípios
"Nosso povo vai resistir a essa decisão violenta e arrogante"

Manoel da Conceição, líder camponês
"O que está em jogo é o nosso voto"

Gilvânia Ferreira (MST)
"Nosso voto é a nossa lei"

Ribamar Alves, deputado federal
"Essa decisão foi um ultraje à democracia"

Domingos Dutra, deputado federal
"Como pode quatro pessoas cassar o voto de mais de dois milhões de pessoas"

Carlos Brandão, deputado federal
"Não se sinta derrotado, governador"

Prefeito Madeira
"Essa é apenas uma pequena mostra do amor que essa região tem para com o senhor, governador"

Jackson Lago
"É preciso refletir sobre o que temos que fazer se eles desrespeitarem a vontade do povo". "


A edição de hoje do Jornal Pequeno também mancheta: ATO PÚBLICO GIGANTE REPUDIA CASSAÇÃO DO MANDATO DE JACKSON.


E registra o JP (http://www.jornalpequeno.com.br/2009/3/13/Pagina101248.htm):

"Diversas lideranças políticas e dirigentes de movimentos sociais de toda a região tocantina participaram, ontem à noite, em Imperatriz, de um gigantesco ato de repúdio contra a cassação do mandato do governador Jackson Lago (PDT). A manifestação, que reuniu um público estimado em cerca de 15 mil pessoas, foi iniciada no começo da tarde, com uma caminhada da Praça Brasil até a Praça de Fátima.

Acompanhado do vice-governador, Pastor Luiz Carlos Porto, e de um grande número de prefeitos, deputados e sindicalistas, o governador Jackson Lago fez um contundente pronunciamento, em defesa do voto e da democracia.

“É o apoio do nosso povo, que nos dá força, para continuarmos firmes, nesta luta, contra as artimanhas dos poderosos, inconformados com o resultado das urnas”, discursou Jackson Lago.

Em meio aos aplausos da multidão, o governador lembrou que, em razão de já ter recebido o titulo de Cidadão Imperatrizense, o apoio do povo de Imperatriz tem um valor simbólico muito grande. “Sou também um cidadão desta terra, e isto me enche de orgulho, mas também me impõe imensas responsabilidades”, frisou.

O governador salientou que sempre pautou sua vida pública pela retidão e que nunca usou a política para enriquecer ou para construir império de comunicação.

“O povo que me elegeu foi para assegurar o progresso da nossa terra, o que já é visível em inúmeras obras e serviços que estamos em realizando em todo o nosso Estado. Portanto, contem comigo; eu conto com vocês”, ressaltou.

O prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), destacou em seu discurso que há na população um sentimento de indignação e revolta, e uma ânsia de que seja respeitada a vontade popular manifestada nas urnas de 2006.

Mais de 20 prefeitos das regiões Sul e Sudoeste do Estado participaram do ato público, entre os quais a prefeita de Itinga, Vete Botelho, presidente da Associação dos Municípios da Região Tocantina. A manifestação contou ainda com a presença dos deputados federais Julião Amin, Carlos Brandão, Domingos Dutra, Cleber Verde e Ribamar Alves.

Em seu discurso, Dutra foi enfático ao dizer que o senador José Sarney não irá mais uma vez humilhar o povo Maranhão, como fez com o PT no Senado Federal com a candidatura de Tião Viana e de Ideli Salvatti, esta última para dar lugar ao ex-presidente Fernando Collor. Dutra conclamou a multidão a continuar resistindo contra a tentativa de golpe engendrada pelo grupo Sarney. O deputado Valdinar Barros (PT) discursou também, dizendo que o governador Jackson Lago foi injustiçado ao ter seu mandato cassado pelos ministros do TSE.

Segundo Valdinar, será a maior vergonha para o povo maranhense ver a senadora Roseana Sarney (PMDB) assumir o governo do Estado desta forma. “Tenho certeza que até seus aliados políticos se sentirão envergonhados com essa forma de chegar ao poder”, afirmou. Para o deputado, o Maranhão inteiro está de luto pela decisão do TSE."

Diante de tanto povo nas ruas, o jornal da oligarquia - O Estado do Maranhão (de hoje) - fica tonto, acusa o golpe e desdenha:

"ATO FRACASSADO - (...) O ato realizado na praça de Fátima não reuniu mais de mil pessoas (...)"

Para a oligarquia ter reagido tão desesperadamente é porque doeu e incomodou muito o povo nas ruas de Imperatriz... é o que eles mais temem: POVO NAS RUAS EXIGINDO SEUS DIREITOS!

Vai morrer de coração a oligarquia, porque estamos apenas começando...

Abaixo, a foto do jornal O Imparcial de hoje deixa claro se havia ou não multidão em Imperatriz. Destaca o períodico:


"IMPERATRIZ: 15 MIL VÃO ÀS RUAS EM FAVOR DE JACKSON LAGO. Lideranças políticas e dirigentes de movimentos sociais participaram de ato de repúdio à cassação.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Poesia de Quinta

POESIA DE QUINTA - Número 23
Por Deila Maia


Sei que, em geral, o Projeto Poesia de Quinta é bem leve, um pequeno oásis poético semanal em meio a tantas atribulações da vida quotidiana. Este aqui é um pouco diferente, pois trata de um tema bem sério e atual, só que através de uma forma de poesia divertida, irreverente e popular, que é a poesia de cordel.

Sou uma grande apreciadora do cordel, com sua verborragia espontânea e simples, que derrama sobre nós versos como se fossem as lavas de um vulcão. Sua origem remota é de Portugal, que introduziu o gênero no Brasil, sendo que atualmente é um produto bem típico da região Nordeste (não exclusivo).

É, sem dúvida, uma belíssima forma de representação da cultura popular brasileira, tratando dos temas mais diversos e com esta recente polêmica, os cordelistas não perderam tempo e já elaboraram uma belíssima obra.

O autor desta poesia é MIGUEZIM DA PRINCESA, nome artístico de Miguel Lucena, que é delegado e jornalista, de 43 anos, residente em Brasília.

Espero que gostem, divulguem, reflitam e compartilhem com outras pessoas.

O Poesia de Quinta de hoje vai especialmente dedicado à minha querida amiga e companheira de aventuras KATIUSCIA DA COSTA PINHEIRO (mais conhecida como a Rainha Kat, para os íntimos) que foi classificada em primeiro lugar no I Prêmio Ieda Batista, um concurso de artigos científicos acerca das questões de gênero, abordando a intersexualidade. Parabéns!!!!! Você merece mais esta conquista.


A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
Miguezim de Princesa

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Programação Balaiada: caminhada em Imperatriz, reunião das mulheres em São Luís... estamos apenas começando!

Reiniciado ontem o acampamento Balaiada, em frente ao Palácio dos Leões. Lá, uma grande tenda e uma rádio livre ficarão instalados permanentemente. Será um dos pontos de referência da mobilização popular pela Democracia no Maranhão.

Uma plenária popular, novamente reunindo cerca de 200 militantes, socializou as atividades em andamento. O coletivo da juventude também fez uma reunião na noite de ontem. Diversas ações estão sendo planejadas. O manifesto "Meu voto é minha lei. Nunca mais Sarney!" foi apresentado e distribuído a vários grupos de panfletagem pela cidade.

Hoje (quarta-feira-11/3), a partir das 18h, haverá a projeção do filme "Brizola: uma história de luta", sob organização do PDT.

Especificamente nesta quinta-feira (12/3) haverá duas frentes de mobilização:

- em Imperatriz, acontece uma grande caminhada pela democracia no Maranhão, com lideranças políticas locais, deputados, prefeitos e de movimentos sociais da região. A atividade contará com a presença do governador Jackson Lago;

- em São Luís, haverá a plenária das mulheres, a partir das 18h, na tenda Balaiada.

O clima de mobilização fervilha. Agora ou vence o Maranhão ou vence o coronel. Ou prevalece a Democracia ou perdura a oligarquia. É hora de ter lado, de tomar partido e posição.

Abaixo, um texto de Antonio Gramsci aos que se encontram indiferentes:

OS INDIFERENTES
Antonio Gramsci - 11 de Fevereiro de 1917

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel, acredito que "viver significa tomar partido".

Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e, às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos.

O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.

A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis.

Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes.

Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos
e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e, sobretudo, do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas.

Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos.

Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

Maranhão: mulheres queimam toras de eucalipto da Vale do Rio Doce




Ecos repercute a ação das mulheres da Via Campesina que, nesta semana de luta pelo dia internacional da mulher, realizam atividades em todo o País de denúncia da exploração no campo, agronegócio e agressão ao meio-ambiente.

No Maranhão, a Via Campesina deixou sua marca em Açailândia. Abaixo:



Em uma ação política de protesto, as Mulheres da Via Campesina queimaram nesta segunda-feira (9/3) uma produção de toras de eucalipto na fazenda da Vale, em Açailândia, no Maranhão.

A ação que faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas. As mulheres protestam contra o avanço da monocultura de eucalipto na região, praticada pelas empresas transnacionais que estão instaladas no campo brasileiro. O eucalipto plantado na área da Vale é destinado exclusivamente para abastecer uma carvoaria, grande responsável pela poluição do ar da região e pela agressão à saúde dos habitantes dos arredores. A mesma carvoaria foi motivo de outro protesto ocorrido em março de 2008.

A carvoaria industrial está instalada a uma distância de 800 metros do Assentamento Califórnia, fruto de uma ocupação em 1996. Os mais de 1,8 mil moradores do assentamento sofrem diariamente com a queima de carvão pelos 70 fornos industriais da Vale e vem causando doenças respiratórias, dores de cabeça, irritação nos olhos e sinusites. Com isso, tornou-se comum assentados sofrerem paradas respiratórias e até inicio de derrames.

No ano passado, a empresa havia prometido instalar filtros nas chaminés das carvoarias e intercalar o processo de queima do eucalipto na carvoaria, porém nada disso foi cumprido.

O avanço do chamado deserto verde na região amazônica teve início dos anos 80. Empresas chegam na região e se apropriam das melhores terras para a produção de celulose, que nos últimos dez anos tem sido destinada à produção de carvão. No Maranhão, são mais de 10 municípios atingidos pela monocultura agressiva e danosa do eucalipto.

O ato ainda reivindica a viabilização de políticas públicas que garantam a soberania alimentar e energética da população brasileira em vez do financiamento dos grandes projetos do capital internacional que destroem os recursos naturais e não geram empregos.

A Vale tem mais 200 mil hectares de terras na região e destinará esta propriedade, conhecida como Fazenda Monte Líbano, para a empresa Suzano Papel e Celulose, que se instalará na região recebendo outros 35 mil hectares de eucalipto da Vale.

(Fonte: MST - www.mst.org.br)

terça-feira, 10 de março de 2009

O rei dos tribunais

José Reinaldo

O grupo Sarney dizia abertamente que o governador Jackson Lago seria cassado por sete a zero, tal a força e irreversibilidade das provas que não podiam ser contestadas. Com isso, rapidamente conseguiu que o Procurador Eleitoral do Ministério Público, em absoluto contraste com o tratamento dado a todos os demais processos de mesmo teor sob sua responsabilidade, desse um parecer terrível, apocalíptico, assegurando que Jackson infligira todas as regras eleitorais e assim merecia ser sumariamente cassado.

Esse parecer causou grande revolta ao ex-ministro Francisco Resek, um dos fundadores da instituição, que ficou atônito com o trabalho do procurador, que aceitou tudo o que os advogados do PMDB disseram, sem ao menos duvidar de nada, e sem levar em consideração nenhum argumento da defesa de Jackson. Ao final, o parecer, em sua íntegra, mereceu apoio apenas de dois ministros. Os outros mal aceitaram uma alegação, que era diferente a cada voto. Precisa demonstração maior da fraqueza de conteúdo desse documento?

O relator, ministro Eros Grau, acatou tudo que o representante do Ministério Público escreveu e aceitou cinco dos onze episódios denunciados. A retórica contida em seu voto era muito contundente, tentando tirar do governador qualquer chance de defesa.

Quando o processo foi julgado, o governador Jackson Lago perdeu por 4 a 3, contrariando Sarney, que tentava escandalizar na mídia as eleições do Maranhão, com o intuito de passar a impressão de que a eleição fora tomada pela força do dinheiro público.

O voto do ministro Lewandoski foi arrasador, pois este acabara de assistir ao vídeo de Codó e ao de Pinheiro, exatamente os que acabaram embasando o voto dos quatro ministros. Vídeo este que o relator Eros Grau havia levado para provar definitivamente que a eleição no Maranhão fora um escândalo de grandes proporções. Contudo, Lewandoski, ao votar, afirmou que ali não havia nada de mais e que era o que normalmente se via em campanhas políticas em qualquer lugar, rejeitando os episódios Codó e Pinheiro, só aceitando o episódio Imperatriz.

Esse paradigma - o episódio Codó e Pinheiro - sobre o qual se assentou a cassação do governador do Maranhão é tão "sem pé nem cabeça" que, se aceito, a ministra Dilma, "a mãe do PAC", teoricamente não poderá ser candidata a presidente, já que Lula está assinando convênios, pedindo votos e prometendo casas a custo zero em praça pública ao apresentar sua candidata. Já está impugnada, se for aplicado o mesmo paradigma!

Nesse entendimento, piores foram os ministros Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiane, que não encontraram nada no processo que pudesse cassar o governador...

Jackson Lago foi cassado por 4 votos entre 7. Como cassar um governador em tal estado de dúvidas? Como quatro ministros substituem o voto de milhões que votaram nele? Como cassar um governador por meio de um processo que não transitou no estado, foi direto para o TSE sem manifestação do Ministério Público local? Como cassar um governador depois de diplomado com fatos que alegadamente teriam acontecido na campanha durante a qual não foram denunciados?
Está tudo errado na legislação eleitoral. Ela não faz justiça ao favorecer apenas quem ficou em segundo lugar e que procura desesperadamente cassar o primeiro. Este, por sua vez, preocupando-se em governar, é presa fácil de muitos advogados e políticos sem escrúpulos que montam processos como esse.

Jamais o segundo colocado poderia propor ações de cassação de mandatos eletivos. Primeiro porque nada tem a perder, o que é um incentivo a se aventurar. Só o Ministério Público poderia ter essa prerrogativa. Ou então essa legitimidade deveria se dar apenas durante a campanha, quando todos teriam esse direito.

No caso específico do Maranhão, Roseana Sarney também está impugnada. A diferença é que o processo em que ela figura como 'ré' não anda. Goza de proteção em várias instâncias da justiça. Nesse caso, ela própria se incrimina, ao colocar na sua prestação de contas as provas do delito cuja pena é a cassação. Financiou coligação diferente da sua com dinheiro e a pena para esse delito é a cassação da candidatura. Esse caso é visto como compra de apoio político e de votos. E agora? O Ministério Público local deu parecer pela cassação. O Tribunal, com parentes fazendo parte, foi contra. E quando o TSE vai se mexer? Vai ser um vexame! E agora, como fazer com as revelações contidas na "Operação Boi Barrica" sobre financiamento ilegal de sua campanha e em fase de investigação pela COAF e Polícia Federal? Ela certamente vai ser impugnada, assim que for diplomada, se for.

Pois é. Para completar o quadro, o TSE mandou a segunda colocada, Roseana Sarney, assumir o governo. Como isso se deu, já que a Constituição Brasileira, tal qual a Constituição de todos os estados, inclusive a do Maranhão, manda expressamente que em caso de "vacância" se faça nova eleição, sendo o pleito direto, se esta ocorrer nos primeiros dois anos de mandato e indireto, nos dois últimos?

Acontece que o TSE, ao arrepio da Constituição, está decidindo empossar o segundo em uns casos, e manda fazer eleição em outros. A Egrégia corte decidiu que cassação de mandatos não é "vacância". Mas a Constituição não fala nada que apóie essa interpretação. Essa confusão vai ser dirimida pelo pleno do Supremo, que para isso aguarda, como disse o ministro Lewandoski, relator da matéria, o parecer já solicitado ao Ministério Público Eleitoral, para levar a julgamento.

Para assumir o governo, quem exerce outro mandato deve renunciar àquele que ora exerce, e essa decisão compreende riscos enormes. Roseana Sarney, dessa forma, terá que renunciar seu mandato de senadora para assumir o restante do mandato de Jackson. E aí terá que torcer para que o Supremo Tribunal Federal, que é o Guardião da Constituição, determine que esta seja descumprida, para que ela não perca o mandato novo.

É risco demais até para o Rei dos Tribunais...

Creio que a cirurgia, que consta, terá de fazer, irá também impedir que assuma e, em seu lugar, tomará posse João Alberto, que, sem mandato atualmente, nada tem a perder. Ela deverá ficar no Senado mesmo. É mais seguro.

Se eu estiver errado vai ser fácil saber, pois seria simples a solução: ela assumiria, perdendo assim o mandato de senadora, tiraria licença médica e o vice a substituiria.
Vamos ver!

Artigo de Bembem sobre Valdinar vai para os anais da Assembléia

O artigo do petista Silvio Bembem foi incorporado aos anais da Assembléia Legislativa, por solicitação do deputado Edivaldo Holanda (PTC). Em seu artigo, Silvio ressalta a singularidade do fato de um trabalhador rural como Valdinar Barros, deputado estadual do PT, chegar à mesa diretora da Assembléia Legislativa do Maranhão.

Cabe a Valdinar exercer com força o cargo, e também ficar registrado na história daquela casa. Abaixo, Ecos publica o artigo do secretário de comunicação do PT e secretário adjunto da Igualdade Racial, Silvio Bembem.



UM TRABALHADOR RURAL NA MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO MARANHÃO

Por Sílvio Bembem

Neste início do século XXI, observam-se alguns ineditismos no mundo da política, do esporte e dos negócios. Foi neste século que um trabalhador nordestino, metalúrgico, operário, líder sindical tornou-se o primeiro Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi neste século que um negro foi eleito como o primeiro Presidente da nação mais poderosa do mundo, Barack Hussein Obama Junior. Foi neste século que um negro tornou-se, pela primeira vez, campeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton. Viu-se ainda, o primeiro negro alçar à condição de ministro da mais alta corte do país (STF), Joaquim Barbosa Gomes.

Viu-se, ainda, mulheres ingressando na carreira militar, mulheres nos altos comandos de grandes organizações e, note-se, foi neste século que um trabalhador rural, de forma inédita, passa a ocupar um cargo na mesa diretora da Assembléia Legislativa do Maranhão.

Valdinar Pereira Barros - conhecido como Valdinar Barros - filho de lavradores, nascido em 01/11/1957, na cidade de Igarapé Grande/MA, tem como grau de instrução o antigo ensino médio completo e é trabalhador rural por profissão. Sua trajetória de luta iniciou-se em 1975, ainda muito jovem, aos 18 anos de idade. Valdinar Barros pode ser considerado um intelectual orgânico, segundo conceitua o filósofo e cientista político italiano Antonio Gramsci, para quem "cada grupo social fundamental, com papel decisivo na produção engendra seus próprios intelectuais, ditos ‘orgânicos' a este mesmo grupo social... No caso da classe operária, a luta seria no sentido de afirmar um novo intelectual, não mais afastado do mundo produtivo ou encharcado de retórica abstrata, mas capaz de ser, simultaneamente, especialista e político. Em outras palavras, capaz de exercer uma função dirigente no novo bloco histórico".

Valdinar Barros foi dirigente das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Igreja Católica no Centro Abrão - Imperatriz/MA, cidade que adotou para viver. Aos 24 anos de idade foi eleito para o seu primeiro cargo na direção no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Imperatriz/MA; aos 29 anos foi membro da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MA), no período de 1986 a 1988; em 1987, já com 30 anos de idade, participou da 1ª ocupação de terra da região Tocantina, na companhia de outros trabalhadores (as) e lideranças pela conquista do direito a terra para morar e plantar, na chamada "Fazenda Criminosa", hoje assentamento Itacira I e II "Vila Conceição", na cidade de Imperatriz, onde mora com sua família, mesmo na condição de Deputado Estadual. Em 1988, na companhia de uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil, e um dos primeiros signatários do Manifesto de Fundação do PT, o líder Manoel da Conceição, cria o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU/MA), figurando como seu membro fundador. No ano de 1992, aos 35 anos de idade foi eleito para o seu primeiro mandato legislativo: o de vereador da cidade de Imperatriz/MA, pelo Partido dos Trabalhadores, seu primeiro e único partido, nestes 29 anos de existência no Maranhão, sendo reeleito por três vezes consecutivas, portanto, exercendo por 12 anos o mandato de vereador. De 2001 a abril de 2002 afastou-se do mandato de vereador para exercer o cargo de Secretário Municipal de Agricultura, a convite do então prefeito da época, o ex-deputado Jomar Fernandes (PT). Em 2002, candidata-se pela primeira vez ao cargo de Deputado Estadual, obtendo 11.453 votos, mas não fora eleito, ficando na 1ª suplência. Já em 2006 é candidato novamente a Deputado Estadual pelo PT/MA, sendo eleito com uma votação de 11.290 mil votos, passando a integrar a bancado do PT/MA ao lado da Deputada Helena Barros Heluy. Ao assumir em 2007, é convid ado pelo Governador, Dr. Jackson Lago, para exercer a vice-liderança do Governo na Assembléia. Valdinar Barros, já na condição de vice-líder do Governo, exerceu com determinação e coerência sua função, enfrentando grandes e acalorados debates com a bancada de oposição ao Governo do Estado. Valdinar sempre esteve ao lado dos trabalhadores, de onde nunca se afastou. Sempre esteve à frente do combate à Oligarquia Sarney no Estado chegando a ser vítima de tocaia, levando tiros na luta em defesa da reforma agrária, na cidade de Imperatriz.

Já no final do ano de 2007, no exercício do primeiro ano de seu mandato de Deputado Estadual, Valdinar Pereira Barros é convidado para compor a chapa do candidato à Presidente da Assembléia, Deputado Marcelo Tavares (PSB) na condição de 2.º Secretário da Mesa Diretora, cargo para o qual é eleito, após apurado o processo eleitoral realizado por meio de voto aberto. O referido cargo é o segundo mais importante e estratégico daquela casa legislativa, cargo esse nunca antes ocupado por um trabalhador rural, oriundo das camadas populares do Estado.
Valdinar Barros está deputado sendo o primeiro da bancada do partido a exercer um cargo na mesa diretora, feito nunca antes conseguido por outro deputado (a) eleito (a) pelo PT/MA: Domingos Dutra (1990-1994), Vila Nova (1990-1998) que fora primeiro trabalhador rural do PT/MA eleito deputado estadual, Jomar Fernandes (1999-2000), Domingos Dutra (2003-2006), Helena Barros Heluy (2001-2010). Tal fato não ocorrera antes, não por falta de competência dos eleitos, mas por força da conjuntura, pois sempre compuseram o bloco de oposição e o bloco da minoria. Hoje, para o deputado Valdinar Barros, a conjuntura apresenta-se favorável, em função da vitória da frente de libertação do Maranhão, que conta atualmente com a maioria dos deputados (as) na Assembléia. Mas tal condição não torna menos meritória a sua vitória.

Quem poderia prever que, ao longo de seus 175 anos, a Assembléia Legislativa poderia ter uma das cadeiras de sua mesa diretora, ocupada por um trabalhador rural. Muito ainda há que se ver: uma mulher ocupando o cargo de presidente da mesa, um negro, um índio ou mesmo um trabalhador rural.

Mas fica aqui o ineditismo do Deputado Estadual Valdinar Barros assinalado neste início de século. Sucesso Deputado, no seu novo desafio.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Meu voto é minha lei: nunca mais Sarney. BALAIADA RETOMA MOBILIZAÇÃO

Os movimentos sociais, militantes e personalidades políticas, lideranças partidárias e população retomam hoje o acampamento Balaiada.

O Comitê pela Democracia do Maranhão divulga as primeiras atividades da jornada de lutas e resistência que se avolumará até fim deste mês de março.

O ponto alto será o Ato Nacional GOLPE NUNCA MAIS-pela Democracia, em Defesa do Maranhão, que relembrará os 45 anos do golpe militar de 1964. Deste golpe nasceu a oligarquia Sarney. Até lá muitas ações serão realizadas no sentido de construir um verdadeiro levante popular pela Democracia.

"Vamos lutar pela revisão jurídica no TSE; se não for possível, vamos impedir a diplomação; se for diplomada, vamos impedir a posse; se for empossada, vamos ocupar o Palácio dos Leões e nos colocar em desobediência civil! O que está em jogo é o nosso voto. É a luta de uma geração contra essa famigerada oligarquia Sarney", traça o rumo o ex-deputado federal pelo MDB e fundador do PT, Freitas Diniz.

Acompanhe abaixo a programação da Balaiada dos próximos dias:

09/3 (segunda) às 18h - Reunião da juventude, na praça Nauro Machado;

10/03 (terça) às 17h - Instalação da Tenda da Rádio Balaiada, com lançamento do jornal Balaiada São Luís, em frente ao Palácio dos Leões, no acampamento Balaiada. Haverá também plenária popular a partir das 18h.

SENHOR DO MARANHÃO, REI DO TAPETÃO


A revista Carta Capital desta semana esgotou nas bancas da cidade. Ela aborda a cassação do governador Jackson Lago e, na capa, alerta aos brasileiros e brasileiras: Sarney é o senhor do Maranhão e o rei do tapetão.

Se depender dos maranhenses, diremos que não: desta vez o tapetão não vai valer e a Democracia no Maranhão vai vencer!

Da matéria, Ecos das Lutas extrai a entrevista realizada por Sérgio Lírio, enviado especial a São Luís. Confira.

ENTREVISTA
Sereno e otimista. In extremis

Jackson Lago diz ainda confiar na sua permanência no cargo e nega os crimes apontados pelo Tribunal

Depois de cumprir uma agenda pública de eventos, Jackson Lago recebeu Carta Capital no escritório da residência oficial. Sereno, declarou-se otimista com o desfecho do processo no TSE. "Vou completar o meu mandato", afirmou.

CartaCapital: Como o senhor passou a noite?
Jackson Lago:
Na realidade, assistimos a um julgamento sem uniformidade, muito heterogêneo. Segundo os advogados, isso permite a retomada da batalha jurídica, com amplas possibilidades.

CC: O senhor está otimista?
JL:
Sim. Não há nenhuma convicção firmada pelo conjunto do Tribunal. O que tornou possível a decisão deles? Fui a um ato público de aniversário da cidade de Codó no dia 16 de abril. Ela completava 110 anos, cujo prefeito é meu companheiro de partido e me convidou. Abril foi muito antes das convenções partidárias. Não havia nenhuma evidência de candidatura. Qual é o crime eleitoral, portanto?

CC: Mas o Ministério Público Eleitoral viu claras provas de crime.
JL:
Não tem fundamento, não se sustenta.

CC: Na madrugada, ao fim do julgamento, o senhor disse que é preciso defender posições, inclusive com o risco da própria vida. Até onde o senhor vai para defender o seu mandato?
JL:
Temos de fazer tudo que acreditamos. E eu acredito, primeiro, na Justiça. E no processo democrático. É preciso procurar, por meio da Justiça, consolidar o processo democrático. Se isso for impossível, coisa que não creio, pois entendo que é perfeitamente possível, é necessário ver o que pretende fazer a população que está sendo usurpada. Foi por isso que disse: se esta população quiser fazer valer os seus direitos, pode contar comigo.

CC: Há quanto tempo o senhor está na política?
JL
: Estou na política desde a época de estudante, do início da minha vida acadêmica no Rio de Janeiro...

CC: O senhor imaginou, em algum momento, que enfrentaria uma situação como esta?
JL
: Nunca tive nenhuma ilusão sobre a correlação de forças aqui do estado. Este desnível entre as elites que decidem e as correntes da população que pretendemos representar. Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2002, fui candidato a governador. Tive 42% dos votos. O então candidato da família Sarney, José Reinaldo Tavares, teve 48%. Outros dois tiveram 5% cada um. Ou seja, os meus e os votos dos outros candidatos somavam 52%. Mesmo assim, não teve segundo turno. O Sarney conseguiu um milagre lá em Brasília, no TSE, se não me engano presidido pelo atual ministro da Defesa, Nelson Jobim. Anulou os 5% de um dos partidos. E o que era 48% do Zé Reinaldo virou 50% e um pouquinho.

CC: A que o senhor atribui esses "milagres" da família Sarney?
JL:
Um longo período de convivência com o poder. Civil, militar. Direita, esquerda, o Sarney está sempre lá. A situação do Maranhão é diferente da dos outros estados. Por que em todos os outros estados a alternância de poder é uma rotina e aqui não? Por que ela não é aceita? Em 1984, quando o povo saiu na expectativa das Diretas, foi derrotado pelo Sarney, dentro do Congresso, e pelo general Newton Cruz, nas ruas. Mas o Brasil é o país dos acordos, dos acordões. Qual foi a resultante? As Diretas derrotadas e, nas indiretas, tivemos o doutor Tancredo e o Sarney, presidente do partido da ditadura, candidato a vice. Para completar a obra, o doutor Tancredo morre e o Sarney vira presidente. No fim dos 21 anos do autoritarismo, todos os estados respiraram, encontram espaço. Mas aqui não. Foi o contrário. O homem que parecia cair junto com a estrutura que cedia acabou presidente da República. Foram mais vinte anos de controle. E agora, que houve alternância de poder, forja-se um processo para tentar mostrar que eles é que mandam, quando perdem no voto popular, mas ganham no tapetão.

CC: Se o TSE confirmar a cassação, o senhor pretende continuar na vida política?
JL:
Na maior parte da minha vida, não tive mandato. Tenho projetos, objetivos, aos quais me dedico.

CC: Mas o senhor voltaria a se candidatar?
JL:
Olha, se a população quiser e eu tiver saúde. Tenho consciência da minha responsabilidade social. Sou um soldado. Mas não tenho dúvida: completarei o meu mandato.

CC: Qual a maior dificuldade que o senhor enfrenta no governo?
JL:
Há carências históricas fantásticas. Para se ter uma ideia, em oito anos, a Roseana construiu três escolas. Três. Com dois anos de governo, entreguei 160. Isso é uma gota d'água nas necessidades. Temos de fazer várias dezenas de escola. A Polícia Civil tem um efetivo de 1,5 mil funcionários. Vamos dar posse a 509. É um terço a mais da força. Mas não é nada. Tudo que se está fazendo em termos de oferta de serviços, principalmente na área de educação, é uma gota. Houve intencionalidade, ao longo de décadas, de manter as pessoas desinformadas para mais facilmente dominá-las. Então, tudo é difícil, apesar de também estarmos vivendo momentos muito importantes e alvissareiros no estado.

CC: O senhor se ressente pela aliança do presidente Lula com Sarney?
JL:
Não. Tenho boa relação com o governo dele, com quase todos os ministros, com exceção de um, o de Transportes. Este não deixa que aconteça nada noMaranhão.

CC: E a relação com Lula?
JL:
É muito boa. Agora é claro que há as alianças...

CC: O senhor já cobrou dele o fato de nunca ter visitado São Luís?
JL:
Não, seria uma indelicadeza. Temos de compreender que ele precisa ter relações políticas. Se olharmos, o Senado é um poder de relativo equilíbrio. São 81 senadores e há um político que controla cerca de 10% desse poder... Então é preciso compreender essas relações. O lamentável é que se utilizem desse peso para tirar proveito. É lamentável a pobreza política do Brasil contemporâneo. Tem de acontecer alguma coisa para dar um choque nisso. Estamos em um processo de muita degradação, de muito desrespeito aos valores éticos.

'Não pergunte pelo tempo, pois o tempo é agora'

Por Haroldo Saboia

Entre os vários comentários que recebi a propósito do artigo "Aziz tem que sair para que Jackson e o povo possam ficar" destaco, pela importância política, aqueles que discutem sua oportunidade.

Recuso a tese da inexorabilidade do afastamento do governador por acreditar na possibilidade real de reversão do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral.

Vale lembrar que das 11 acusações constantes da Ação Contra a Expedição de Diploma: seis foram afastadas pelo próprio relator; três rejeitadas por ampla maioria (os casos de Grajaú, São Luis e Imperatriz); apenas duas (suposto abuso de poder em Codó e Pinheiro) foram acolhidas por quatro votos contra três.

Votaram favoravelmente a estas acusações, seguindo o relator Eros Grau, os Ministros Félix Fisher e Fernando Gonçalves. E contra, os ministros Ricardo Levandowsky, Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani. Configurado o impasse, 3 x 3, o presidente Ayres Brito, visivelmente atônito, profere o voto-desempate com embasamento extremamente confuso.

A capa da revista Carta Capital desta semana com enorme foto de Sarney e o título "SENHOR DO MARANHÃO, REI DO TAPETÃO, confirma que o velho coronel está fragilizado pelas circunstâncias vergonhosas em que foi eleito presidente do Senado e, ainda mais, pelo processo que transformou o seu filho Fernando em cidadão sob suspeita, em liberdade graças ao expediente de um salvo conduto.

Roseana e seus aliados proclamavam que ganhariam no TSE por 7 x 0. Embora muitos dos áulicos escribas do sistema mirante e satélites, entre estes alguns provisionados, insistam que o resultado foi de 5 x 2, na realidade foi de 4 x 3.

O julgamento dos prováveis recursos (denominados embargos) será o momento apropriado para aprofundar a discussão acerca da pertinência ou não da tese vencedora. As viagens do Presidente Lula - em campanha aberta pela candidatura da ministra Dilma - só fazem escandalizar o equívoco da decisão do TSE.

Argumentam que na ocasião o ex-governador José Reinaldo assinou convênio com a Prefeitura municipal em praça pública o que caracterizaria abuso de poder político. Pois bem, na sexta no Espírito Santo ao inaugurar escolas técnicas federais, o presidente Lula, ao lado da ministra Dilma, defendeu com todas as letras a "eleição de uma mulher presidenta, pois as mulheres representam 52% da população brasileira". Estes episódios com certeza influenciarão os ministros do TSE.

Por outro lado, a grande imprensa tem denunciado que o processo contra Jackson Lago e seis outros governadores, no seu conjunto, fortalecem sobremaneira o PMDB na mesa de negociações da sucessão de Lula, enfraquecendo o PT e seus aliados históricos, em especial o PSB.

Lutamos contra o tempo, é verdade. Mas podemos vencer. E venceremos! Mas não seremos vitoriosos nos tribunais se não ganharmos a batalha da opinião pública. Reverter o quadro de apatia da classe média, dos pequenos e médios empresários e comerciantes, dos estudantes, dos intelectuais, dos funcionários públicos - professores e policiais, especialmente. E é esta batalha que exige - como primeiro passo, repito - o afastamento do Secretario de Planejamento, Aziz Santos. Sua permanência no governo, por si só, já é suficiente para quebrar, estiolar, o ânimo de resistência e o espírito de combatividade, tão necessários.

Queiram ou não os seus próximos, Aziz simboliza os equívocos e erros cometidos em relação a essas categorias e ao conjunto da sociedade.

Queiram ou não os intimidados, Aziz representa o que há de mais conservador em um governo que tem por destinação histórica a transformação democrática da sociedade e do Estado, jogando no lixo os métodos e os valores da oligarquia derrotada em 2006.

Queiram ou não os ingênuos - e isto é público e notório - Aziz é preservado, poupado, sistematicamente pela imprensa e pelos blogues dos sarneys e dos murads. A mesma imprensa e os mesmos espaços que atacam furiosamente, dia e noite, o governador Jackson. E se, eventualmente, o criticam, o fazem com luvas de pelica, como se mera encenação fosse.

Temos que ousar. A decisão do TSE, passível de reforma, questionada pela imprensa nacional, não pode em absoluto paralisar a administração pública maranhense. O governo tem que prosseguir como se fosse o primeiro dia de mandato, com autoridade e pulso.

Fazer hoje o que por impossibilidade ou incapacidade não fizemos ontem. Lembremos dos versos de Renato Teixeira, cantados por Xangai:

"Não pergunte pelo tempo, pois o tempo é agora, o futuro na luz da manhã não demora"

O tempo de lutar é agora.

O futuro na luz da manhã só está a esperar a saída do governo de Sua Excelência, o Secretário de Planejamento.

Que o senhor Aziz Santos - preservando o governador eleito e o cidadão Jackson Lago - em gesto de grandeza tenha a iniciativa de fazê-lo. Sem demora!

MEU VOTO É MINHA LEI. NUNCA MAIS SARNEY! - Fragmentos de uma plenária inspirada


Em clima de grande agitação, um grupo formado por mais de 200 militantes lotou, na última sexta feira (6 de março), o auditório do Sindicato dos Bancários para discutir as alternativas de resistência caso as autoridades brasileiras queiram impor a presença de Roseana Sarney e/ou João Alberto no governo do Maranhão.

Puxada pelo Comitê de Defesa da Democracia, a plenária criticou a posição do TSE e deixou claro que pretende ir às últimas conseqüências na luta em favor da democracia no Maranhão.

"Nenhum passo atrás, Sarney nunca mais!", continuou sendo a palavra de ordem.

O presidente do Sindicato dos Bancários, Raimundo Costa, um dos convidados, disse que se ele "fosse o governador Jackson Lago, também só sairia do Palácio morto". Costa fez este comentário, seguindo a fala de vários outros militantes que comentaram a declaração do governador de que está disposto "a dar a própria vida em nome da causa da liberdade do Maranhão".

O deputado federal Domingos Dutra, o primeiro a falar na plenária, afirmou categoricamente que o grupo Sarney só entra no Palácio "se houver derramamento de sangue". O presidente do PT lembrou a Balaiada, a greve de 51 e a greve de 79. "O povo do Maranhão tem história de luta, nós vamos honrar esta história. Por isso, não vamos nos submeter a esta violência que está sendo tentada contra a vontade popular".

Freitas Diniz, ex-deputado federal e figura que lutou contra a ditadura de 64, disse que o povo do Maranhão deve partir para a desobediência civil. Aplaudido pela plenária, ele afirmou que, "da forma como as coisas foram encaminhadas no TSE, o caso terá que sair do campo jurídico e entrar no campo político. Neste caso, a desobediência civil terá que ser o nosso caminho".

O engenheiro Magno Cruz, um dos fundadores do CCN (Centro de Cultura Negra), lembrou a história de luta dos quilombolas ao lado da Balaiada, falou de Negro Cosme e disse que, neste momento, eles terão que estar mais uma vez mobilizados ao lado desta luta pela democracia.

Mesmo contando com a presença de alguns militantes que estão no governo, o tom da reunião foi todo puxado por representantes da sociedade civil organizada. "Aqui não é uma luta em defesa de um governo. O que nós estamos fazendo é algo que vai muito mais além", disse Serjão, conhecido militante da Pastoral da Juventude, ao reforçar a fala Negro Paulão, representante do movimento Hip Hop.

O cantor e compositor César Teixeira participou de toda a plenária, sendo inclusive chamado para a mesa de abertura. Ele cantou no início e também no fechamento da atividade política. Além da consagrada Oração Latina, César mostrou uma toada que ele fez para o Vale Protestar, movimento anti-Sarney que ele participa ativamente desde 2006. Em sua fala, o poeta também falou da necessidade de resistir. "Eles não vão passar por cima dos nossos mortos" disse.

O Comitê de Defesa da Democracia no Maranhão reuniu na plenária de sexta-feira estudantes e professores universitários, militantes e dirigentes de sindicatos urbanos, do MST, da Fetraf, da Fetaema, do movimento de luta por moradia, do Conselho Regional de Assistência Social, do Movimento Negro, do Hip Hop, Vale Protestar, irmãs da congregação Notre-Dame, Movimento do Software Livre e mais militantes do PT, PDT, PSB e PCB, além de alguns simpatizantes do PSTU e P-Sol.

Na plenária foi apresentada uma agenda de mobilização contra o golpe. A partir dessa semana o grupo começa a sinalizar com mais força para a opinião pública. Confira alguns trechos dos discursos na plenária popular:

Freitas Diniz - 78 anos, ex-deputado federal e fundador do PT, participou ativamente da luta contra a Ditadura Militar
"Vamos lutar pela revisão jurídica no TSE; se não for possível, vamos impedir a diplomação no TRE; se for diplomada, vamos impedir a posse na Assembléia Legislativa; se for empossada, vamos ocupar o Palácio dos Leões e nos colocar em desobediência civil! O que está em jogo é o nosso voto. É a luta de uma geração contra essa famigerada oligarquia Sarney"

Wagner Baldez - 76 anos, militante social histórico
"Nos anos 50, vivi a famosa greve de 51. Vi o povo se levantar contra a fraude eleitoral. Foi de 1965 que escrevi meu primeiro artigo, nele alertava as oposições coligadas: era um equívoco apoiar o José Sarney para o governo do Estado. Ali nasceu essa oligarquia. Vi a rebeldia dos estudantes na greve de 79 vencer e conquistar a meia-passagem. Estive, junto com o nobre deputado Freitaz Diniz, na luta pelas Diretas Já. Vencemos. Haveremos de vencer agora, porque vamos garantir a supremacia do voto popular nas ruas, nas praças e com as bandeiras levantadas!"

Raimundo Costa - presidente do Sindicato dos Bancários
"Se eu fosse o governador Jackson Lago, também só sairia do Palácio morto. É preciso ocupar as praças, mas também os programas de rádio, informar o povo o que está acontecendo"

Magno Cruz - fundador do CCN (Centro de Cultura Negra)

"A história de Negro Cosme e dos quilombolas está registrada na Balaiada. Neste momento, vamos ter que estar mais uma vez mobilizados ao lado desta luta pela democracia."

Anibal Lins - presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Judiciário
"Conhecemos bem, muito bem, por dentro, o que é o poder judiciário. Contem conosco para a luta neste momento histórico. Mas não nos esqueçamos, precisamos mobilizar também a juventude, os professores, os policiais"

César Teixeira - artista, cantor e compositor
"Eles não vão passar por cima dos nossos mortos! Com as bandeiras nas ruas ninguém pode nos calar!"

Negro Paulão - movimento Hip Hop
"Não somos governo. Aqui não é Jackson contra Sarney. Estamos agora é do lado do movimento popular. Vamos lutar pela Democracia, pelo nosso voto. Ninguém comprou meu voto, ninguém vai roubar minha consciência!"