Por Haroldo Saboia
O senador José Sarney, após meses fazendo campanha pelo consenso em torno de seu próprio nome para a presidência do Senado, acabou derrotado.
Foi uma campanha inovadora. Todos os dias, o velho coronel fazia publicar uma declaração sua negando ser candidato, tendo o cuidado sempre de lembrar que "se chamado por seus pares", para "evitar disputas inúteis", poderia pensar em aceitar ser "o nome de consenso".
E sempre, sempre, dava lá o seu jeito para que os jornalistas nunca esquecessem ser ele, Sarney, "o candidato preferido do presidente Lula".
Creio que muitos brasileiros (e brasileiras) foram convencidos de que o presidente Lula não pensou em outra coisa, em suas férias de fim de ano, na Ilha de Fernando de Noronha, a não ser em Sarney, presidente por consenso do Senado. É que do Natal ao Dia de Reis, não vi jornal que não lembrasse que a primeira coisa que faria o Lula quando voltasse a Brasília era falar com o Sarney.
O jornalista Kennedy Alencar, repórter especial da Folha de São Paulo, chegou mesmo a afirmar;
"Lula deseja uma conversa definitiva com José Sarney. Se ele disser sim, Lula falará com o senador Tião Viana (AC), candidato do PT a presidente do Senado, para que ele desista da candidatura" (Folha de São Paulo, 14/01/2009).
Sarney disse sim e Lula, não. (O primeiro, que era como sempre foi candidatíssimo; o segundo, que não o apoiaria nem tampouco pediria a desistência do senador Tião Viana).
O velho coronel Sarney acabou, assim, sem consenso e sem Lula; mas agarrado como nunca em suas ambições e interesses.
Derrotado, comete um gravíssimo erro na própria formulação de sua candidatura. Na matéria que citamos, o colunista da Folha de São Paulo afirma:
- "Sarney quer ser candidato para fortalecer o seu clã político no Maranhão";
- "a Presidência do Senado daria ao ex-presidente da República força para tentar frear eventual operação da Polícia Federal contra um filho dele"
Essas afirmações - não contestadas nem desmentidas - são reveladoras tanto quanto estarrecedoras.
Reveladoras, pois, informam ao país que um seu ex-presidente da República ao colocar, meses a fio, seu nome a disposição de seus pares para presidir o Senado e o Congresso Nacional, o fazia não por espírito público, por ideais republicanos, mas por mesquinhas motivações decorrentes de disputas regionais.
Estarrecedoras à medida que dão conta que o senador José Sarney busca o cargo também com propósitos confessadamente criminosos tais como o de obstruir investigações policiais e eventuais processos judiciais contra seu filho e sócio, Fernando Macieira Sarney, em liberdade por força de salvo conduto.
Deste episódio fica claro que o presidente Luis Inácio Lula da Silva não se deixou levar pela cantilena consensual do seu caríssimo aliado José Sarney (Ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, Eletronorte, ANTAQ, Banco da Amazônia, todos os cargos federais no Maranhão e Amapá, etc. etc. etc.).
Enquanto José Dirceu, com certeza por afinidades éticas, acha natural apoiar Sarney e reitera em seu blog de 21/01/2009 "inclusive para lhe fortalecer frente às derrotas no Maranhão", Lula, inteligente, já percebe enfraquecimento de Sarney. (Não é a toa que Lula é presidente com 80 por cento de aprovação, e Dirceu não pode sequer freqüentar lugares públicos...)
Paciente e exímio negociador, amadurecido nos embates sindicais, Lula tem extraordinária intuição política e aguçado sentido de autoridade. Não se deixa pautar por matérias como aquelas que Sarney costuma tanto "plantar" na imprensa. Quantas vezes não lemos nos jornais que Lula iria oferecer o Ministério da Saúde em troca do apoio do senador Tião Viana a Sarney?
Sem Lula e sem consenso, Sarney caiu na vala comum e sua campanha no vale tudo.
Já voltou até mesmo, em outras escalas e graus, a oferecer troca-troca de votos. Agora, dizem correligionários seus nos quatro cantos de São Luis sem pedir segredo, Sarney estaria, enfim, disposto a negociar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vaga na Academia Brasileira de Letras em troca do apoio do PSDB a sua candidatura a presidência do Senado. (Nesse andar da carruagem, Sarney vai ter logo, logo, que propor aumento de cadeiras na ABL).
O certo é que não está fácil para o velho coronel da Maguary.
Como convencer o PSDB e o PFL, partidos de oposição a Lula, com forte presença no Senado a abrir mão da presidência de Comissões importantes como a de Justiça, a de Relações Exterior, e a de Economia? Esses cargos fariam parte de um protocolo a ser formalizado pelo senador Tião Viana, do PT, e as bancadas dos tucanos e pefelistas.
Apoiada por partidos de esquerda e centro esquerda, como o PSOL e o PDT, a candidatura do petista Tião Viana ganha força apesar de toda a influencia que Sarney ainda tem na grande imprensa. Mas é questão de tempo.
Derrotado na busca do consenso, derrotado na tentativa de conquistar o apoio de Lula, Sarney agora será derrotado no voto, como no voto foi derrotada sua filha Roseana pelos maranhenses que elegeram Jackson governador.
Nota:
Recebi do Secretario de Estado do Turismo, Sr.João Martins, carta tentando explicar a exclusão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses na disputa pela escolha das 7 Maravilhas Naturais do Mundo . Nela o Dr. João Martins afirma:
... "pessoas, órgãos, comitês é que falharam em suas proposições inclusive assumindo sem a devida competência suas funções e gerando fracasso.
Como faço parte de uma equipe de Governo muitas vezes necessitamos ficar em silêncio para não gerar conflitos, porém o Senhor Governador tem conhecimento de todos estes fatos."
3 comentários:
É inegável, que o desenvolvimento humano, se dê, sobretudo, através de debates, buscando saídas para os grandes dilemas sociais. Portanto, quem os ignora, remete-se à escuridão que durante séculos nos fez pensar que a terra era uma grande mesa quadrada. Alguns iluminados, chamados de “loucos” , foram duramente reprimidos, por ousarem contra os costumes impostos pelo clero em nome do “grande rei”.
Felizmente, a humanidade sobreviveu às trevas, e muitos reis, deram conta que estavam nus, alguns súditos tardiamente perceberam, mas não deixamos de evoluir por causa desses. Os seminários chegam num bom momento, quando nos preparamos para o Fórum Social em Belém.
Isso ae, grande Franklin, muito boa Haroldão!
Veja isso dos palhaços da corte do JP Pinóquio
Os blogueiros do Jornal Pequeno(www.jornalpequeno.com.br), Robert Lobato, John Cutrim e Ricardo Santos, além de outros blogueiros companheiros como Eri Castro, Franklin Douglas, José Reinaldo Tavares, Ed Wilson, Edson Vidigal, Anselmo Raposo e demais, solicitam apoio daqueles que compartilham do entendimento de que a candidatura do senador Tião Viana (PT/AC) é a única que atende aos princípios republicanos e democráticos para qualificar as ações do Senado Federal.
Nesse sentido, estão sendo mobilizados todos que comungam dessa idéia para um café (bate-papo) da manhã na próxima terça-feira, às 8h no Hotel Abbeville, localizado na Avenida Castelo Branco,500,São Francisco. Essa é a idéia básica sujeita a sugestões que possam melhorá-la e enriquecê-la no sentido de transformar o 'café da manhã' num ato político de apoio a Tião Viana e "contra as chantagens e ameaças de Zé Sarney, uma ameaça iminente aos interesses do Maranhão caso "tome'' a presidência do Senado, diga-se de passagem sem o apoio do presidente Lula o qual preza pela alternância democrática de poder nas duas casas - PT (Senado) e PMDB (Câmara). No evento, será lançada a campanha "Quem conhece Sarney somos nós, Maranhenses".
http://www.jornalpequeno.com.br/2009/1/25/Pagina97279.htm
olá querido FRanklin, parece que o vovô já esta se frustrando com a sua velhice.
estou sentindo um cheiro de mudança.
sucesso.
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