segunda-feira, 24 de setembro de 2012

RENOVAÇÃO CONSERVADORA- Folha exemplifica Edivaldo Holanda Jr como um dos descendentes de famílias tradicionais que disputam 14 capitais

DE PAI PARA FILHO:
Holanda Júnior é exemplo da "renovação" conservadora das famílias tradicionais na política 


PAULO GAMA e LUCAS NEVES - FOLHA DE SÃO PAULO (23/09/2012)

Ao menos 19 filhos ou netos de políticos são candidatos a prefeito de 14 das 26 capitais brasileiras [no infográfico da Folha, Edivaldo Holanda Júnior é exemplo de um deles].

Em cinco dessas cidades, os eleitores têm dois herdeiros entre os quais escolher: em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) - filho do ex-prefeito Maurício Fruet - concorre com Ratinho Junior (PSC), filho do apresentador Carlos Massa, ex-vereador e deputado federal (1991-1995).

Já em Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), cujo pai foi deputado e senador, tem entre seus adversários Jerônimo Maranhão (PMN), filho de um dos fundadores de seu partido. O duelo de descendentes se repete em Recife, Natal e no Rio.

Na capital fluminense, Otávio Leite (PSDB), neto do ex-senador Júlio Leite, é adversário da chapa "puro-sangue" formada por Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito César Maia, e Clarissa Garotinho (PR), herdeira do casal Anthony e Rosinha.

As duas candidaturas, no entanto, estão tecnicamente empatadas em terceiro lugar, com 3% e 4%, e veem Eduardo Paes (PMDB) disparar, com 54% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

Dez dos "candidatos herdeiros" concorrem a prefeituras de capitais nordestinas.

Em Salvador, ACM Neto, da terceira geração do carlismo, é o líder do mais recente levantamento feito pelo Ibope.

Além dos filhos e netos, a lista de candidatos em capitais guarda outros parentescos. Teresa Jucá (PMDB), mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RO), concorre à Prefeitura de Boa Vista.

José Benito Priante (PMDB) disputa a de Belém com o apoio do primo, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA).


CLÃS NA CÂMARA
Na relação dos concorrentes à vereança, tampouco faltam laços de família ilustres. Em São Paulo, ao menos oito parentes de políticos tentam uma vaga. Dois irmãos petistas, Arselino (já vereador) e Jair Tatto, buscam mandatos na Câmara. O clã também inclui Jilmar, deputado federal, e Ênio, estadual.

Em Porto Alegre, Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, disputa pela segunda vez uma vaga de vereador. Não se elegeu da primeira. Sua campanha escancara: "Vote no neto do Jango".

No Rio, Leonel Brizola Neto tenta se reeleger para a Câmara. Da família do ex-governador, há ainda Brizola Neto, atual ministro do Trabalho.

O professor de ciência política da UFRJ Charles Pessanha afirma ser natural que filhos sigam a profissão dos pais, "até porque têm vantagens comparativas".

A "passagem de bastão" ganha contornos perversos, diz ele, quando famílias usam seu capital político para se perpetuar no poder, algo comum aqui por causa da oligarquização que caracteriza a sociedade brasileira.
"Com a modernização da prática política, o aumento da competição entre partidos e o incremento da cultura cívica, a prática tende a diminuir, mas não a desaparecer", afirma ele, que cita os Kennedy e os Bush para lembrar que o expediente não é exclusividade brasileira.
Colaboraram BRUNA BORGES e NATÁLIA PEIXOTO, de São Paulo

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