segunda-feira, 15 de junho de 2015

Greve de Fome no INCRA/MA - Coletivo Mandacaru: a lógica do latifúndio, do agronegócio - do capital - não pode prevalecer sob restrição da liberdade de produção de vida de qualquer povo!


NOTA DE APOIO AOS COMPANHEIROS QUILOMBOLAS,INDÍGENAS E CAMPONESES QUE OCUPAM A SEDE DO INCRA - MA


Nós, estudantes organizados no Coletivo Mandacaru, nos solidarizamos profundamente com os companheiros quilombolas, indígenas e camponeses, que ocupam a sede da Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em São Luís, em prol da efetivação de seus direitos territoriais, aos companheiros que radicalizados, possuídos de indignação partiram para a ação direta e estão em greve de fome desde o dia 09 de junho.

Os ocupantes representam mais de 1000 comunidades do estado do Maranhão que são violentados graças à morosidade das ações do poder executivo representados sobretudo pelo INCRA e a Fundação Cultural Palmares, órgãos centrais no processo de certificação e titulação dos territórios em que vivem. 

Mandacaru é nosso nome. E quem são vocês, companheiros, se não mandacaru também? Esta planta teimosa do sertão, que cresce e floresce no meio da aridez – mas como sinal evidente de que a chuva há de vir?
 
Diversas denúncias são feitas constantemente em relação à ameaças de morte e assassinatos de quilombolas, camponeses e indígenas, no entanto o Governo Flávio Dino via Secretaria de Segurança nada faz pela resolução desses ultrajes contra o povo do campo.

Colocamo-nos ao lado da agricultura camponesa, respeitamos a contribuição da sabedoria indígena às nossas vidas em todos os âmbitos, e para que ela se reproduza, a posse da terra é fundamental. Então, que se faça cumprir o artigo 68 do Ato das Disposições transitórias da Constituição Federal de 1988, que reconhece às comunidades quilombolas a propriedade definitiva dos seus territórios, pela criação da Reserva Extrativista Tauá-Mirim e o Decreto Federal 4.887 de 2003, que confere ao INCRA a prerrogativa dos trabalhos de regularização fundiária de terras de quilombos que lhes garante a propriedade definitiva da terra!

Porque compreendemos que a lógica do latifúndio, do agronegócio - do capital - não pode prevalecer sob restrição da liberdade de produção de vida de qualquer povo! Somos aqui todos farinha do mesmo saco, ou melhor, flores do mesmo cacto. Todos aqui anunciamos a chuva, defendemos a liberdade da vida. Compreendemos que a liberdade da vida é a liberdade da terra. Porque é dela que retiram seu sustento diário, é nela que criam seus filhos, produzem cultura e conhecimento.

“Se o campo não planta, a cidade não janta.”
Não estamos ligando para os números, para o lucros das empresas privadas e ao progresso econômico que elas prometem ao nosso estado. Não nos importamos uma gota com este pseudo progresso. Progresso é o que estamos fazendo neste momento: juntando nossas forças, nossas vozes – nos expondo e nos impondo – diante desse estado tão rico mas que tem os piores índices de desenvolvimento humano do país.
Responsabilizamos a Presidenta Dilma Rousseff (PT), governador Flávio Dino (PCdoB) e o superintendente do INCRA - MA Jowberth Frank Alves da Silva que qualquer dano físico ou uma possível fatalidade venha a ocorrer com um de nossos irmãos que estão em greve de fome, essa tragédia vai entrar na conta dos senhores!
"Muitos nunca vão entender porque lutamos por esta causa e talvez alguns não devam ser condenados por isso, pois em alguns casos é preciso viver para entender, para sentir e compreender. E neste caso só os Quilombolas, índios, e as comunidades tradicionais desse país sabem o que é ser vítima de um sistema que planeja seus extermínio".
Com esse trecho do depoimento dramático de Naildo Braga liderança quilombola do município de Santa Helena que encontra-se em greve de fome a exatos 6 dias, nos coletivo estudantil e estudantes que somos, cujo ofício principal é aprender gostaríamos de agradecer aos companheiros pelo grande ensinamento que têm nos prestado nestes últimos dias de como ser gente, de como ter força e persistência. A chuva há de vir...

Viva a Luta dos Quilombolas, Indígenas e Camponeses!
Viva a luta dos trabalhadores do campo!


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