NOTA DO SETORIAL DE DIREITOS HUMANOS DO PSOL/MA
SOBRE A CRISE DE SEGURANÇA PÚBLICA
E DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO MARANHÃO:
PELA GARANTIA DO DIREITO A
RESSOCIALIZAÇÃO E POR UM FIM AO EXTERMINIO DA JUVENTUDE NEGRA E POBRE
Intervenção Federal no Maranhão já!
Federalização dos crimes que ocorrem nos presídios!
Concurso público para agentes e policiais. Políticas públicas efetivas!
O Setorial de
Direitos Humanos do Partido Socialismo e Liberdade do PSOL/MA vem a público
declarar seu repúdio às graves violações de direitos humanos ocorridas na ilha
de São Luís, em razão da crise de segurança pública e no Complexo Penitenciário
de Pedrinhas.
A crise do
sistema penitenciário brasileiro, no Maranhão, apresenta singularidades
decorrentes da exploração econômica, ambiental e cultural que nosso povo vêm
sofrendo há meio século pela Oligarquia Sarney (PMDB) que, em aliança com o
governo federal nas gestões Lula/Dilma (PT/PMDB), aprofunda o descompasso das
políticas do Estado com as reais necessidades sociais.
Por outro
lado, a falsa oposição, capitaneada por Flávio Dino (PCdoB) e seus parceiros
políticos, tais como Raimundo Cutrim (ex-secretário de Segurança do governo
Roseana Sarney), mostra-se incapaz de
responder à crise social instaurada, pois revela-se reprodutora da mesma
estrutura política coronelista que impera há décadas no Estado.
No que se
refere à segurança pública, é notória a completa ausência de vontade política
em assegurar o mínimo garantido constitucionalmente, principalmente quando se
fala do sistema penitenciário. De janeiro de 2013 a janeiro de 2014, já se
somam 62 mortos dentro do Complexo de Pedrinhas, além das constantes denúncias
de mulheres sendo vítimas de violência sexual dentro da penitenciária.
Nessa linha, o
Maranhão apresenta o mais alto índice de assassinatos de presos, em sua maioria
jovens até 25 anos, negros oriundos de áreas periféricas. Com apenas 1% da
população carcerária do país, responde por aproximadamente 30% de mortes no
sistema prisional brasileiro. Há mais de 3.000 indivíduos presos além da
capacidade das unidades prisionais do Maranhão. Com essa superlotação, fica
praticamente impossível existir um controle satisfatório, tanto social –
causando a provável formação de grupos rivais que disputam o espaço, como
jurídica – com a fraca assistência judiciária gratuita fornecida pelo Estado e
a demora no andamento processual, há inúmeras prisões ilegais de pessoas que já
deveriam estar em liberdade, agravando mais ainda os problemas de lotação
carcerária.
Esta situação,
aliada à insalubridade do ambiente (unidades prisionais sem condições de
habitação, com o acúmulo de lixo, dejetos, baratas, celas sem circulação de ar,
etc.) e de crescimento das disputas internas pelo espaço, dando-se
principalmente com a polarização “presos da capital” versus “presos do interior” (estes mantidos longe de seus
familiares e de sua comunidade), já é de conhecimento claro do governo do
Maranhão há pelo menos uma década, e nada foi feito de concreto e eficaz para
pôr fim a essa crise.
Pelo
contrário: o governo Roseana Sarney (PMDB/PT) finge não ver a formação de
grupos organizados rivais, e se mostra surpreso após a morte sistemática de 62
presos, o incêndio de cinco ônibus e de cinco pessoas, gerando a trágica morte
de Ana Clara, de apenas 6 anos de idade. Enquanto isso, na ilha, a população
fica refém do medo e dos joguetes do governo em culpar exclusivamente as
facções rivais de Pedrinhas pelo caos instalado dentro e fora do presídio.
Entretanto, é
necessário direcionarmos a responsabilidade para o verdadeiro causador dessa
crise: a gestão Roseana Sarney, que não garante o mínimo de dignidade humana
aos presidiários que, ao se verem encurralados de todas as formas por violência
e abandono, resolvem reagir também com violência, causando esse saldo de morte,
perdas, dor, dentro e fora do sistema penitenciário.
É importante
que a sociedade maranhense questione essa situação e exija:
- a
descentralização das unidades prisionais de menor porte;
- a
implantação de um novo método de ressocialização;
- a apuração dos
crimes cometidos dentro das penitenciárias;
- a realização de concurso público para o cargo
de agentes penitenciários e policiais;
- a implosão
imediata da Casa de Detenção (CADET), que começa a ser reformada, ainda
mantendo a mesma estrutura inadequada à habitação humana;
- a ampla
revisão judiciária dos processos criminais e de execução.
Por tudo o que
foi exposto:
APOIAMOS A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO, se for alinhada às reais
necessidades sociais do nosso povo!
APOIAMOS A FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES QUE OCORREM NOS
PRESÍDIOS E A RESPONSABILIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO PELAS INSTÂNCIAS
INTERNACIONAIS, porque tais medidas poderão significar uma resposta à completa
ineficiência do Estado (Governo Roseana e Governo Dilma) em resolver a crise do
sistema prisional maranhense, que insiste em dizimar e encarcerar a juventude
pobre e negra do Maranhão, e em militarizar Pedrinhas e a ilha, quando a
situação pede, há muito tempo, um distensionamento, prevenção, políticas
públicas sociais e dignidade humana.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/MA)
Setorial de
Direitos Humanos
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