sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O PT e o PCdoB do Maranhão resistirão?

Franklin Douglas (*)

Como todos sabem, a Unidos da Tijuca sagrou-se campeã do carnaval carioca. Dentre as várias belezas de seu desfile na Sapucaí, as mágicas e os truques ilusionistas foram os que mais impressionaram o público e o júri. No último domingo o programa Fantástico colocou as costureiras da Rede Globo a nos revelar quais os truques utilizados pelo “Mister M” da Tijuca, o carnavalesco Paulo Barros. Tão simples, tão ilusório!

No último final de semana também findou o IV Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília. A delegação maranhense favorável à coligação entre PT-PCdoB-PSB acompanhou – e articulou intensamente – o desfile das propostas na Sapucaí petista. De fato, para alívio (temporário?) dos petistas de raiz, não houve decisão do Congresso Nacional pela tese de unir PT-Maranhão ao PMDB sarneyzista. Mas não temos como deixar de comparar os truques ilusionistas da Tijuca com os do Congresso do PT.

O principal, que “enganou” toda mídia nacional: O PT radicaliza programa. José Eduardo (“Mister M) Dutra – novo presidente nacional do partido – tratou logo de demonstrar as facetas da ilusão. O programa (radicalizado) é do PT; o de Dilma será o programa resultante do debate com os outros partidos da coligação... aah, bom!

Nos discursos de Lula e Dilma, tratamos – Augusto Lobato, Marcio Jardim, Silvio Bembem e eu – de contar o placar do jogo da política maranhense.

- “No PT, o mais besta coloca linha, com luvas de boxe, no buraco de uma agulha debaixo d´água. Aqui me chamam de baiano [apelido quando era metalúrgico], e o militante põe o dedo no meu nariz e diz: Lula você está errado!”, acentuou Lula a força da militância petista. Um a zero para nós, marcamos Augusto, Marcio, Bembem e eu;

- “A Dilma não é candidata do vazio. É candidata do maior partido de esquerda do Ocidente. Os [PT´s dos] estados vão decidir seus palanques, mas onde o palanque unificado for essencial para o projeto nacional a Direção Nacional terá que agir”, diminuiu Lula o ímpeto da militância. Empatou, anotou Augusto;

- “Prefiro a crítica, ainda que injusta, do que o silêncio das ditaduras”, demarcou Dilma com a mídia conservadora. Dois a um para nós, observou Márcio um Edison Lobão desconcertado. Ele fora jornalista do regime militar;

- “Meu governo também será de coalizão”, anunciou Dilma. Dois a dois, viu Bembem um Lobão e um Temer aliviados;

- “Vamos acabar com os velhos coronéis (...) mostrar àqueles [o DEM] que diziam que iam acabar com a nossa raça que eles passarão, nós passarinho. Ficaremos com a liberdade de voar!”, caminhou Dilma para encerrar seu pronunciamento. Três a dois para nós, totalizou Bembem... A principal mágica – Lula é Dilma e Dilma é Lula – só as urnas de outubro nos revelarão se funcionará. Aqui, só quem pontua é Lula.

E assim fomos desmontando os truques ilusionistas para termos a convicção de que a aliança PT-PCdoB-PSB só prosperará se: (1) no PT-MA, os petistas fizerem sua parte e vencerem o Congresso Estadual e (2) a direção estadual do PCdoB, ante a pressão de Sarney junto a Lula, convencer sua Direção Nacional que o projeto Maranhão é condição sine qua non para o apoio ao PT e Dilma. Tão simples, tão real! Vamos a ver.


(*) Franklin Douglas – jornalista e professor, 36 anos. Contato: (98) 9962-8181. Email: franklindouglas@elo.com.br

SÃO LUIS: UM ANO DEPOIS E... AINDA NÃO FOI!

Por Haroldo Saboia

Em novembro, na Coluna da Página 2 que escrevo às segundas neste JP, preocupado com o agravamento dos problemas de nossa cidade alertei:

“Eleito há um ano o prefeito João Castelo, por sua experiência anterior a frente do executivo estadual, despertou forte expectativa na população de que faria, embora com característica fortemente autoritária, desde o início, um governo de realizações, de obras, uma administração dinâmica, enfim. Onze meses passados, o sentimento que prevalece é que quase nada foi feito. E, ainda pior, que quase nada está por ser feito.”

Citei como exemplo, a questão do sistema viário de São Luis: “um caos que a cada dia toma proporções maiores e alarmantes”.

Foi um Deus nos acuda. Agressivo, o Sr. João Castelo respondeu aos comentários da Coluna sem discutir nenhuma das inúmeras sugestões apresentadas.

“Passados onze meses, o sentimento que prevalece é o de que povo acertou mais uma vez (...) e elegeu João Castelo que lhe está devolvendo a confiança em ruas trafegáveis, lixo recolhido, escolas funcionando e tudo o que todo mundo vê...” (Coluna do Othelino, Jornal Pequeno, edição de 26 de novembro de 2009).

Em 7 de fevereiro, o prefeito João Castelo, em entrevista ao JP, parece mudar o tom. Não mais as afirmações categóricas de novembro e, sim, um novo anúncio:

“Castelo diz que sua gestão agora começa a 'deslanchar'. O prefeito João Castelo disse ontem que, depois de superar graves dificuldades, a Prefeitura de São Luís, agora saneada e com suas finanças ajustadas, está ‘em condições de deslanchar’. "(JP, 7/2/10).

Com boa vontade poderíamos até falar que se trata de “mais um agora vai”. Mas não é esse o nosso propósito. Quando criticamos não apenas fundamentamos como apresentamos idéias e sugestões para nossa cidade. A administração reage sempre desarrazoadamente. Chega de tanto despreparo e arrogância!

O aumento das tarifas dos transportes, por exemplo, em pleno carnaval, é uma medida autoritária e covarde. Autoritária posto que a administração não foi transparente, não apresentou à população as reivindicações dos empresários e nem assegurou aos usuários o direito do contraditório, a possibilidade de apresentar contra-argumentos às proposta de elevação dos preços das passagens.

Covarde e traiçoeira, pois esperou o início dos festejos para aplicá-la. Quanta bobagem!
Esse aumento de tarifas vai gerar dois fatos: o primeiro, a rápida rearticulação do movimento popular de transporte, mais forte e vigoroso; e o segundo (nem precisa ser marqueteiro, como o Duda Mendonça, para perceber) é que todos estes fatos reavivarão fortes na memória popular a imagem truculenta do governador João Castelo, quando das memoráveis lutas dos estudantes pela Meia-Passagem.

Este caso é apenas um exemplo, entre vários.

Em comentários anteriores insiste na questão do sistema viário de São Luis. Ressaltei a necessidade e urgência das ligações inter-bairros e cobrei da Prefeitura uma prestação de contas em relação ao projeto viário, elaborados por técnicos paranaenses, oferecido pela Associação Comercial ,em janeiro de 2009, ao prefeito eleito.

Ou bem projeto dorme em alguma gaveta de um burocrata qualquer ou, então, o senhor João Castelo imagina que basta “fazer caixa” para tirar da cartola, na hora que lhe der na telha, e um passe de mágica executa um viaduto, uma ponte ou coisa parecida. Obra de fachada com mero objetivo eleitoral...

Os tempos mudaram. A luta, a disputa político-eleitoral é cada vez mais acirrada e a legislação complexa que muito facilmente grupos de interesses ou adversários partidários conseguem inviabilizar ou, pelo menos, postergar meses, anos, iniciativas e obras do poder públicos.

O exemplo do tão propalado Hospital Central de Emergência de São Luis é eloqüente! O grupo Sarney, com seus enormes tentáculos nas mais diversas instituições, públicas e privadas, está deitando e rolando.

Será que o prefeito de São Luis, João Castelo Ribeiro Gonçalves, que por longos anos conviveu com Sarney e apaniguados não se dá conta que a oferta pelo Governo do Estado de um terreno para a construção do Hospital de Emergência não passa de uma cilada?

Oferecer um terreno, no Sacavém, na Reserva do Batatã, área de preservação ambiental, de propriedade de uma empresa de economia mista, com centenas de disputas judiciais, querelas trabalhistas, pendências com fornecedores, entraves no TCU e TCE e outros quejandos, não passa de uma grande piada.

E o mais grave, gravíssimo, é que tudo indica que o Sr. Castelo teria ficado encantado com o presente de grego. Esquece que:

“Laranja madura na beira da estrada
Tá bichada Zé ou tem marimbondo no pé.”

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O MÉDICO E A GUERRREIRA

Contribuição do leitor do Ecos, Penha Castro.

O MÉDICO CURA, A GUERREIRA FERE.
O MÉDICO SALVA, A GUERREIRA MALTRATA.

O MÉDICO FAZ DO AMOR O SEU OFÍCIO,
O OFÍCIO DA GUERREIRA É O ÓDIO.

O MÉDICO FALA A VERDADE, NÃO CRIA ILUSÕES, DÁ ESPERANÇA.
A GUERREIRA É ARDILOSA.

O IDEAL DO MÉDICO É A VIDA,
O IDEAL DA GUERREIRA É VITÓRIA A QUALQUER CUSTO.

O MÉDICO FAZ UM JURAMENTO E CUMPRE,
A GUERREIRA FAZ AMEAÇAS...

O MÉDICO PARA TUDO TEM REMÉDIO,
A GUERREIRA TEM SOMENTE SUAS ARMAS.

O MÉDICO TEM ALMA,
A GUERREIRA SOMENTE A ARMADURA.

O MÉDICO TEM AMIGOS,
A GUERREIRA TEM ALIADOS.

A GUERREIRA OBEDECE AO REI,
O MÉDICO OBEDECE A DEUS.

O MÉDICO TEM PRESSA, POIS TUDO É URGENTE,
A GUERREIRA TEM MEDO, POIS O FIM É INEVITÁVEL.

O MÉDICO VÊ A DOR DO PACIENTE E SE COMOVE
A GUERREIRA VÊ A DOR DO ADVERSÁRIO E SE REGOZIJA....

O MÉDICO DEFENDE PESSOAS,
A GUERREIRA DEFENDE TERRITÓRIO.

O MÉDICO TEM DISCÍPULOS, A QUEM ENSINA,
A GUERREIRA TEM SUBORDINADOS A QUEM COMANDA,

O MÉDICO TEM NA MÃO O BISTURI E COM ELE DISSIPA O CÂNCER,
A GUERREIRA TEM NA MÃO A ESPADA E COM ELA DISSIPA A ESPERANÇA.

O MÉDICO SABE QUE DEVE CHEGAR, QUE DELE TUDO DEPENDE,
A GUERREIRA NÃO SABE QUANDO PARTIR, MESMO QUANDO DELA NÃO SE PRECISA.

PRECISA-SE DE UM MÉDICO COM URGÊNCIA, DE UMA GUERREIRA NÃO!

Poesia de Quinta - Número 73

Por Deíla Maia

Pessoal,

O texto de hoje, acho que não é bem assim, uma poesia, originalmente. Mas é uma reflexão tão linda, que vou colocar como se fosse.

Está na última página do lindíssimo e agradável livro de Eduardo Galeano, "O livro dos abraços", que eu terminei de ler recentemente. Recomendo com louvor este livro a todos, pois é leve, agradável e extremamente reflexivo.

Ofereço o Poesia de Quinta de hoje ao meu querido amigo Kelnner, lá de Fortaleza. Este trecho de Galeano me lembrou muito ele.


Beijos.

Deíla



A VENTANIA
Eduardo Galeano


Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido.
Dono de nada, dono de ninguém,
nem mesmo dono de minhas certezas,
sou minha cara contra o vento,
a contravento,
e sou o vento que bate em minha cara.

Coluna Haroldo Saboia - JP (22.02.2010)

A SUCESSÃO NO LAVA PRATOS DE CARNAVAL

A política é engenho e arte. Engenho e arte que se misturam em estranha alquimia determinada pelos caprichos da história, pelo acaso e pelas circunstâncias; jamais por fórmulas matemáticas. Tem suas regras e seus mistérios. E seu calendário, evidentemente.

Este ano o Carnaval não esperou as águas de março. Já no dia 20 de fevereiro tivemos o lava pratos de fim de festas. E outros fatos de importância.

O PT, partido do presidente Lula, por exemplo, realizou, no período de 18 a 20, em Brasília, o seu Congresso Nacional, o quarto em 30 anos de existência. Definiu sua política de alianças - que na prática prioriza as relações com o PMDB de Temer, Sarney, Jader Barbalho e outros - além de lançar oficialmente a pré-candidatura presidencial da ministra Dilma Roussef.

O Congresso petista centralizou em torno de sua direção nacional as políticas de aliança nos Estados:

"Compete ao Diretório Nacional conduzir a política de alianças nacional e atuar em conjunto com as Direções Estaduais na definição das alianças estaduais. AO DIRETÓRIO NACIONAL COMPETE DECIDIR, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, AS QUESTÕES DE TÁTICA E ALIANÇAS NECESSÁRIAS À CONDUÇÃO VITORIOSA DA CAMPANHA NACIONAL" (grifos da coluna).

Assim, as direções estaduais poderão: optar entre adotar, festivamente, as determinações da Direção Nacional no final de março, em seus congressos estaduais; ou esperar, cabisbaixos, que dias depois seja pronta e duramente desautorizada qualquer divergência.

Que os petistas maranhenses contrários à oligarquia Sarney, continuem, com coragem, engenho e arte, a travar a luta política pela libertação do Maranhão.




VIOLÊNCIA CONTRA OS MARANHENSES

O presidente Luis Inácio Lula da Silva não tem o direito de abusar da grande popularidade que desfruta em todo o país.

Os maranhenses não esquecem que o Presidente da República esperou sete anos para visitar São Luis, nossa Capital. E, quando veio, teve a audácia de declarar cruamente - sob sorrisos e aplausos de Roseana Sarney - que grande parte de nossa população vive na merda.

Esquece Sua Excelência que o orgulho, a dignidade humana subsistem às condições as mais abjetas, as mais desumanas.

As masmorras, os campos de concentração nazistas e as galeras abomináveis do tráfico de escravos ceifaram milhões e milhões de vidas humanas.

Mataram é verdade. Mas não conseguiram jamais arrancar de cada um, enquanto sobrevivente, o sentido da vida, a dignidade humana.

Mesmos nas piores situações em que o gênero humano esteve condenado nunca ele deixou de criar, de fazer arte, desenhando ou cantando gemidos ou lamentos que fossem.

O presidente Lula e a direção de seu Partido poderão apoiar e apoiarão os sarneys.

Lula e os seus fortalecerão ainda mais Sarney e sua filha, Roseana e seu pai, déspotas oligarcas, investigados e indiciados, mas sempre impunes. Impunidade que lhes asseguraram a censura da ditadura, a censura dos monopólios de comunicação e, agora, a censura judicial.

Lula deve saber que cada vez que vai a televisão, às rádios e aos jornais em defesa de Sarney está agredindo com desmedida violência o Maranhão e os maranhenses.

Só nos resta um caminho contra a violência, o caminho da resistência!





Sarney e o medo das vaias

O presidente do Senado Federal, o cada vez mais "honorável" José Sarney não compareceu ao IV Congresso Nacional do PT que lançou oficialmente, na noite de sábado, a ministra Dilma Roussef pré-candidata à presidência da República.

Sarney corre das vaias como o diabo da cruz.



Sagacidade

Ao declarar que sua candidata Dilma, se vitoriosa, disputará a reeleição em busca de um segundo mandato, o presidente Luis Inácio Lula da Silva demonstrou sua enorme sagacidade.

Vencedor na quarta tentativa, Lula conhece, como poucos, a força imperial do presidencialismo brasileiro.




Balcão de negócio

Palavras do dirigente nacional, Marcus Sokol, pronunciadas da tribuna do IV Congresso Nacional do PT:

"Aliança para quê? Para continuar o balcão de negócios no Congresso Nacional ? Aquilo que nos levou ao mensalão?


Alta tecnologia I

"Alta tecnologia, e não agricultura ou recursos naturais. Essa é a sugestão para o desenvolvimento econômico no Brasil apresentada em uma nova iniciativa do prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, e alguns dos maiores economistas do mundo" é o alerta que faz pesquisa realizada por importantes universidades do mundo que será lançado hoje, em Genebra.

Segundo Jamil Chade, o correspondente de O Estado de S. Paulo na Suíça, o estudo cita a Embraer, industria aeronáutica brasileira como exemplo de uma política correta de promoção de setores de alta tecnologia.






Alta tecnologia II

Joseph Stiglitz foi presidente do Banco Mundial. Renunciou ao cargo e transformou-se em um dos maiores críticos do Consenso de Washington e demais políticas dos organismos financeiros internacionais em relação aos países periféricos.

"O que queremos mostrar é que o Consenso de Washington é um cavalo morto, embora alguns governos ainda insistam em montá-lo" - afirma Stiglitz.






Alta tecnologia III

Segundo ainda o estudo coordenado por Stiglitz "o Brasil precisará contar com uma estratégia de Estado nos próximos anos para permitir que setores possam ganhar competitividade internacional" (que o setor agrícola é incapaz de assegurar).

O quarto centenário de São Luís

Por Haroldo Saboia

São Luís deu início, no dia 10 de fevereiro, às comemorações - que serão estendidas por todo o ano - do 1º Centenário de Nascimento de Maria Aragão, uma mulher, negra, médica que transformou sua vida em uma bela e longa história de lutas por um mundo melhor.

Na semana que antecedeu ao Carnaval, a festa do centenário de Maria reuniu vários entre os melhores compositores e artistas de São Luís, ensejou a reapresentação da excelente peça de Ethel Santos que conta e reconta da vida de Maria , "A Besta Fera", além de reunir grupos de dança que animaram por toda a tarde do dia 10 o belo espaço, projetado por Oscar Niemeyer, que compõe o Memorial Maria Aragão.

Outras homenagens serão prestadas como, provavelmente em março, o lançamento da segunda edição do livro "Maria Aragão: A Razão de Uma Vida", que reúne com esmero e competência depoimentos que prestou ao escritor e militante maranhense, ora radicado em Brasília, Antonio Francisco.

Maria foi lembrada em dezenas de artigos e reportagens publicados em jornais e revistas, como nos meios eletrônicos. Muitos ressaltaram o fato do nascimento de Maria, há cem anos, coincidir com a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980, também em 10 de fevereiro.

Neste espaço gostaria de alertar - mais uma vez - as autoridades municipais e estaduais para a necessidade de dar início, urgentemente, aos preparativos das comemorações do IV Centenário de São Luis.

Em sua História do Maranhão, o professor Mário Martins Meireles relata, não sem certa singeleza, o nascimento de nossa cidade:

"Escolhido para sede da colônia um altaneiro promontório, na confluência dos dois maiores rios da Ilha, defronte a Jeviré, aí rezaram os capuchinhos, a 12 de agosto, a primeira missa no Maranhão. (...)

A 8 de setembro de 1612, foi, por fim, solenemente fundada a colônia.

Rezada a missa pelos missionários, saíram os franceses em procissão, com os fidalgos à frente e um gentil-homem carregando o crucifixo, ladeado por Juí, filho do morubixaba Japiaçu, e Patuá, neto de cacique Marcoiá Peró, cada um com um círio aceso; chegados ao ponto escolhido (na hoje Pedro II), e após entoado o TE DEUM LAUDAMUS e proferido um sermão ...."

Não me cabe aqui analisar o caráter idílico emprestado ao cenário muito menos discutir da veracidade e do rigor histórico da narração. Não tenho os conhecimentos requeridos. Trata-se tão somente de admitir a data - 8 de setembro de 1612 - como um marco. Um corte histórico.

Relembrar, festejar, comemorar o IV Centenário de São Luis significa discutir, analisar, repensar sua história e formação. Reavaliar e, sobretudo, recriar o espaço urbano, social e geográfico de São Luis, a cidade em que vivemos.

O senador pernambucano Marco Maciel, conservador, em artigo em O Estado de S. Paulo de 25 de novembro de 2009 sugere a criação urgente de uma comissão para incentivar as comemorações do bicentenário da Independência que será em 2022.

Cita o poeta Carlos Drummond de Andrade que ao tomar conhecimento que o Congresso Nacional havia constituído uma comissão, em 1983, para as comemorações dos 100 da República seis anos depois, esbravejou:

"Tão cedo? Perguntará alguém. (...) nunca é cedo para se falar em República, palavra raramente escrita ou pronunciada em pronunciamentos políticos já notaram? O pessoal fala muito em democracia, para desejá-la plena ou para limitá-la, relativizando. Mas a República mesmo, que entre nós já tem 94 anos de idade, parece que saiu da moda no vocabulário. Ninguém mais é republicano neste País."

Como a Independência, como a República, também as cidades são fatos históricos. Elas resultam da construção coletiva dos homens! Lembro trecho que escrevi em material da minha candidatura à Câmara Municipal, em 2008.

"Este ano, mais que nunca, seu voto fará história: elegerá a Câmara Municipal dos 400 anos de São Luis, do seu IV Centenário.

Fundada em 1612, São Luís por suas lutas, pelo valor e pela bravura de sua gente, tornou-se a Ilha Rebelde; pela beleza de sua arquitetura, Patrimônio Cultural da Humanidade. Hoje, seu desafio é preparar-se para ser uma grande metrópole capaz der acolher com dignidade sua população de um milhão de pessoas.

Preparar o IV Centenário de São Luís é repensar as condições de vida e o futuro de sua população!

Poesia de Quinta - Número 72

Por Deíla Maia (originalmente em 19.02.2010)

Pessoal,

Recentemente, ganhei de presente a obra completa de uma das minhas poetisas prediletas, Cecília Meireles... Então, não poderia deixar de compartilhar com vocês tão precioso e delicado regalo.

Cecília Meireles era uma mulher batalhadora. Órfã de pai antes mesmo de nascer e também sem a mãe pouco tempo depois, a perda e a orfandade são elementos significativos na vida desta autora. Criada pela avó e com intensa relação com a efemeridade da vida, a sua poesia é lírica e extremamente reflexiva.

Ofereço à Poesia de Quinta de hoje a uma das mais assíduas e argutas comentadoras deste despretensioso espaço de debate poético, sendo que esta poesia "Noções" me lembrou muito desta pessoa e de suas reflexões filosóficas sobre a vida e o viver. Para Fernanda Thomé, com carinho.


Beijos.

Deíla




NOÇÕES
Cecília Meireles




Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Rearticular o Movimento Popular de Transportes

Franklin Douglas (*)

O aumento das tarifas de transportes coletivos no período momesco embute um receio do prefeito João Castelo (PSDB): o do debate sobre ele tomar as ruas e, consequentemente, gerar desgaste a sua administração, dado que o aumento é totalmente arbitrário.

Isto porque indefensável no seu índice de reajuste - 22%; injustificável na sua forma de definição - sem qualquer debate na Câmara dos Vereadores ou diretamente com a população; e insustentável para uma política que se queira democrática de gestão dos transportes públicos, pois beneficia apenas um lado da situação, o do empresariado.

O principal problema desse setor das políticas públicas é que falta ator para fazer o contraponto. Esse papel não é cumprido pelo Sindicato dos Rodoviários, posto o corporativismo inerente à pauta sindical; tampouco por nossos edis, boa parte deles financiados pelos empresários do setor; menos ainda por uma tal Associação dos Usuários (que um bom número dos usuários sequer sabe que é representado por ela...); ou mesmo pelas entidades estudantis que historicamente levantavam essa bandeira de luta em suas ações, hoje em disputa mórbida por contra-cheques e carteirinhas.

Urge, então, a rearticulação do Movimento Popular de Transportes!

O Movimento Popular de Transportes existiu em São Luís nos fins da década de 1980. Partia principalmente da região do Itaqui-Bacanga e tinha a adesão de amplos setores organizados: sindicatos, entidades estudantis, partidos de esquerda, associações de moradores. Tornou-se interlocutor legítimo na discussão das políticas de transportes até início dos anos 1990, quando se desarticulou.

Somente com um ator popular, sem a manipulação dos interesses partidário-eleitorais imediatos, é possível recolocar no debate público a questão não só do aumento das passagens, mas de um projeto a longo prazo para o transportes da capital.

De início, seria possível uma ampla campanha de assinaturas por um projeto de iniciativa popular junto à Câmara de Vereadores para revogar esse aumento e propor a criação de uma comissão que elaborasse uma lei permanente para a definição das tarifas de transportes públicos.

Refundar o Movimento Popular de Transportes seria uma grande contribuição para a democratização dessa política pública em São Luís. A cidade clama!

O exemplo vem do Campus
Lembro-me de quando, à frente do Diretório Central dos Estudantes da UFMA (DCE) - 1993/1994, organizamos uma passeata contra as condições do transporte no campus do Bacanga. Os empresários da Taguatur e do SET (Sindicato das Empresas) quase enlouqueceram. Não tinha liderança a cooptar. Tinha gente (muita gente) nas ruas - a passeata saiu da UFMA e cercou o antigo DMT(Departamento Municipal de Transportes), na Madre-Deus. As catracas dos ônibus do Campus tinham sido liberadas pelos estudantes que assumiram a função dos cobradores - ninguém pagou passagem nesse dia.

E o mais consistente: ante os argumentos de que precisavam de planilhas e mais planilhas para pensar qualquer aumento no número de ônibus para a linha Campus (da qual se serviam também aos moradores do Sá Viana), o DCE apresentou um estudo onde provava que a tabela de horários não era cumprida e a lotação dos ônibus nos horários de pique ultrapassava em quase o dobro a lotação estabelecida pelas próprias empresas. Era a contestação ao lucro fácil, com povo nas ruas e proposta na mão.

É isso que falta hoje para questionar o aumento de passagens: povo nas ruas e proposta na mão!


(*) Franklin Douglas – jornalista e professor, 36 anos. Contato: (98) 9962-8181. Email: franklindouglas@elo.com.br

Publicado no Jornal Pequeno, em 18.02.2010, p. o2

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Artigo definido: Wagner Cabral

ERRARAM A VERDADE!: a estória de uma pequena FARSA
Por Wagner Cabral da Costa *


A oligarquia Sarney promoveu, mais uma vez, uma FARSA, com a divulgação de uma FALSA pesquisa para governador, com o objetivo manifesto de iludir e confundir a opinião pública,
bem como de prejudicar as candidaturas de seus adversários. Esta é a síntese do que será explicado no decorrer deste artigo, caro leitor.

1. Da FARSA

Tudo começou na primeira semana de fevereiro de 2010, quando os blogs de Walter Rodrigues (04/02) e Marco d’Eça (05/02), e talvez outros mais, divulgaram uma FALSA pesquisa eleitoral acerca das eleições para o governo do Maranhão, cuja autoria foi atribuída ao Instituto Sensus.

O momento era muito propício, pois o Instituto havia acabado de divulgar a pesquisa CNT/Sensus sobre a avaliação do governo federal e a sucessão presidencial (01/02), uma pesquisa já consolidada (está na 100 a edição) e de ampla cobertura na mídia nacional. Assim, contando com a boa fé dos (e)leitores, a ARMAÇÃO noticiou que, juntamente com a pesquisa nacional, o citado Instituto também havia feito uma pesquisa sobre a sucessão no Maranhão. O objetivo era claro: anunciar o “favoritismo” de Roseana Sarney, bem como fragilizar as candidaturas adversárias.
Dos blogs, convenientemente patrocinados pelo governo do Estado, a FALSA pesquisa se espalhou pela internet, sendo ainda reproduzida pela mídia impressa, nos jornais O Estado do
Maranhão (da família Sarney) e O Imparcial (edições de domingo, 07/02).

2. Da SUSPEITA da FARSA

Na condição de quem pesquisa e acompanha o processo político-eleitoral do Maranhão há mais de quinze anos, tão logo vi a pesquisa, procurei mais informações sobre a mesma nos sites do Instituto Sensus, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), e, principalmente, do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão e do TSE.
Pois, conforme determina a legislação eleitoral, “a partir de 1º de janeiro de 2010, as entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos
candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa” a fazer o registro no tribunal eleitoral competente, contendo informações sobre: contratante, valor da pesquisa,
metodologia, período de realização e questionário aplicado, dentre outros dados; cabendo às
2 secretarias judiciárias, “no prazo de 24 horas” contadas do registro, divulgar no sítio do tribunal eleitoral na internet (Resolução TSE nº 23.190, de 16/12/2009, artigos 1º e 9º, grifos nossos).
A mesma resolução preceitua que “na divulgação dos resultados de pesquisas, atuais ou não,
serão obrigatoriamente informados: o período de realização da coleta de dados; a margem de erro; o número de entrevistas; o nome da entidade ou empresa que a realizou, e, se for o caso, de quem a contratou; o número do processo de registro da pesquisa” (Art. 10, grifo nosso). Ora, a intenção de dar publicidade às pesquisas é garantir a LISURA e a TRANSPARÊNCIA das mesmas, que poderão ser conferidas e questionadas por qualquer cidadão, bem como por candidatos e partidos.
O resultado da busca foi o seguinte:
1) O site do Instituto Sensus (www.sensus.com.br) não mencionava qualquer pesquisa sobre

sucessão no Maranhão, registrando apenas a pesquisa CNT/Sensus, o mesmo ocorrendo no site da CNT (www.cnt.org.br).

2) A pesquisa nacional CNT/Sensus foi registrada no TSE com o protocolo nº 1570/2010, citado
impropriamente no blog de Marco d’Eça como sendo a pesquisa do Maranhão.

3) No site do TSE, seção de Pesquisas Eleitorais (que inclui o TRE-MA), só encontrava-se
registrada a pesquisa nacional CNT/Sensus, para o cargo de Presidente, disponibilizando o
questionário aplicado (sem qualquer pergunta sobre as sucessões estaduais).

Do fracasso em encontrar informações sobre a pesquisa, nasceu a SUSPEITA de que a
mesma ou não teria sido registrada ou seria falsa. Em ambos os casos, ocorrem INFRAÇÃO ou
CRIME ELEITORAL, ainda segundo a Resolução nº 23.190 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
Art. 17. A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art. 10
desta resolução sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil
duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil quatrocentos e dez reais) (Lei nº9.504/97, art. 33, § 3°).
Art. 18. A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de 6 meses a 1 ano e multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/97, art. 33, § 4°).
Estabelecida a SUSPEITA, encaminhei por e-mail uma NOTA DE PREOCUPAÇÃO (na sexta-feira, 05/02), expondo as razões pelas quais julgava que a pesquisa encontrava-se, no mínimo,
SOB SUSPEIÇÃO. Solicitava ainda, à luz da ÉTICA POLÍTICA e da legislação, e na condição de
pesquisador e CIDADÃO, que os responsáveis esclarecessem QUAIS AS FONTES que
consultaram ou ouviram. Afinal, eu poderia estar enganado. Esta nota de preocupação foi publicada na edição de domingo do Jornal Pequeno (07/02), bem como em alguns blogs. Possivelmente, outras pessoas tiveram dúvidas semelhantes, manifestando-as, entretanto, de maneira reservada.

3. Da DENÚNCIA da FARSA
A transformação da SUSPEITA em CERTEZA veio quando os citados blogueiros retiraram a pesquisa de suas páginas da internet, sem esclarecer, contudo, QUAIS AS SUAS FONTES, ou
seja, sem indicar qual o registro da pesquisa na Justiça Eleitoral e onde os dados da mesma estavam disponíveis para consulta pública, visando assegurar a TRANSPARÊNCIA do processo eleitoral.
Num, a matéria foi retirada por “provavelmente” conter “erros” (em 05/02), mas o blogueiro
Walter Rodrigues registrou “que os percentuais ali divulgados foram realmente apurados pelo
instituto Sensus”, prometendo esclarecimentos posteriores que não foram dados. No outro blog, houve a admissão do problema, com a informação adicional de que apenas repetira informações de Walter Rodrigues. Após dar esclarecimentos no campo legal, inclusive sobre as multas (mas não sobre o crime), o blogueiro Marco d’Eça informou que teve orientação jurídica do Sistema Mirante no sentido da retirada da pesquisa, por conta do “rigor da justiça eleitoral” (08/02).
Para consolidar a CERTEZA, passei a ser alvo de ataques injustificados do blogueiro Walter Rodrigues, em sua prática usual de tentar desmerecer o interlocutor, no caso, desqualificando minha produção intelectual. Ora, pra quê os ataques se eu estava apenas, na condição de cidadão, questionando a ORIGEM e a VERACIDADE da pesquisa? Bastava responder aos questionamentos, comprovar a legalidade da pesquisa e indicar que eu estava equivocado. Mas não é possível confessar o inconfessável! Ou, no popular, a MENTIRA tem pernas curtas!
Este episódio, esta FARSA, não pode ser entendido de maneira isolada, mas sim num contexto mais amplo. Pois, segundo indiquei no artigo “A bomba suja: crise, corrupção e violência
no Maranhão contemporâneo ”, a VIOLÊNCIA FÍSICA E SIMBÓLICA constitui um elemento
estrutural de manutenção do poder oligárquico. Ao analisar a crise política dos últimos anos,
indaguei o seguinte sobre os meios de comunicação:
E a mídia? O que se publicou nos jornais e na internet durante a “guerra de blogs e e-mails” travada entre o Condomínio [de Jackson Lago]e o grupo Mirante? Cyberguerra, aliás, que lembrou bastante a “guerra de telegramas” da Greve de 1951, cujo ápice foi inventar um (inexistente) “Exército de Libertação” com 12 mil homens armados! Qual o “jornalismo” praticado por aqueles cuja única função foi fabricar e espalhar factóides a serviço de um
grupo ou de outro, tentando pautar o debate sem nenhum lastro ético-político? [do livro
A terceira margem do rio, p. 122].
Assim, de um lado a violência física (por exemplo, no tumulto provocado pelos “cães de
guerra” no lançamento do livro Honoráveis Bandidos) e, de outro, a violência simbólica (em mais um factóide, a FARSA da pesquisa eleitoral) constituem faces da mesma moeda oligárquica, postas em ação por seus agentes espalhados nos mais diversos setores. Que o episódio sirva de ALERTA À CIDADANIA, muito mais virá…

4 Por isso, venho a público, perante a sociedade brasileira, DENUNCIAR mais esta FARSA
da oligarquia, ao divulgar uma FALSA pesquisa (ou não registrada), violando a legislação e
cometendo INFRAÇÃO ou CRIME ELEITORAL, com o objetivo de promoção indevida de sua
candidata e desqualificação dos adversários.
Espero, confiante, que o Ministério Público Eleitoral possa apurar devidamente as denúncias
aqui formuladas por este cidadão comum!
E, por fim, relembro o escritor argentino Jorge Luis Borges na História Universal da Infâmia
, em que traçou a biografia de estelionatários, fraudadores, pistoleiros, piratas, falsificadores, impostores, traidores – destes personagens infames, o poeta e contista Borges costumava dizer que sempre ERRAVAM A VERDADE!


*Historiador, professor do Departamento de História / UFMA. Possui artigos, entrevistas e livros publicados sobre a história política do Maranhão. Seu último lançamento foi A terceira margem do rio: ensaios sobre a realidade do Maranhão no novo milênio (Editora da UFMA / Instituto Ekos).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

100 anos de Maria, 30 anos de PT


Jornal Pequeno - 10 fev 2010, p. 02
OS 100 ANOS DE MARIA ARAGÃO E OS 30 ANOS DO PT: encontros e desencontros
Franklin Douglas (*)


Ela nasceu em 1910. Ele, em 1980. Ambos no dia 10 de fevereiro.

Ela passou para a História do Maranhão como mulher, negra, médica, comunista, lutadora da causa socialista, da emancipação proletária. Ele por ter implementado a mais eficaz estratégia político-eleitoral da história da esquerda brasileira.

Os dois são fruto do século que o historiador britânico Eric Hobsbawm denominou de “A Era dos Extremos”. Tanto uma quanto outro cresceram sob um lado, naquele bipolar mundo dividido entre capitalismo/Estados Unidos versus socialismo/União Soviética: o lado do “proletários do mundo, uni-vos!” – como conclararam Karl Marx e Friedrich Engels. Situavam-se, ela e ele, no campo dos-que-vivem-do-trabalho, como atualiza Ricardo Antunes. Para ela, “proletários”; para ele, “trabalhadores”.

Ela assumidamente comunista; ele, predominantemente socialista. Ela, prestista. Ele, operário (do ABC paulista) – católico (das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja) – pluralmente marxista. Ambos internacionalistas, pela autodeterminação dos povos da América Latina e do “terceiro mundo” e apaixonados pelos exitosos índices sociais da Cuba de Fidel Castro.

Ela – no Sindicato dos Médicos – e boa parte dos militantes dele, fundadores da CUT maranhense; entusiastas da luta pela terra travada no campo pelos trabalhadores rurais liderados por Manoel da Conceição, Vila Nova, FETAEMA e MST; referências de jovens progressistas da Igreja católica e estudantes da UFMA e UEMA, encantados pelos valores que seduziam a juventude defensora da sociedade alternativa. Os dois percorriam o caminho rumo ao horizonte, para nele se encontrarem com a utopia. Se não a encontravam, regozijavam-se nas feijoadas e encontros promovidos por ela, pois, afinal, o que valia era estar em movimento e não ficar parado – como poetizou Eduardo Galeano.

Ela combateu a Ditadura Militar (1964-1985). Ele só existe por ser resultado do acúmulo de força desse embate com o qual ela contribuiu. Ela e ele se encontraram nas Diretas-Já (1985), nas emendas populares da Constituinte de 1988 e no segundo turno das eleições de 1989 contra Collor. Desencontraram-se quando ela, junto com Luís Carlos Prestes, Haroldo Saboia, Euclides Moreira Neto, Aldionor Salgado e outros, filiaram-se ao PDT de Leonel Brizola e Jackson Lago.

Ela tornou-se a mulher maranhense do século XX por escolha de seus conterrâneos, ficando atrás de João do Vale. Ou melhor, ao lado. Ele deslocou-se da esquerda radical e chega aos 30 anos apontando para o centro. No Maranhão, fez o mesmo caminho. Preservando, contudo, sua história de enfrentamento ao esquema oligárquico.

Em seu centenário de nascimento, Maria Aragão mantém acesa para as novas gerações a chama da utopia de que “um outro mundo é possível”. Em sua terceira década de vida, caso sucumba à formação social oligárquica que ousou desafiar, o Partido dos Trabalhadores pode apagar – para si, seus militantes e simpatizantes – essa mesma utopia. A história não o absolverá, como fez com Maria Aragão.

Cem vezes viva a Maria! Três vivas ao PT.

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(*) Franklin Douglas – jornalista e professor, 36 anos. De volta à militância intelectual , porque a vida e luta continuam. Contato: (98) 9962-8181. Email: franklindouglas@elo.com.br.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Coluna Haroldo Saboia - JP (04.01.2010)

Sublegendas da ditadura

O regime militar - que perdurou em nosso país de 1964 a 1985 - dissolveu por decreto os partidos políticos surgidos sob a égide da Constituição liberal de 1946. Entre eles o velho PSD de Juscelino Kubitschek, a UDN de Carlos Lacerda, o PTB de João Goulart, o PSB, o PDC e tantos outros.

Foram criadas pela legislação excepcional duas agremiações: a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Os juristas dos quartéis tiveram o cuidado de não denominá-las partidos. Esta noção, de partidos, era repelida pelos ditadores, daí os termos aliança e partidos.

Eles mantiveram, como por obrigação, um parlamento de fachada, um judiciário de conveniência e um executivo, claro, exercido por militares ou prepostos por eles indicados governadores. Três poderes, "podres poderes" sem poder, mera fachada para uso externo, para cumprimento de formalidades, convenções e regras de cerimonial internacionais.
Nos Estados e Municípios a disputa pelo poder local - na prática pelo direito de representação do poder central - permanecia, paradoxalmente, como realidade e como simulacro. Em uma ou noutra situação, o bipartidarismo imposto era insuficiente para abrigar o sem-número de facções municipais e estaduais.

Foram, então, criadas as sublegendas. Instituto peculiar que permitia ao MDB, oposição consentida, (partido do SIM) e à Arena, governista (partido do SIM, SENHOR) disputarem as eleições cada um com três sublegendas. Uma única lista de candidatos proporcionais, mas três listas de candidatos majoritários.

Nas disputas majoritárias (governadores, prefeitos e senadores) o partido vencedor era aquele que tivesse a maior soma dos votos; o eleito ,o mais votados entre eles.

Nem precisa falar da importância das sublegendas para a formação, desenvolvimento e consolidação das oligarquias regionais (entre elas, a chefiada por Sarney, no Maranhão) e do poder conservador local ,- sustentáculos civis do poder militar no Brasil do período ditatorial.


Sublegendas da oligarquia

As sublegendas foram de enorme serventia para Sarney e sua oligarquia. Seu mecanismo permitiu que Sarney acomodasse nos diferentes municípios ,sob o manto protetor da velha Arena, grupos políticos rivais, - todos reverenciando os militares e seu representante maior no Estado.

Como o uso do cachimbo deixa a boca torta. Ainda hoje mesmo sem o generoso mecanismo, Sarney transforma e busca transformar os partidos existentes no Estado em verdadeiras sublegendas.

Por exemplo, o PFL (hoje DEM) partido de oposição ao governo Lula no Maranhão é presidido pelo deputado Clovis Fecury filho do senador, não eleito, Mauro Fecury filiado ao PMDB, hoje de Sarney e sua filha Roseana.

O Partido Verde (PV), que tem como candidata Marina Silva, dissidente do PT e do governo Lula, no Maranhão é presidido por Sarney Filho, ex-ministro do governo tucano e neoliberal de FHC.

Estas formações são de fato, no nosso Estado, sublegendas da oligarquia. Insaciável, Sarney quer transformar outras agremiações em sublegenda familiar. A começar o PT, o Partido dos Trabalhadores.

Os outros, como o PCdoB, PSB e PDT que se cuidem!

Não há limites para as ambições de Sarney nem tampouco - o que é lamentável - para o pragmatismo do Presidente Lula.



Apagão e tarifas I

Roseana Murad cobrou da Cemar pelas quedas de energias, os apagões ocorridos na passagem do ano:

"A Cemar é uma empresa privada que está fazendo grandes investimentos no Maranhão, mas que precisa dar uma satisfação para a sociedade sobre os apagões ocorridos na noite de Réveillon em São Luis".

Muito bem.

Apagão e tarifas II

O apagão pelo visto mexeu com os brios da governadora de quatro votos. No entanto, Roseana continua muda, cega e surda para o clamor dos consumidores maranhenses que pagam a conta de luz mais alta do país.

A famosa tarifa Sarney/Lobão é fixada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) cujo titulares são nomeados pelo Presidente da República após aprovação dos senadores.

Brasília e o Amapá pagam as contas de luz com base nas tarifas de energia mais baratas graças a influência de Lobão, Ministro das Minas e Energia, e de Sarney, Presidente do Senado, que controlam o Setor Elétrico.


Apagão e tarifas III

Ela "falou grosso" e reclamou do apagão, da falta de energia no final do ano. Quando será que vai reclamar da falta d'água o ano inteiro?


Sarney insaciável

Quando os partidos políticos foram extintos pelos militares, os políticos maranhenses do PSD derrotado (ligados em sua quase totalidade a Newton Belo, Vitorino Freire ou Renato Archer) foram para o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Movimento que abrigou, também, aqueles aos quais Sarney fechou as portas da Arena.

Sarney, não satisfeito em controlar a Arena e suas três sublegendas, após a cassação de Renato Archer pelo AI-5, em 68, tentou também colocar as patas do autoritarismo sobre o MDB.



EMA debocha

A nota da coluna O Estado Maior, de O Estado do Maranhão deste domingo debocha da direção nacional do PV:

"O PV do Maranhão já decidiu: se a senadora Marina Silva for mesmo candidata a Presidente da República, os verdes vão apoiá-la".

O apoio à candidata do partido depende da generosidade (e dos interesses) dos Sarneys.



Atenção
As forças que fazem oposição à governadora de quatro votos Roseana Sarney Murad no Maranhão têm por obrigação acompanhar os movimentos que o comando das candidaturas Dilma Roussef e José Serra em torno do que denominam por "palanque estadual". É ai que mora o perigo.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Coluna Haroldo Saboia - JP (30.11.2009)

SERIEDADE E RESPEITO, SENHOR PREFEITO!

A julgar pela agressividade com que o Senhor João Castelo respondeu aos comentários desta coluna, edição do JP de 23, concluímos que o chefe da administração municipal continua despreparado para receber sugestões e muito menos críticas. Ressaltamos, na ocasião, as já conhecidas características fortemente autoritárias do prefeito de São Luis. Por tudo isso não surpreende a tentativa do senhor Castelo em tentar impedir que sua administração seja sequer avaliada.

A liberdade de expressão é direito de todo cidadão. (Direito que não está à venda no mercado, como não devem estar as licenças ambientais.) Para o seu exercício não pode a administração cobrar do cidadão pedágio ou coisa parecida.

O fato é que lembramos a todos que a Prefeitura Municipal recebeu da Associação Comercial do Maranhão uma proposta de PLANO DIRETOR VIÁRIO PARA SÃO LUIS. Isto em janeiro. Onze meses depois tal Plano não foi apreciado nem a população informada a respeito. O Senhor Castelo fala, agora, de um tal projeto ”Novos Caminhos” que teria sido elaborado pela SMTT, Secretária Municipal de Trânsito e Transporte de São Luis.

Pergunto: em que consiste tal projeto? Foi submetido à apreciação da Câmara dos Vereadores? Seu objetivo é de curto, médio ou longo prazo? Propõe o redimensionamento do sistema viário de São Luis no seu conjunto , em interligação com os demais municípios e,ainda, com as rodovias estaduais (MAs) que cortam a Ilha ?

Quais as medidas priorizadas pela Prefeitura? Entendo que muitas intervenções exigem projetos e ações de curto e, diria até mesmo, de curtíssimo prazo.

Explico. A proposta oferecida pela ACM, em janeiro, ao então recém eleito prefeito João Castelo indica que: “alguns pontos principais do plano são voltados aos corredores de transporte de massa, as interligações entre as principais avenidas da cidade, pois o nosso eixo principal é norte-sul e propomos criar um eixo leste oeste”.

O que significa interligar as principais avenidas da Cidade, senhor prefeito João Castelo? No meu modesto ponto de vista, quer dizer construir vias (várias, no plural mesmo), por exemplo, entre (1) a av. Jerônimo de Albuquerque e a Holandeses; (2) a av. Daniel de La Touche e São Luis Rey de França; (3) entre a Guajajaras e a Santos Dumont a ser reconstruída. Para citar três entre, pelo menos, dezenas de casos, de situações concretas.

A busca, a procura de soluções para tantos problemas, Senhor Prefeito Castelo, exige antes de tudo seriedade. E respeito. Com a cidade e seus habitantes!


DESCONGESTIONAR O TRÂNSITO REQUER CRIATIVIDADE

As grandes e suntuosas obras não representam necessariamente as melhores soluções, em especial para os problemas viários.No Brasil, a mania dos viadutos teve seu apogeu no início da década de 70, no governo Médici, anos de maior repressão da ditadura militar.

Paulo Maluf prefeito nomeado de São Paulo, e Lucena, de Recife, construíram caríssimos “elevados”, verdadeiras avenidas suspensas. Obras que acabaram por configurar um colossal equivoco: o adiamento da construções dos metrôs , transporte de massa, destinado às grandes maiorias da população das regiões metropolitana.

Quando Castelo anuncia a construção de novos elevados e túneis (como no retorno do Policia Militar, no Calhau) tem todo cidadão o direito de questionar se a solução adotada terá sido a mais adequada. Por que não priorizar as ligações entre as principais avenidas, e entre bairros vizinhos muitas vezes separados pela ausência de uma ponte de dez, quinze metros, ou um pequeno aterro de menos de cem metros?

O Sr. João Castelo quando anuncia que “o Sistema Viário de São Luis tem projeto já submetido à pré-qualificação a nível nacional com editais publicados em jornais do Sul do País” apenas ilustra seu descaso em relação à Câmara, à participação popular, aos empresários e à imprensa

Respeito à democracia, criatividade e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!


PT SAUDAÇÕES

Análise do jornalista e membro da Executiva do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores, Franklin Douglas:

“A maioria consolidada pelo resultado das eleições do PT-MA define que o partido não vai para uma aliança com o PMDB sarneyzista.E, igualmente, não constrói uma maioria capaz de levá-lo para Jackson Lago ou Flávio Dino.

As urnas petistas apontam o caminho rumo à candidatura própria, em 2010” – finaliza.

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL: 10 ANOS

Volta a Porto Alegre, onde nasceu, o Fórum Social Mundial (FSM). A edição comemorativa de 10 anos do FSM será uma ampla reflexão dos propósitos do que foi o maior contraponto ao Fórum Econômico e às idéias neoliberais no mundo. O décimo Fórum Social será de 25 a 29 de janeiro do ano que vem.


“QUEBRADEIRAS” REVIVE “TEMPO DE ESPERA”...

O documentário “Quebradeiras”, dirigido por Evaldo Mocarzel, sabida ou inconscientemente homenageia quase quarenta anos depois”Tempo de Espera “ a peça de Aldo Leite.Premiada no Brasil e internacionalmente,”Tempo de Espera” por mais de uma hora prende a atenção da platéia tão sòmente pela expressão cênica dos personagens sem que há qualquer diálogo.Experiência revivida pelo trab alho de Mocarzel.


...E VENCE FESTIVAL DE CINEMA

“Quebradeiras” venceu o 42º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. Do diretor Evaldo Mocarzel, o documentário retrata a vida das quebradeiras de coco do Maranhão, Tocantins e Pará. O cineasta inovou ao produzir um documentário modificando a linguagem desse gênero de filme. Sem entrevistas ou qualquer outra forma de diálogo, a câmera capta o cotidiano das quebradeiras.



PAULO FREIRE ANISTIADO

A Comissão do Ministério da Justiça declarou a anistia de Paulo Freire. A Comissão reconheceu a perseguição política sofrida pelo educador pernambucano à época da ditadura e pediu desculpas pelos atos criminosos cometidos pelo Estado brasileiro.

Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e morreu em São Paulo, em 1997. Seus livros Educação Como Prática da Liberdade, de l967, e Pedagogia do Oprimido, de l968, ambos publicados durante seu exílio no Chile, foram traduzidos em dezenas de línguas.

A importância de Paulo Freire é de tal maneira significativa que podemos dizer,com segurança,que como educador e pedagogo ele mais contribuiu com o processo de elaboração da Teologia da Libertação do que por ela foi influenciado.


PEC DO CALOTE AINDA AMEAÇA

O projeto de emenda constitucional que modifica as regras de pagamentos dos precatórios foi aprovado, em segundo turno, pela Câmara dos Deputados.
Elaborado por inspiração do ministro da Defesa, Nelson Jobim,quando presidente do Supremo Tribunal Federal e apresentado pelo senador Renan Calheiros ,a proposição segue para o Senado onde volta a ser discutido e votado.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fórum Social Mundial: de volta a Porto Alegre

Há 10 anos surgia o Fórum Social Mundial (FSM). Sua primeira edição, em Porto Alegre, foi um surpreendente sucesso de público. Atraiu mais de 30 mil pessoas.

O FSM aconteceria ainda em 2001 e em 2002 na capital gaúcha. Em 2003, ocorreu simultâneo em todos os cinco continentes, descentralizadamente. Em 2004, deslocou-se para a Índia. No ano seguinte, novamente descentralizado em atividades pela paz. Em 2006, aconteceu na Venezuela. Em 2007, por todos os continentes. Em 2008, na África. No ano de 2009, retornou ao Brasil para a cidade de Belém (Pará).

Após 10 anos de encontros, o FSM viu suas ideias legitimarem a plataforma política de muitos governantes que chegaram ao poder na América Latina especialmente. Viu as teses neoliberais ruírem com a derrocada financeira que acometeu o capitalismo no ano passado.

Mais do que nunca a utopia de que um outro mundo é possível prevalece motivando os movimentos sociais mundiais. De 25 a 29 de janeiro de 2010, em seu retorno ao Rio Grande do Sul, um balanço de 10 anos de atuação. Vida longo ao Fórum Social!

Abaixo, artigo de Oded Grajew, sobre os 10 anos do FSM:

Fórum Social Mundial, 10 anos
ODED GRAJEW - Folha de São Paulo (29nov2009)

NO ANO 2000, o neoliberalismo estava no seu auge. Dizia-se até que havíamos chegado ao fim da história. Teríamos encontrado o modelo ideal de sociedade, em que as forças do mercado, liberadas de qualquer controle governamental ou social, levariam o mundo à prosperidade, ao bem-estar e à paz. O Fórum Econômico Mundial, o grande propulsor dessa ideologia, acolhia o ex-presidente argentino Carlos Menem com todas as honras e elegia suas políticas como exemplares a serem seguidas por todos os países em desenvolvimento. Os críticos do modelo eram tratados como retrógrados que só sabem criticar, sem apresentar propostas alternativas.

Foi nesse ambiente que tive a ideia de criar o Fórum Social Mundial (FSM) para, em contrapartida ao Fórum Econômico Mundial, denunciar os enormes riscos que o neoliberalismo representava para a humanidade, dar visibilidade a propostas alternativas e criar um espaço auto-organizado em que a sociedade civil, em nível local e global, pudesse se encontrar, promover atividades e se articular, ganhando força política e social para empreender suas ações.

Graças ao empenho de um grupo de militantes e organizações brasileiras e internacionais e com o apoio dos governos de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, viabilizou-se na capital gaúcha, em janeiro de 2001, o primeiro encontro mundial.

De lá para cá, muita coisa aconteceu. As sucessivas crises econômicas, a proliferação de guerras e conflitos, o aumento da concentração de renda e da desigualdade social e a degradação ambiental fizeram ruir a crença na ideologia neoliberal. O lema adotado no FSM, "um outro mundo é possível", encheu de esperança milhões de pessoas que, movidas pelo desejo de mudança, conseguiram alterar o quadro político de muitos países, a começar pela América Latina e, recentemente, nos EUA.

A metodologia adotada no FSM propiciou a todas as organizações e pessoas que comungam com a carta de princípios a oportunidade de organizar livremente suas atividades e poder se juntar aos que se dispõem a declarações e ações conjuntas. A promoção da diversidade, um dos pilares da carta de princípios, fez cada organização e cada cidadão se sentir valorizado. Ninguém é mais importante que o outro, nenhum tema tem a precedência. O "outro mundo possível", onde a solidariedade e a cooperação superam a competição e o conflito, foi aplicado na nossa metodologia.

Foi assim que o FSM ganhou o mundo. Fóruns globais e inúmeros fóruns locais, nacionais, continentais e temáticos se espalharam em todos os continentes. Organizações sociais aproveitaram o espaço aberto e a metodologia para formar parcerias e criar redes, o que viabilizou inúmeras iniciativas políticas, sociais e ambientais. Os encontros, os fóruns, se tornaram momentos dentro de um amplo processo, o processo FSM, que se desdobra ao longo dos dias anteriores e posteriores aos eventos.

Para celebrar os dez anos do FSM, um grupo de organizações que participaram desde o início teve a ideia de realizar, em janeiro de 2010, um grande encontro para uma reflexão sobre essa última década, mas, principalmente, para elaborar propostas para o futuro do processo. Nada seria mais simbólico do que voltar ao berço do primeiro fórum: Porto Alegre. Das conversas com as organizações sociais locais, que foram fundamentais na realização dos primeiros fóruns, nasceu a ideia de envolver as cidades da Grande Porto Alegre na realização do evento.

Foi assim que nasceu o Fórum Social 10 Anos, a ser realizado de 25 a 29 de janeiro de 2010 nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Campo Bom, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul. Além das atividades auto-organizadas que serão realizadas nessas cidades, haverá um grande seminário internacional que juntará lideranças sociais e políticas numa reflexão sobre o processo FSM.

Em 2000, o nosso desafio era desmistificar e denunciar o modelo neoliberal, mostrando que "um outro mundo é possível". Em 2010, diante das reais e graves ameaças representadas pelo nosso modelo de produção e consumo, pela imperiosa necessidade de implementarmos um desenvolvimento justo e sustentável, "um outro mundo possível" se torna cada vez mais "necessário e urgente". Esse é o desafio que está sendo colocado para nós e para todos os que estarão na Grande Porto Alegre durante o Fórum Social 10 Anos.

(*) ODED GRAJEW, 65, empresário, é um dos integrantes do Movimento Nossa São Paulo. É também membro do Conselho Deliberativo e presidente emérito do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. É idealizador do Fórum Social Mundial e idealizador e ex-presidente da Fundação Abrinq. Foi assessor especial do presidente da República (2003).

Vale tudo contra "O filho do Brasil"

O artigo de César Benjamin, "Os filhos do Brasil", publicado pela Folha de São Paulo, é deprimente. Revela uma dupla situação: o destino sem rumo de Benjamin e o jornalismo anti-Lula da Folha. Ambos, à serviço de um único interesse: a obestinada perseguição a qualquer fato que desqualifique o filme sobre a vida de Lula.

Sobre César Benjamin, servem as palavras de José Maria (PSTU) e Silvio Tendler (cineasta e um dos presentes ao diálogo).

O primeiro: "Tenho todos os motivos para combater o governo Lula, um desastre para a classes trabalhadora, mas o César viajou na maionese. Não houve nada disso". Zé Maria, então com 23 anos, esteve na mesma cela com Lula. Era diretor do sindicato, quando Lula o presidia.

O segundo: "A reunião existiu, mas foi uma grande piada que o Lula estava contando. Como várias outras em outros momentos. Era uma brincadeira". Tendler foi da equipe do programa de TV do Lula, em 1989.

Sobre o jornalismo anti-Lula da Folha, encontra-se muito no blogue do Nassif (aqui).

Alberto Diniz, também aponta com precisão o comportamento da Folha no caso: lixo em estado puro (leia aqui)

A cada dia, a reação da elite midiática ao filme sobre o Lula ao invés de despretigiá-lo, aumentar sua curiosidade e repercussão. É o tiro saindo pela culatra.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SEDE DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA: QUANDO A VIDA IMITA A ARTE

Por Haroldo Saboia


Na coluna que escrevo todas as segundas na página dois deste jornal, procuro abordar assuntos diversos que não estejam necessariamente no noticiário da imprensa mas que sejam do interesse da sociedade.

Neste sentido, no dia 16, com o título “QUEM IRÁ VIGIAR OS PRÓPRIOS VIGILANTES?”, publiquei nota da qual reproduzo trechos:

“Cresce o sentimento de que finalmente a sociedade maranhense será esclarecida dos motivos que acabaram por transformar a própria sede das promotorias da Capital em construção abandonada (...) Lá continua, é certo, um enorme esqueleto cercado de tapumes que sugerem trabalhos de reforma da edificação.
Todavia ficamos sem as conclusões das investigações que, com certeza, chegaram às causas e aos responsáveis por tamanho desperdício de recursos públicos. Quis custodiet ipsos custodes?”

Na realidade, o motivo de gastar todo o latim que ainda guardava na memória fora a satisfação que tive ao ler o discurso de posse do novo diretor das promotorias da Capital, o professor Paulo Roberto Barbosa Ramos.

Em suas palavras, o ilustre promotor de Justiça teve a coragem de tratar da questão do edifício da Avenida Carlos Cunha:

“Senhora Procuradora-Geral, sei que a senhora recebeu o prédio das Promotorias de Justiça da Capital na situação em que se encontra hoje. Contudo, precisamos do seu imprescindível apoio, e sei que não faltará, para voltarmos muito brevemente para o nosso espaço, devidamente reformado e equipado.”

O novo diretor das Promotorias da Capital - reconhecido pelo seu extremado apego às leis, à letra da lei, ao Direito e à Justiça - ao dar ênfase à necessidade do “imprescindível apoio, e sei que não faltará” (da procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos) para o breve retorno ao edifício sede reformado e equipado”, no meu entendimento, demonstrou sua determinação em apurar e esclarecer, finalmente, todo mistério que envolve tal obra.

Daí o meu otimismo, a minha confiança. Otimismo e confiança que me fizeram buscar mais elementos sobre o caso.

E, pela primeira vez, consultei o Blog “O Parquet: um espaço para divulgação de idéias e suas conseqüências”. Grata surpresa. Fiquei feliz por travar conhecimento com círculo de discussão tão importante e necessário. Onde encontrei muitas informações e ensinamentos do seu editor, o promotor Juarez Medeiros Filho, e de seus leitores (próximos à marca dos cem mil).

Em 5 de fevereiro de 2008, O PARQUET informa:

“MI(NI)STÉRIO PÚBLICO: O prédio das promotorias da capital foi inaugurado há oito anos, em 14/12/1999, e já passa por profunda reforma. Houve erro na execução, ou falta de manutenção, ou as três coisas, incluindo ineficiente fiscalização? Há quem só fale dos transtornos...”

Colho, entre vários, outro comentário de O PARQUET de 17 de outubro:

“GLORIOSO: Parece que não tem jeito. Doloroso dizer, mas o Ministério Público vai manter silêncio. O respeitável público não ouviu e não vai ouvir a procuradora-geral ou os ex-procuradores virem à boca do palco oferecer esclarecimentos e apontar responsáveis pelo fato do prédio das promotorias de São Luís ter adquirido o ignóbil título de “espeto de pau”. Sabe como são as coisas, Ministério Público é ferreiro com os outros.
Inaugurado em 14/12/1999, em menos de 10 anos, junho de 2008, teve de ser evacuado para uma reforma no valor de R$ 1.367.456,98 (reforma geral e reforço na estrutura de concreto armado) que se completaria em 270 dias. No entanto, faz mais de ano, e ainda está como mostra a foto de 26/09/09. (o PARQUET apresenta imagens dos escombros). Quase caiu e não se levanta.”

O fato é que a sede das promotorias de justiça da Capital permanece em reforma. E o mais grave é que tais trabalhos estão paralisados há meses. Enquanto isto o Ministério Público estadual continua a pagar, mensalmente, 47 mil reais de aluguel pelas suas instalações provisórias, em prédio de co-propriedade do deputado estadual Afonso Manoel.

Os custos totais desse contrato de locação (que se encerraria no mês passado) ultrapassam, largamente, o orçamento previsto no edital de concorrência da reforma, de n° 001/2007. Atingem muito provavelmente os dois milhões de reais.

Se os procuradores-gerais de justiça, ao longo desses anos, não determinaram a abertura de procedimento para apurar a responsabilidade do construtor e do recebedor da obra, foram omissos. De uma gritante omissão. Mas ainda há tempo. E o diretor das promotorias de justiça da Capital, o digno e respeitável Paulo Roberto Barbosa Ramos tem todo o preparo e legitimidade para fazê-lo. Afinal trata-se da sede do órgão que dirige!

Dizem que - por vezes - a vida imita a arte... Desta feita, tudo indica que as presepadas e artimanhas dos construtores foram imitadas pelas empreiteiras responsáveis pelas obras de reforma, caríssimas, do já famoso edifício sede. A reforma imita a obra... Será o DNA da corrupção?

Poesia de Quinta - Número 55

Por Deíla Maia (originalmente em 29.10.2009)

Pessoal,

Com 20 minutos de atraso, hoje eu tive um dia tão cheio que simplesmente esqueci que era quinta-feira. Estou chegando em casa agora e hoje foi a primeira vez que não mandei o Poesia de Quinta a tempo. Mil desculpas!!!

Escolhi a poesia de quinta de hoje com antecedência até (mais imperdoável até, pois já estava nos meus rascunhos) de uma poetisa aqui do Maranhão, minha colega de SOBRAMES (Sociedade Maranhense de Médicos Escritores), DILERCY ADLER, que recentemente participou de um concurso de poesias no Chile.

Espero que vcs gostem das poesias dela tanto quanto eu. Eu me identifiquei demais com os versos dela...

Beijos.
Deíla


TUA AUSÊNCIA
Dilercy Adler



Caminho na areia molhada
da praia deserta
é cedo!
o sol brilha distante
entre nuvens solitárias
como eu
as ondas da maré vazante
brincam com os meus pés descalços...
relaxo
sinto-te junto... inteiro ao meu lado
como antes!
não entendo o teu silêncio
nada me dizes desde que partiste
sinto forte a tua ausência
fico triste...
há muito
só te tenho em pensamento!


ILHA DOS AMORES


São Luís ilha dos muitos mares
também pudera
é a “Ilha dos amores”!

amor e mar
combinação perfeita
eternizada
quando a onda deita
meus dissabores sobre a areia branca!
são tantas praias
imensas insondáveis
desertas ou cheias de pés descalços
pequenos frágeis como os meus sonhos
que sempre se esvaem pela madrugada
ou morrem afogados pelas ondas!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quebradeiras de coco levam prêmio em Festival de Cinema de Brasília

A vida das quebradeiras de coco babaçu leva o prêmio de melhor direção no 42 Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. O prêmio foi dado ao documentário "Quebradeiras", dirigido por Evaldo Mocarzel.

O documentário retrata a vida das quebradeiras de coco do Maranhão, Tocantins e Pará. Seu diretor inovou ao produzir um documentário modificando a linguagem desse tipo de filme. Aos invés de entrevistas propriamente ditas, a câmera capta o cotidiano das quebradeiras.

Confira abaixo cenas do documentário.



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

500 mil brasileiros serão atigindos por câncer em 2010

O Instituto Nacional do Câncer (INCA), através do estudo "Incidência do câncer no Brasil", estima que 489.270 brasileiros desenvolverão algum tipo de câncer no ano que vem.

O INCA lista 11 tipos mais comuns, destacando entre os que mais atingirão os brasileiros o de intestino - cólon e reto - (56 mil novos casos) e o câncer no pulmão (55 mil casos).

"Na última versão da pesquisa, válida para 2008 e 2009, a previsão era de 467 mil novos casos por ano. O número real não é conhecido pela inexistência de um sistema nacional de registro da doença -atualmente, apenas 20 cidades brasileiras têm um mecanismo confiável de monitoramento", informa Denise Menchen, na Folha de São Paulo de hoje (aqui, só para assinantes).

No Estado e em São Luís não há um sistema de monitoramento da incidência de câncer entre os maranhenses.

"Hoje, o SUS conta com 294 unidades credenciadas para o tratamento de câncer. Em média, cada uma é capaz de cuidar de cerca de mil pessoas", completa Menchen.

O Estado de São Paulo também destaca os números do INCA: "No total, dois em cada mil brasileiros terão algum tipo de câncer em 2010. (...) 52% atingirão mulheres e 48%, homens." Confira aqui.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Poesia de Quinta - Número 54

Por Deíla Maia (originalmente em 22.10.2009)

Pessoal,

A Poesia de Quinta de hoje é bem leve, para desanuviar o juízo... Talvez eu mesma esteja precisando de um bom vinho estes dias, por isso tenha escolhido justamente esta.

Ainda bem que amanhã vou fazer 10 anos de formada (em Medicina) e vai ter um festão da minha turma (na 6ª, sábado e domingo). Pensem numa comemoração!!!!!!! Vou rever meu povo, vai ser tão bom... Com certeza, vou fazer uma poesia deste reencontro mágico!!!!

Escolhi um poeta que eu conheci quando eu era adolescente e muito me impressionou. É um francês mundialmente famoso: Charles Baudelaire. Todos já devem ter ao menos ouvido falar dele.

Escolhi a poesia dele "O vinho dos amantes", do livro ícone da sua obra: As flores do mal.

Dedico a Poesia de Quinta de hoje à minha querida amiga e colega de turma de Medicina, Glenda, a qual infelizmente não poderá vir para as nossas comemorações, por conta de compromissos profissionais (sempre eles!!!!!), mas que estará presente em pensamento e nos nossos corações.
Espero que gostem.

Beijos.
Deíla


O VINHO DOS AMANTES
Charles Baudelaire



No espaço é o brilho das auroras!
Vamos sem rédea, freio e esporas,
Vamos, cavalo sobre o vinho
Para um céu feérico e divino!

Como dois anjos que tortura
Uma implacável calentura,
No cristal azul da paisagem
Vamos perseguindo a miragem!

Molemente presos num elo
Dum turbilhão orientado,
Num pesadelo paralelo,

Minha irmã, junto a mim, a nado,
Fugiremos sempre risonhos,
Ao paraíso dos meus sonhos!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Coluna Haroldo Saboia - JP(23.11.09)

SÃO LUIS NÃO PODE ESPERAR SENHOR PREFEITO!

A atual administração municipal, empossada em primeiro de janeiro, praticamente está as vésperas de completar seu primeiro aniversário. A rigor, temos ainda dezembro, momento de fechar as contas do ano, fazer o balanço das atividades , festejar o Natal e comemorar o Novo Ano.

Eleito há um ano, o prefeito João Castelo, por sua experiência anterior à frente do executivo estadual, despertou forte expectativa na população de que faria, embora com característica fortemente autoritária, desde o início, um governo de realizações, de obras, uma administração dinâmica, enfim.

Onze meses passados, o sentimento que prevalece é que quase nada foi feito. E, ainda pior, que quase nada está por ser feito.

Tomemos, por exemplo, a questão do sistema viário de São Luís. Um caos que a cada dia toma proporções maiores e alarmantes.

Não precisamos lembrar que os trabalhadores, os estudantes gastam preciosos momentos de sua jornada presos em engarrafamentos quando se deslocam de suas moradias para o trabalho ou para a escola. Seja de transporte público ou particular; de ônibus ou de carros.

E não vemos, Senhor Prefeito João Castelo, nada a ser feito. Ou pelo menos planejado, anunciado. Nada. Tão somente o anúncio do aumento diário e assustador da frota de veículos na Capital?

Lembramos que, em 12 de janeiro, a Associação Comercial do Maranhão entregou uma proposta de Plano Diretor Viário para São Luís ao prefeito eleito João Castelo. Na proposta é dito que “Alguns pontos principais do plano são voltados aos corredores de transporte de massa, as interligações entre as principais avenidas da cidade, pois o nosso eixo principal é norte-sul e propomos criar um eixo leste-oeste, ciclovias, sinalização de trânsito e algumas pequenas intervenções que darão resultados imediatos no fluxo do trânsito”.

O que foi feito do Plano? Não era bom e foi para o lixo? A prefeitura elaborou outro Plano? Para quando?

Com a palavra a Prefeitura de São Luís.


OAB: VITÓRIA POLITICA DO DEP. FLÁVIO DINO

A eleição do advogado Mário Macieira à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, pela “Chapa Avançar Sempre”, por uma pequena margem (99 votos) sobre a segunda colocada, “Juntos pela Ordem”, liderada por Roberto Feitosa, representa, sem qualquer dúvida, uma inflexão na história da seccional maranhense. Quando são feitas longas listas de vencidos e vencedores, muito provavelmente seus autores não fazem outra coisa senão demonstrar que pouco, ou quase nada, entenderam dos meandros de uma longa e complexa construção.

Construção que remonta aos bancos universitários, à fundação do Partido dos Trabalhadores, e a afirmação de um grupo de jovens advogados que se integraram a outros ainda jovens mas já estabelecidos. Ao longo dos anos, assumiu a liderança dessa nova geração o hoje deputado Flávio Dino com o concurso, sem dúvida inestimável posto que decisivo, do então advogado e hoje magistrado Amilcar Rocha.

A constituição dos escritórios MACIEIRA, NUNES & ZAGALLO ADVOGADOS ASSOCIADOS (cuja composição sofreu pequenas alterações ao longo dos anos) e mais tarde do FIGUEREDO, DINO E LAUANDE ADVOGADAS ASSOCIADOS viabilizaram e fortaleceram os vetores da ação política, hoje coroada com a eleição de Mário Macieira, presidente, Valéria Lauande, vice-presidente, e Guilherme Zagallo, Conselheiro Federal.

Profissionais competentes e politicamente habilidosos conseguiram “pasteurizar” político e partidariamente as diferentes chapas e, sem desmerecer o peso das mais diversas, novas e antigas lideranças, impuseram uma nítida hegemonia do maior vencedor da disputa, o advogado e deputado Flávio Dino.

VALE-TUDO NO STF (I)

A primeira página do jornal O Estado de São Paulo deste domingo estampa em manchete: “Caso Battisti expõe vale-tudo no Supremo Tribunal Federal”.

Na realidade, a imprensa brasileira parece que tem dificuldade em entender a disputa pela hegemonia política cada vez mais acirrada na Suprema Corte.

Como observo no artigo O VENENO DO CONHECIDO ESCORPIÃO (JP, 20/11/09): nesta quarta-feira, 18 de novembro, o presidente Gilmar Ferreira Mendes estava mais interessado em castrar os poderes constitucionais do Presidente da República Federativa do Brasil, ampliando jurisprudencialmente a competência do Supremo Tribunal, do que julgar o pedido de extradição do escritor Cesare Battisti.


VALE-TUDO NO STF (II)

O ministro Gilmar Ferreira Mendes, que lidera uma ativa corrente ultra-conservadora minoritária, tenta impor suas posições com argumentos de autoridade em manifesto abuso do prestígio do cargo de presidente da Corte. Ainda bem que encontra resistência na ministra Carmem Lúcia e em Joaquim Barbosa e Marco Aurélio de Mello. Os três tentam conduzir a maioria visivelmente desarticulada.


MOACIR PRESIDE PDT DA CAPITAL


Após três meses dirigido por uma comissão provisória, o PDT de São Luís por consenso escolheu direção. Por sugestão de Neiva Moreira e do governador Jackson Lago, o professor Moacir Feitosa foi aclamado presidente do novo Diretório Municipal.


20 DE NOVEMBRO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Em 20 de novembro de l695 morreu Zumbi dos Palmares, Herói Nacional. O professor Franklin Douglas, no blogue ECOS DAS LUTAS, e Oswaldo Viviani nas páginas do JORNAL PEQUENO observaram que São Luís, cidade nitidamente afrodescendente, não valoriza tão importante data.

“Conhecida mundialmente por suas riquíssimas manifestações culturais e religiosas de origem africana como o tambor de crioula e a Casa das Minas” – diz Oswaldo – nem a prefeitura nem o governo estadual não promoveram nenhum evento oficial “para a reflexão sobre a inclusão racial”. Franklin, por sua vez, lembra que a dia 19 não é feriado em São Luís ao contrário do que ocorre em 680 municípios, entre os quais capitais como São Paulo e Rio.


Lula, o filho do Brasil, e Sérgio, o cidadão do mundo

Coincidentemente enquanto o filme Lula, o filho do Brasil, é lançado nacionalmente um documentário sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Mello concorre pela indicação do Oscar na categoria.

Lula, o retirante nordestino, líder operário, duas vezes eleito Presidente da República. Sérgio, filho de diplomata cassado pelo regime militar, torna-se funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU).

Chefe do alto-comissariado para os Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello morreu vítima de um ataque terrorista no Iraque, em 2003.

Duas trajetórias, dois grandes brasileiros!

domingo, 22 de novembro de 2009

Ao votar no PED, Lula respeita divergência regional e, mesmo achando problemático mais de um palanque, ressalta que o importante é unificar com Dilma

PT DEFINE RUMO

Se ainda bem entendo de PT, neste domingo, o Processo de Eleições Diretas (PED) do partido deve resultar no seguinte:

1. José Eduardo Dutra ganha a eleição no primeiro turno para presidente nacional;

2. A Construindo um Novo Brasil (CNB) deve ser a chapa mais votada, alcançando em torno de 45% das vagas da Direção Nacional e algum pouquinho mais;

3. No Maranhão, haverá segundo turno para a presidência estadual. Raimundo Monteiro (apoiado por Washington Luiz) tem vaga assegurada. A segunda vaga será disputada voto a voto entre Augusto Lobato e Bira do Pindaré. À favor do primeiro, o apoio pulverizado de Dutra em mais de 40 municípios pequenos; e contra, o seu fraco desempenho em São Luís. À favor de Bira a boa votação nos maiores diretórios e o bom desempenho na capital. Jogo minhas fichas no Bira;

4. Para o Diretório Estadual do Maranhão a chapa de Dutra será a mais votada. Seguida da chapa de Washington (CNB), Bira (Unidade Petista), Augusto (Amanhecer na Luta), Rodrigo Comerciário e Edmilson alcançam de 5 a 10% e Fransuília não faz ninguém para a Executiva Estadual. Nenhum campo de tendência terá força para sozinho impor uma tática eleitoral ao partido. Claro mesmo só a maioria contrária a unir PT ao PMDB de Sarney;

5. Em relação ao maior Diretório Municipal, o de São Luís, deve haver maioria folgada para a chapa da CNB. Dificilmente Fernando Silva enfrentará um segundo turno. Se tiverem uma boa capacidade de mobilização, Pedrosa e Joab disputam voto a voto a segunda vaga. Vantagem para Joab.

Vamos a ver.

Em tempo: enquanto isso no PDT, o secretário municipal de Educação, Moacir Feitosa, sagra-se eleito como novo presidente do Diretório Municipal de São Luís. Chapa de consenso em que, ainda assim, não deixou de ter perdedores e vencedores na unidade "pra inglês ver". Apenas um pouco menos doloroso que no PT.

sábado, 21 de novembro de 2009

Poesia de Quinta - Número 53

Por Deíla Maia (originalmente em 15.10.2009)

Pessoal,

A Poesia de Quinta de hoje é sobre um assunto bastante necessário, mas às vezes um pouco esquecido neste mundão... a solidariedade. A consciência plena que todos nós somos interdependentes, que não sobrevivemos sozinhos, que precisamos dos outros, assim como os outros precisam de nós.

Vi este poema por acaso na internet. Infelizmente, não tem o nome do autor, mas nem por isso deixa de ser bonito.

Espero que gostem.

Beijos.
Deíla


Solidariedade
Publicado por amizadepoesia em Março 10, 2008




Somos parte de um todo
nele estamos contidos
Ele nos contem
Desde o mais simples ser
desde a menor das partículas
até a maior das estrelas
os sóis, as constelações, as estrelas
os indivíduos de todos os reinos
a natureza em todos os níveis
com toda sua pujança e beleza
Todos somos parte de um só organismo
tanto no nosso planeta, até o infinito
tanto nosso lado material,
quanto nosso lado espiritual
um só sistema, de corpo e alma
Naturalmente, integrados interativos
Todos tem sua função, seu propósito, sua missão
Para harmonia universal
Tudo que somos, que temos
do sistema recebemos
dos nosso país, da sociedade, dos nossos amigos
de toda humanidade, de Deus
Nossos dons, nossos talentos
Não nos pertence, os recebemos para uma missão cumprir
É uma mutualidade de interesse e deveres.
É um compromisso pelo qual todos se obrigam
uns pelas outros e cada um por todos
Compartilhando, dividindo, somando
Com amor , com generosidade, com fraternidade
Todo seu pão, todo seu coração, todo seu saber
A todo organismo suprir, atender
Para prover toda e qualquer necessidade
Do irmão, da comunidade, da sociedadeda humanidade, da universalidade
Do todo harmonicamente disposto
E tudo isto se resume
Simplesmente em SOLIDARIEDADE…

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Há 314 anos morria Zumbi dos Palmares: VIVA O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!




20 de novembro: Dia da Consciência Negra.

A data é uma homenagem do movimento negro à data em que morreu Zumbi dos Palmares, líder quilombola brasileiro. Zumbi partiu no dia 20 de novembro de 1695. E também um contraponto ao 13 de maio, comemorado como dia do fim da escravidão decretado pela princesa Isabel...

O dia de hoje é feriado ou ponto facultativo em 680 municípios do País. Nos estados do Rio de Janeiro e do Mato Grosso, por lei aprovada em suas Assembleias Legislativas, 100% dos municípios têm feriado estadual decretado. Em São Paulo, são 104 cidades onde o 20 de novembro é feriado.

Enquanto isso, no Maranhão, terceiro maior estado em população negra urbana e segundo em população quilombola, o 20 de novembro não é feriado em nenhuma cidade. Mas é intensamente lembrado pelas diversas entidades do movimento negro.

O VENENO DO CONHECIDO ESCORPIÃO

Por Haroldo Saboia

Aqueles que acompanharam o noticiário relativo ao pedido de extradição formulado pela Itália ao Brasil do escritor Cesare Battisti observaram a grande dificuldade enfrentada pelo governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Cesare Battisti fora condenado em seu país à prisão perpétua por quatro crimes cometidos, na década de setenta, pelo Grupo denominado PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) ao qual pertencia.

Seus advogados de defesa afirmam que não há provas efetivas quando à participação do escritor nessas ações armadas; sustentam ainda que as acusações contra Cesare Battisti foram formuladas por prisioneiros, membros da organização à qual pertencia, que aceitaram participar de programas equivalentes aqueles conhecidos no Brasil como “delação premiada”. Este fato, a rigor, desqualifica a denuncia contra Battisti.

Uma questão adquire especial relevo: o crime supostamente cometido pelo Cesare terá tido motivação política ou não?

Por um longo período a França entendeu que sim e concedeu refúgio político ao escritor. Com o advento de maiorias conservadores ao poder, o governo francês iniciou processo de revogação do estatuto de refugiado concedido o que levou a fugir em 2004 para o Brasil. Preso em 2007, desde então a Itália tenta impor ao Brasil a sua extradição. Por meios diplomáticos é verdade mas, sobretudo, através de uma sórdida campanha de imprensa que tem como alvo, em especial, a numerosa população ítalo-brasileira na sua origem, majoritariamente, rural e conservadora.

O governo italiano, chefiado pelo midiático Berlusconi da direita mais conservadora, não aceitou a decisão soberana do Estado brasileiro que, através do Ministério da Justiça, concedeu a condição de refugiado político a Cesare Battisti. E, ao invés de apelar pelas vias diplomáticas ou aos organismos internacionais, entendeu recorrer à própria justiça brasileira contra uma decisão soberana do executivo brasileiro.

A demanda do Estado italiano ensejou um processo extremamente delicado. Tenramente democráticas, nossas instituições sofrem as conseqüências de um legislativo que pouco legisla, enfraquecido e imobilizado por suas práticas cada vez mais fisiológicas; um executivo titubeante, extremamente flácido no embate com os demais poderes; e, por fim, um poder judiciário com o Supremo Tribunal Federal controlado por uma ativa e minoritária corrente ultra-conservadora liderada pelo seu presidente Gilmar Mendes.

Nesta quarta-feira, 18 de novembro, o presidente Gilmar Ferreira Mendes estava mais interessado em castrar os poderes constitucionais do Presidente da República Federativa do Brasil, ampliando jurisprudencialmente a competência do Supremo Tribunal, do que julgar o pedido de extradição do escritor Cesare Battisti.

A Constituição venceu. Venceu com os votos dos ministros Carmem Lúcia, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello.

Doravante os setores mais conservadores da sociedade brasileira tudo farão para intimidar o presidente Luis Inácio Lula da Silva para que ele se curve aos caprichos e à arrogância do Estado e do governo italianos.

A oposição e a velha direita, PSDB e PFL, já ocuparam as tribunas da Câmara e do Senado exigindo que Lula entregue Battisti aos carcereiros italianos. Os argumentos políticos e as razões humanitárias não os comovem.

E como não poderia deixar de ser, o velho escorpião José Sarney faz coro a velha direita e à oposição conservadora e golpeia o presidente que tanto bajula.

Sarney, ao afirmar que o presidente deve acompanhar a decisão inicial do Supremo pela extradição, na realidade quer, à maneira de Gilmar Mendes, negar a condição de Chefe de Estado de Luis Inácio Lula da Silva a quem compete, privativamente, manter relações com Estados estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

40 anos do milésimo gol de Pelé

Em 19 de novembro de 1969, Edison Arantes do Nascimento, o Pelé, marcava o seu milésimo gol.

40 anos atrás o rei do futebol marcou num pênalti contra o Vasco o gol histórico de sua carreira de mais jovem campeão mundial de futebol (aos 17 anos), maior artilheiro do campeonato paulista (por 11 temporadas, 588 gols), 1.355 jogos (104 pela seleção brasileira) e um total de 1.282 gols marcados, sendo 95 defendendo a camisa do Brasil.

A bola que Pelé marcou seu milésimo gol foi leiloada por R$ 120 mil. Seu milésimo gol foi dedicado ao cuidado para com as crianças brasileiras. Saiba mais aqui sobre o milésimo gol de Pelé.

Nova enquete
Aproveitando a deixa, mudamos a enquete do Ecos. Na sua opinião, quem será o vencedor do campeonato brasileiro de futebol? Flamengo ou São Paulo.

Deixe sua opinião. Os dois times foram colocados na enquete após a trágica atuação do Palmeiras contra o Grêmio, na noite de ontem, em Porto Alegre, dando adeus ao título do Brasileirão.

Em tempo: na última enquete, sobre os candidatos ficha suja, 76% opinaram que não deveriam poder se candidatar, reforçando assim a posição do Comitê de Combate à Corrupção Eleitoral, contra 23% que acharam o contrário.

Moções condenam censura do clã Sarney ao Estado de São Paulo

Pipocam país afora - e Maranhão a dentro - as moções que repudiam a censura do empresário Fernando Sarney (proprietário do Sistema Mirante de Comunicação) ao jornal O Estado de São Paulo, por conta das matérias publicadas pelo periódico paulista sobre a operação "Barrica", da Polícia Federal.

Uma moção de repúdio foi aprovada no poder legislativo municipal da capital paulista.

É de se perguntar se na Câmara de Vereadores de São Luís não tem nenhum vereador disposto a propor idêntica moção. Bem como se não caberia aos deputados Marcelo Tavares (PSB), Valdinar Barros (PT), Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e Edivaldo Holanda (PTC) fazerem o mesmo na Assembleia Legislativa maranhense...

Vereadores de São Paulo
Por unanimidade a Câmara de Municipal de Vereadores de São Paulo aprovou Moção de Repúdio à censura ao Estadão, impedido há mais de 100 dias de publicar qualquer matéria sobre a operação Barrica.

A moção foi apresentada pelo vereador Carlos Apolinário (DEM) e aprovada por unanimidade por todos os partidos. A moção foi encaminhada aos presidente da República, Lula da Silva; do Senado, José Sarney; da Câmara dos Deputados, Michel Temer; e do STF, Gilmar Mendes.

Conferência de Comunicação do Maranhão
Além de não conseguir boicotar a Conferência de Comunicação do Maranhão, o Governo do Estado ainda viu ser aprovada, entre as deliberações da conferência, uma Moção de Repúdio à Censura ao jornal Estado de São Paulo.

Apresentada pela professora Amarilis Cardoso (UFMA), integrante da ONG Travessia, e por Neuton César, presidente da rádio comunitária Conquista FM, e por vários signatários, a moção foi aprovada pela sessão final da conferência. Abaixo, a íntegra do texto.

Moçao de Repúdio à Censura ao jornal O Estado de São Paulo

A Conferência Estadual de Comunicação do Maranhão, realizada nos dias 17 e 18 de novembro, vem a público repudiar a censura ao jornal O Estado de São Paulo para evitar a publicação de matérias referentes à operação "Barrica" da Polícia Federal, imposta pelo empresário Fernando Sarney, proprietário do Sistema Mirante de Comunicação.

Pela liberdade de imprensa e de expressão, não à Censura do clã Sarney ao Estadão.

São Luís (MA), 18 de novembro de 2009.

Conferência Estadual de Comunicação do Maranhão