MANIFESTAÇÃO DE APOIO ÀS REIVINDICAÇÕES
POR RESIDÊNCIA NO CAMPUS E PARTICIPAÇÃO ESTUDANTIL NA UFMA - ESTUDANTES DO
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Ao Magnífico Reitor
da Universidade Federal do Maranhão
Prof. Natalino
Salgado.
Nós, estudantes do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais, apoiamos a luta dos moradores das Residências Universitárias – REUFMA,
CEUFMA e LURAGB, mobilizados em torno dos seus direitos à moradia no Campus
Universitário do Bacanga.
Afirmamos a
legitimidade e o interesse coletivo da demanda e apoiamos o
ato corajoso – e até mesmo sacrificante – dos nossos colegas estudantes em
evidenciarem a repulsa causada a todos nós, também estudantes, aos atos
autoritários e de legalidade e transparência duvidosas cometidos por essa
Reitoria.
Causa-nos indignação e revolta a decisão dessa Reitoria e de
seu Colegiado em compulsoriamente desviar a finalidade do prédio construído
para residência universitária, violando o direito à moradia dos
estudantes no interior do campus dessa Universidade e contrariando Termo de
Ajuste de Conduta firmado entre essa Universidade e o Ministério Público
Federal, em 2007.
A centralização da
administração dessa Universidade, em dois mandatos do prof. Natalino Salgado, é
notória, tanto é que as próprias Pró-Reitorias não tem autonomia, iniciativa e
poder para resolver questões inerentes as suas pastas. É uma enorme contradição
destinar o prédio da Casa dos Estudantes para a Pró-Reitoria de Assuntos
Estudantis que, sequer, teve iniciativa, poder ou autonomia para encaminhar um
assunto de sua competência.
Causa-nos maior
terror, verificar a insensibilidade dessa Reitoria e de seu Colegiado, bem como
a intransigência de reconsiderarem suas decisões que desrespeitam Termo de
Ajuste (com força executória judicial), violam direitos humanos, sociais e a
dignidade de alunos. Estes, consabidamente, enfrentam uma realidade de
desolamento social no Estado do Maranhão para terem acesso a uma educação que
deveria empoderá-los e ajudá-los a combater a injustiça social para si, para as
sociedades maranhenses e suas futuras gerações.
Todos nós, estudantes, não aceitamos permanecer confinados
em espaços superlotados e impróprios para moradia dos que deixam suas cidades e
familiares para realizarem o sonho de adentrarem uma universidade pública
federal.
Envergonha-nos precisar contar com o apoio de moradores
solidários das comunidades do entorno - para o fornecimento de água, alimentação
aos finais de semana e abrigo - porque não podemos contar com a assistência que
nos deveria ser garantida, por direito, pela administração dessa Universidade.
Sensibilizados,
lembramos da coragem dos acadêmicos de Ciências Sociais, Turismo e Ciência da
Computação que, ao iniciarem greve de fome em prol da nossa causa coletiva,
foram capazes de canalizar para as dores de suas próprias carnes a luta por uma
moradia digna para todos os estudantes dessa universidade.
Manifestamos, desde
já, a nossa preocupação com suas vidas, saúde, moradia e clamamos pela
assistência imediata aos nossos colegas Josemiro Oliveira, Daniel Fernandes e
Rômulo Santos.
Desde já,
manifestamos não apenas a nossa solidariedade, mas deixamos consignada a nossa
comunhão de objetivos e a nossa união pela mesma causa que, incessantemente,
ajudaremos a propagar.
Deixe-se
claro que não serão aceitos conluios com o IPHAN ou governo do Estado para a
ocupação de casarões históricos alugados que, além de
estarem situados fora do campus, estão tão abandonados que precisam de reformas
e manutenções onerosas, as quais não devem jamais ser custeadas pelo recurso
público dessa Universidade em favor de proprietários/locadores.
Cansados
de reuniões, diálogos autoritários, desvios de finalidade pública na gestão do
espaço, falta de transparência em obras públicas e promessas não cumpridas e,
em nome dos estudantes em greve de fome há quase 10 dias, manifestamos o nosso
repúdio ao atual estado de gestão da nossa Universidade.
Declaramos com todas
as letras: não aceitamos hoje tal quadro e nem aceitaremos amanhã essa postura
pouco dialógica, insensível, pouco transparente e punitiva às expressões
opositoras.
Ressaltamos que as entidades representativas dos estudantes
e dos docentes, DCE, Grêmio do COLUN, coordenações das Casas Estudantis e
APRUMA, tem o dever de se colocarem na luta em favor dos direitos de todos os
estudantes.
Portanto, afirmar
que o movimento é dessas entidades é uma atitude leviana que exemplifica mais
um ato de autoritarismo e arrogância daqueles que não toleram uma universidade
que inclua os setores populares em seu quadro discente.
Por nossa própria
iniciativa, por solidariedade a uma causa que é de todos nós e indignação
coletiva, deixamos claro que, a partir de agora, e muito mais do que
anteriormente, levantamos nossas bandeiras de insatisfação contra as medidas
autoritárias tomadas ao longo dos anos, e, ao mesmo tempo, exigimos
transparência nas contas públicas e participação dos discentes nas decisões
sobre a ocupação e gestão dessa Universidade.
No aguardo de uma
postura dialógica e sensível à gravidade dos fatos, nos unimos às centenas de
vozes que conclamam a essa Magnífica Reitoria: devolva a Casa dos Estudantes no
campus!
Atenciosamente,
Alunos e alunas do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMA
São Luis, 04 de dezembro de 2013
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