Em 04/06/2013, o PDT ficou menor no Maranhão... |
Aos pedetistas do
Maranhão,
Amigas e amigos, companheiras e companheiros,
Estivemos substituindo o nosso pai na presidência da Comissão Provisória
Estadual do PDT, a convite da maioria de seus antigos membros, entre os dias 06
de junho e 01 de dezembro de 2011.
A direção nacional do PDT exercida, autoritariamente, pelos senhores Carlos
Lupi e Manoel Dias, nos aceitou depois de quase 60 dias da indicação (Eles
tinham outros planos para o PDT do Maranhão, que vieram a ser confirmados
posteriormente!).
Nesse período, ajudamos a reorganizar o partido em 211 municípios, apesar de
todas as adversidades internas estaduais e nacionais. Do conhecido Fundo
Partidário Nacional, não recebemos 1 real.
As denúncias de corrupção que envolveram o ex-ministro do Trabalho e Emprego e
alguns de seus assessores, além da mal fadada viagem realizada ao Maranhão em
2009, culminaram com a demissão daquele no dia 04 de dezembro de 2011, o que
fez com que se voltassem contra nós e a nossa postura ao lado da verdade e
esclarecimento dos fatos. Não nos surpreendeu, pois conhecemos a trajetória dos
mesmos e o que tem feito ao partido durante todos esses anos após a morte de
Leonel Brizola.
Após a decisão de nos tirar da presidência do PDT, apesar de todas as
iniciativas que confirmavam o apoio da maioria de nossos companheiros para uma
solução que respeitasse a nossa história, impuseram os atuais dirigentes para o
seu controle cartorial.
Fiz o que pude para reverter a decisão baseando-me no Estatuto. Contudo, nem
responderam às nossas reivindicações de discutir e confirmar a decisão tomada a
fim de que fosse discutida por todos os membros da Executiva Nacional. Assim,
caso confirmada, teríamos a oportunidade de levar o assunto à última reunião do
Diretório Nacional – instância máxima do partido. Mas, como já disse antes, o
PDT é deles e, não mais, dos trabalhistas, dos nacionalistas, dos democratas,
do povo brasileiro.
Sempre fomos a favor do diálogo pela boa política, a qual coloca um partido
político a favor dos interesses da maioria da sociedade, não somente na palavra
mas, principalmente, na ação, no exemplo. Foi o que procurei fazer no PDT!
Infelizmente, acontece justamente o contrário.
Enfrentamos tudo e todos que se opunham a esta postura. Preferimos romper a lei
do silêncio, a lei da esperteza, a lei das comodidades, a lei do convencionalismo
e a lei do conforto que, incrivelmente, constituíram-se em condicio sine qua
non para o almejado “êxito político”, o que, para mim, não é nada mais que a
prática da velhaca política que só nos conduz ao atraso.
Como alternativa de atuação política, uma vez que não há ambiente democrático
partidário, criamos com vários companheiros o Comitê de Resistência Democrática
Jackson Lago e, assim, representar um canal de manifestação das nossas posições
para todo(a)s o(a)s companheiro(a)s e a sociedade.
Igualmente, optamos por estimular a formalização do Comitê de Resistência
Nacional Leonel Brizola, para que tivesse uma atuação nacional e, assim,
encorajasse as lideranças mais expressivas, deputados e senadores. De forma
voluntária, amadora, artesanal, tudo foi feito com o altruísmo de muitos
companheiros e companheiras Brasil afora aos quais rendo as minhas sinceras
homenagens. Tínhamos como objetivo apresentar uma chapa nacional e provocar o
debate na Convenção Nacional, já que o V Congresso e sua fase deliberativa não
foi realizado (como anunciado oficialmente pelos próprios dirigentes nacionais)
no primeiro semestre de 2012.
Infelizmente o nosso partido já não é mais o mesmo. Seus melhores nomes
concordam com as nossas posições (democratização partidária, eleições diretas,
gestão transparente, etc.) mas, jamais tiveram a coragem e disposição políticas
necessárias para enfrentar o establishment partidário que, quando muito, faz
homenagens estéreis aos que dedicaram suas vidas a um país melhor e tinham, no
PDT, um instrumento de luta em defesa do povo maranhense e brasileiro. Assim,
acreditam ludibriar a boa índole e confiança de nossos militantes e de nosso
povo.
Na última terça-feira, dia 07, o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago
se reuniu e, após a exposição do ponto de vista de cada um, decidiu, por ampla
maioria, pela desfiliação partidária. Creio ser a maior homenagem que possamos
prestar aos nossos fundadores que já se foram! (Lembram quando o Brizola disse
que fecharia o partido caso este deixasse de ser um instrumento do povo
trabalhador brasileiro?)
Creio ser a decisão mais coerente a ser tomada depois de tudo o que aconteceu e
temos feito até aqui. Aos que possam pensar o contrário, meus respeitos. Vejo
que as motivações são, para uns, de ordem sentimental (as quais respeito); para
outros, de cunho político-eleitoral.
Mas, o importante é que reconheçamos todos que, após o desfecho da Convenção
Nacional do PDT que, pela forma em que aconteceu, com regras arbitrárias e
impeditivas para que se formasse outra chapa, onde não houve sequer debate, não
foi nada mais que um casuístico e falso episódio partidário, uma
pseudo-convenção, depois da qual não se vislumbra nenhuma luz no fim do túnel
para que ilumine a democratização do partido - causa maior de nossa luta
partidária.
A iconoclastia foi concretizada. Para mim, o PDT acabou e, com estas direções
nacional e local que tem, sem limites de todo tipo e de mandato, não é nada
mais que uma sigla a negociar, para proveito próprio de seus dirigentes, a já
maculada imagem do trabalhismo.
Esteja onde estiver, filiado ou não a outra sigla partidária, carregarei sempre
as convicções democráticas e trabalhistas para que guiem os nossos passos.
Acredito, profundamente, ser a mais digna homenagem que possa prestar ao meu
pai.
Abraço afetuoso, fraterno e amigo,
Igor Lago.
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(*) Foto: Ronaldo Rocha
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