domingo, 29 de junho de 2014

"É TEMPO DE MURICI: CADA UM CUIDE DE SI!"



Franklin Douglas (*) 

Encerra no dia 30 de junho, o prazo oficial para realização de convenções eleitorais dos partidos políticos para a escolha de seus candidatos às eleições de outubro.
Tempo de cada um cuidar de seu quintal, de início de traições, pula-pula e troca-troca de apoio a candidato, aliando-se àquele com maior perspectiva de poder.
E no salve-se que puder, três emblemáticos exemplos: Sarney no Amapá, Ricardo Murad em Coroatá e o reitor Natalino Salgado na UFMA.
Começando pelo último, foi estarrecedor à comunidade universitária ver o reitor ceder ao PMDB as instalações da Universidade para a realização da convenção dos partidos em apoio a Lobão Filho.
Logo o reitor que mal acabou de fundar um sindicato estadual de professores e de contribuir para tomar de assalto o DCE/UFMA, sob o argumento de que essas entidades, ao invés de representar os docentes e os estudantes, estariam, vejam bem, sob interesses de partidos!!
Depois de “inaugurar” o Centro de Convenções da UFMA e o Centro Pedagógico Paulo Freire ao lado do Ministro da Educação do Governo Dilma (em 5/5/2014), e o Núcleo de Esportes, ladeado pelo deputado Domingos Dutra (do Partido Solidariedade, que deliberou apoio ao tucano Aécio Neves) e por Flávio Dino - PCdoB (em 3/6/2014), Natalino Salgado iniciou seu “tempo de murici” aproximando-se da oligarquia, cedendo a UFMA (em 27/6/2014) ao grupo que há 50 anos em nada desenvolveu a educação maranhense, o combate ao analfabetismo ou contribuiu para o desenvolvimento científico do estado.
Para cuidar de si, Natalino Salgado fez algo nunca antes visto na história daquela universidade: abriu as portas da UFMA à oligarquia Sarney!
Ricardo Murad é outro que também tratou de cuidar de seus interesses, posto que, qualquer que seja o resultado das eleições de outubro, estará sem poder de fogo no próximo governo.
Via CAEMA, o Governo da família Sarney-Murad liberou nada mais, nada menos, de que R$ 30.000.000,00 (TRINTA MILHÕES DE REAIS) para a esposa de Ricardo Murad – a prefeita de Coroatá, Teresa Murad – “executar melhorias e ampliação do sistema de abastecimento de água da cidade” (Contrato nº 30/2014, de 30/4/2014).
Logo ele que, como bem lembrou Wagner Baldez, em seu artigo “DR. RICARDO MURAD, ASSINE SUA RENÚNCIA!”, prometeu, no dia 29 de dezembro de 2013, que RENUNCIARIA DO CARGO DE SECRETÁRIO DE SAÚDE SE, ATÉ ABRIL DE 2014, NÃO RESOLVESSE O PROBLEMA DE ÁGUA DE SÃO LUÍS (Jornal Pequeno, 29/12/2013 - capa).
Ricardo Murad não só não resolveu o problema de água de São Luís, como não renunciou e ainda mandou para seu feudo político o dinheiro que poderia amenizar a situação da falta d´água na capital maranhense. Pinóquio maior não há!
No seu “tempo de murici”, Murad trata é de eleger a filha deputada estadual. No Maranhão é assim: renova-se sem mudar nada, elegendo-se filhos, filhas, juniores e netos!
Se no “tempo de murici” por aqui é assim, imagina no Amapá. Devolvido pelo povo de lá a seu estado de origem (para tristeza dos maranhenses!), Sarney, mal nas pesquisas, sem apoio no próprio grupo político e abandonado aos leões pelo PT amapaense, anuncia a desistência de uma candidatura ao Senado pelo estado que criou, na Constituinte de 1988, só para isto: manter-se no poder, qualquer que fosse o governo (do PMDB ao PT, passando pelo PSDB).
Sai da política deixando o legado do atraso, do mandonismo, do clientelismo, do patrimonialismo, do nepotismo. Uma herança que viciou tanto a cultura política maranhense que podemos dizer que VAI-SE UM OLIGARCA, FICA A OLIGARQUIA E SEU LAMENTÁVEL JEITO DE FAZER POLÍTICA!
Se no “tempo de murici é cada um cuide de si” - como registrou Euclides da Cunha, em "Os Sertões", a frase com a qual o Coronel Tamarindo justificou o seu abandonou a sua tropa na Guerra de Canudos (1896-1897) -, cuide-se cara (e)leitora, caro (e)leitor, nada de seis por meia dúzia e trate de inaugurar de verdade outro ciclo na política maranhense, pois está aberta a temporada de caça ao seu voto!


(*) Franklin Douglas -  jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 29/6/2014, opinião - p. 03

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