Franklin Douglas (*)
No Maranhão, o crime organizado
está entranhado nos três poderes do Estado, já disse um dos principais líderes
da própria oligarquia.
A incapacidade de dar solução à
falência do sistema prisional maranhense, aos altos índices de violência e de
desbaratar as quadrilhas do crime organizado para o tráfico de drogas evidencia
também que o próprio governo estadual está falido.
Parece que chegamos ao ápice da
política sob a lógica OLIGARQUIA e BARBÁRIE!
A barbárie que emerge pelos
números de mortos em São Luís em menos de um ano: 983; pelo número de
homicídios em cadeias no Maranhão: 53; pela superlotação dos presídios, o
Maranhão tem a sexta pior situação, com índice de lotação que beira os 90%: há
2.196 presos ocupando um espaço onde deveria haver 1.770 vagas nas prisões.
Quanto mais falido o governo,
mais forte o crime organizado, que assassina do moleque que vende o craque e
não repassa o apurado ao chefe imediato ao ilustre jornalista da oligarquia,
como se viu com Décio Sá.
Tem sido assim desde os tempos
dos piratas, nos séculos XVII e XVIII, das máfias chinesas e sicilianas, no
século XIX, da máfia de Al Capone nos Estados Unidos dos anos 1920 a 1930, das
quadrilhas do Comando Vermelho, de Fernandinho Beira-mar, no Brasil do século
XXI, das máfias que disputam entre si o comércio de drogas sob a inércia do
governo da oligarquia.
Estruturalmente não há nada de
novo!
O que impacta é a facilidade das
fotos e vídeos dos decapitados circularem instantaneamente nas redes sociais. É
a estética da perversidade que toma conta da sociedade espetacularizada pelo
crime.
Estamos lidando dando com algo
grande. Estudos da professora Ana Luíza Ferro evidenciam: o crime organizado já
movimenta 850 bilhões de dólares no mundo, seria a oitava potência da economia
global, é a "economia" que cresce de forma mais sustentada, dobrando
seu tamanho a cada dez anos.
E o que caracteriza todas essas
organizações criminosas é a estabilidade, a permanência, a estrutura
empresarial e hierárquica, o considerável poder de intimidação, a penetração no
sistema econômico legal, pelo qual faz a lavagem do dinheiro (das micaretas dos
carnavais fora de época, passando pelas catracas do transporte coletivo, às comodities
do sistema financeiro), a corrupção e a impunidade, advinda, sobretudo,
de sua CONEXÃO COM O PODER, em seus três níveis: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Eis a barbárie maranhense nua e
crua.
E a solução para esse caos não
virá do governo constituído. Se nos anos 1990, a oligarquia mobilizou o aparato
estatal e aniquilou mais 100 criminosos em sua "Operação Tigre",
assim como entregou os anéis para preservar os dedos, na "CPI do Crime
Organizado", que levou à prisão deputados e aparentados, agora está acuada
porque não tem o que fazer. Não pode enfrentar a organização criminosa porque
precisa dela para as eleições que se avizinham.
E, nesse cenário, lastimável a
oposição consentida que temos, que, para vencer, também já está ficando
imobilizada pelas alianças que tem firmado com as dissidências do próprio crime
organizado que até agora sustentava diretamente a oligarquia.
Esse seria o momento dos
pré-candidatos oposicionistas já definidos ao Governo do Estado, Flávio Dino
(PCdoB), Eliziane Gama (PPS) e Luís Antonio Pedrosa (PSOL), e dos demais partidos
da oposição, como PSTU, PCB, REDE, PDT, PSB, dentre outros, colocarem A
POLÍTICA NA FRENTE DO ELEITORAL e, juntos, convocarem uma grande mobilização
social contra o crime e a violência.
E, conjuntamente com as
organizações populares da luta pelos direitos humanos (OAB, SMDH, CNBB,
Cáritas, CPT, FETAEMA, CIMI, etc.), requeressem ao Procurador-Geral da República
o pedido desse junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) de INTERVENÇÃO FEDERAL por
parte da União na segurança pública do Governo do Maranhão, conforme determina
a Constituição Federal, pois é preciso garantir os "direitos da pessoa humana" e "pôr termo a grave comprometimento da
ordem pública" (artigo 34 - incisos III e VIII - alínea "d" da
Constituição Federal) a que as organizações criminosas estão submetendo o povo
maranhense.
NADA DEVE PARECER IMPOSSÍVEL DE
MUDAR. Chegamos ao limite onde ou a sociedade civil se mobiliza para derrotar o
crime organizado ou o crime organizado derrota o Maranhão do bem. Aos que acham
isso impossível, lembrem-se das manifestações de junho! Ou mesmo da frase do
líder que se foi, mas deixou sua mensagem: "Sempre parece impossível até que seja
feito" (Nelson Mandela, 1918-2013).
Ou impomos essa derrota desde já
à máfia oligárquica ou prevalece no Maranhão a BARBÁRIE.
[com 03 revisões anotadas pelo leitor Roberio França, às 11h de 23/12/2013]
(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA),
escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 29/12/2013, p. 12.
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