quarta-feira, 17 de junho de 2015

Greve de Fome no INCRA/MA - Até quando o governos federal e estadual vão negligenciar estas vidas? Quantos precisarão morrer para que o povo viva?

NOTA DOS ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL (UFMA)


Nós, estudantes da pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Maranhão, manifestamos nosso apoio às reivindicações de quilombolas, indígenas e camponeses acampados e em greve de fome no INCRA – MA,  ensejando a titulação de suas terras pelo órgão.
Como profissionais e estudantes de História acreditamos ser imprescindível ao historiador envolver-se nas questões de seu tempo e buscar interferir no contexto que o cerca. Estudamos diversas questões societárias nas mais variadas temporalidades, em tempos recuados ou no tempo presente, mas nenhum dos nossos questionamentos partiu do zero, estando todos ancorados em  inquietações do agora.
Dessa forma, nos sensibilizamos com as pessoas que estão lutando pelo direito de viver nas terras que foram de seus pais e avós, que representam territórios de luta e resistência, e que refletem a insistência do povo maranhense em continuar vivo, ainda que lhe seja negado o direito de escolher seus próprios caminhos.
No atual contexto desenvolvimentista maranhense, espaços com lógicas próprias de sociabilidade, modos de vida e expressões culturais como as comunidades quilombolas, povos indígenas e populações tradicionais estão sendo suprimidos para fins alheios às suas realidades, em prol de se implantar um modelo desenvolvimentista que já nasceu velho, defasado e retrógrado, cuja maior expressão é o saque das terras do povo e sua expulsão, provocando uma morte gradual das pessoas deslocadas compulsoriamente de suas terras, sem direito de trabalhar naquilo que aprenderam e sem possibilidade de ver seus filhos viverem em segurança, com um futuro melhor.
Portanto, para nós, a greve de fome de quilombolas, indígenas e camponeses acampados no INCRA apenas demonstra a que ponto o povo maranhense precisa chegar para garantir seus direitos. Não é a pretensa falta de antropólogos e nem de técnicos que não permite que as terras dessas pessoas sejam tituladas. O que falta é o respeito por parte de nossos governantes para com o povo maranhense, que nasce, cresce e morre sem o direito de existir, vivendo uma vida de lutas, dificuldades e sem acesso aos mecanismos de justiça, tendo que ameaçar a si mesmo com a violência que é uma greve de fome.
Então, nós, estudantes do mestrado em História Social da UFMA, manifestamos nosso apoio a esta causa e exigimos, como cidadãos, resoluções imediatas a fim de que as reivindicações do movimento sejam aceitas e não precisemos mais ver pessoas de bem e trabalhadoras tendo que ameaçar à sua própria vida para obter seus direitos.
Até quando o governo federal e o governo estadual vão negligenciar estas vidas? Quantos precisarão morrer para que o povo viva?

São Luís, 17 de junho de 2015

Antônia de Castro Andrade
Claudia Silva Lima
Darlan Rodrigo Sbrana
Francisco das Chagas da Cruz Pereira
Isa Prazeres Pestana
João Otavio Malheiros
Kalil Kaba
Luciano Borges Barros
Marcos Fernandes Lima
Meriam da Silva Barros Saraiva
Tayanná Santos Conceição de Jesus

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