terça-feira, 26 de outubro de 2010

A intriga e o veto

Diz-se que Lula disse: "Tem sobrado irritação para aliados até de outros partidos. Lula acha, por exemplo, que o deputado Flávio Dino (PC do B), derrotado por Roseana Sarney (PMDB) na disputa pelo governo do Maranhão, está se queixando à toa. Dino tem denunciado fraude na vitória de Roseana. Para Lula, é choro de derrotado, o que pode atrapalhar o trabalho de união no Maranhão em torno de Dilma." - O Estado de São Paulo, 23/10/2010.

Se Lula não desdiz, fica o dito. E o fato é: enquanto oposições, especialmente PCdoB, PDT, PSB e PT antissarney, aguardam ação do Ministério Público Eleitoral (MPE), Sarney age na intriga junto a Lula.

Na prática, a dita fala de Lula representa um veto a uma possível indicação de Flávio Dino a qualquer cargo no futuro governo Dilma. E, para a oligarquia, já antecipa o discurso que fará pós-segundo turno, responsabilizando ao PCdoB se houver uma redução de votos de Dilma no Maranhão.

Quanto ao veto, já vimos isso noutros tempos. Lembremos:

1) 2002 - Sarney (através de José Dirceu) vetou Haroldo Saboia para a presidência da Eletronorte. "Esse não. Não fez o nosso jogo no Maranhão", teria dito a Dilma Roussef - indicada para o Ministério das Minas e Energia e que levara o nome de Saboia à Casa Civil. Haroldo Saboia ficara, em 2002, entre os 10 senadores mais votados do PT embora não-eleito. Todos os outros alcançaram algum cargo no governo Lula;

2)  ainda em 2002 - Domingos Dutra, deputado estadual eleito, não indica ninguém a qualquer dos 54 cargos federais no Maranhão. Ficou isolado até pelos companheiros de agrupamento, que aceitaram um acordo partidário votado na Executiva Estadual do partido em torno de uma lista plural (leia-se cargos a todas as outras tendências, menos Dutra), mas que trocava a indicação de Dutra para o INCRA/MA por Raimundo Monteiro, bancado por Washington Luiz. Não se respeitou o acordo da instância e não deu pra ninguém. Salvaram-se da degola Bira do Pindaré (indicado para a DRT-Delegacia Regional do Trabalho), que conseguiu retirar o veto de Washinton Luiz a seu nome a partir de um acordo das principais lideranças nacionais sindicais do Partido junto ao então ministro do Trabalho, Jacques Wagner, e Ivaldo Coqueiro  (indicado para a SEAPE/MA-Pesca), que somou o apoio de Terezinha Fernandes (eleita deputada federal) a Helena Heluy (eleita deputada estadual), esta que, somada a Washington, reforçou ainda a indicação de Marluze Pastor ao Ibama/MA;


3)  em 2006 - nenhum nome da esquerda petista antissarney. Veto total, apesar de Dutra eleito deputado federal e Valdinar Barros - deputado estadual. Só emplacaram nomes de Washington com sarneys.


Assim, desde de 2002 o PT antissarney tem pago o preço de sua coerência contra a oligarquia: isolamento no plano nacional e veto a participar de qualquer um dos 54 cargos federais no Maranhão.


O PCdoB ainda chegou nomear quadros (Ministério da Agricultura, ANP etc). O PSB a controlar a Ciência e Tecnologia. E até o PDT a nomear junto ao Ministério do Trabalho. Por sinal, o PDT até hoje mantém gente sua no MDS (Desenvolvimento Social) e MTE (Trabalho), embora declarem total apoio a Serra no Maranhão.


O veto a Flávio Dino que hoje estarrece o PCdoB já é bem conhecido por Haroldo Saboia, Dutra, Marcio Jardim, Silvio Bembem, Franklin Douglas e Augusto Lobato. Como diz este, "Sarney não deixa a gente nomear nem servente do Ibama!".


E assim tende a piorar. Melhor opção presidencial para o País e América Latina, com Dilma-presidente, o Governo do Brasil - parafraseando Chico Buarque - continuará a não falar fino com os Estados Unidos e a não falar grosso com Bolívia e Paraguai, mas com Lula falando fino com Sarney e grosso com o PT (e agora o PCdoB) do Maranhão!

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