terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Para além dos mitos, feliz natal, caro amigo!


Já escrevi por aqui (no natal de 2011): o mito natalino é fruto de nossa civilização ocidental. Sequer o é da maioria da humanidade. De nossos sete bilhões de habitantes, dos quais chineses e indianos são os mais numerosos, o culto a “nöel”não está presente nas civilizações que já passaram há muito dos 2013 anos contados após a morte de Jesus Cristo. Por sinal, o natal foi criado para ele e não para o Papai Noel. A data de 25 de dezembro, também controversa – pois se tratava da data das festas pagãs ao rei Sol, incorporada ao calendário dos romanos –, foi estabelecida, no século IV, pela Igreja Católica, como o dia de nascimento de Jesus.






São Nicolau também se tornou mito natalino no século IV, a partir da Alemanha. Nicolau, arcebispo na Turquia, tornou-se santo após terem sido atribuídos a ele muitos milagres. Costumava ajudar anonimamente as pessoas em dificuldade, colocando um saco de moedas de ouro na chaminé das casas. Em parte, vem daqui a ideia do Papai Noel entrando pela chaminé para deixar presentes... São Nicolau, ou “Papai Noel”, era retratado em roupas de bispo, trajes de frio de cor verde, próximas à referência de um lenhador... Isso até 1931!


 

Foi na década de 30 do século XX que surgiu o “Papai Noel” vestido de vermelho, cinto e botas de cor preta, rechonchudo, de barba branca. E adivinha quem criou essa imagem? Quem respondeu “Coca-Cola”, quase acertou. Na verdade, esse primeiro visual foi uma criação do cartunista alemão Thomas Nast, em 1886. Mas, de fato, essa imagem foi popularizada mundo afora através de uma grande campanha publicitária da Coca-Cola, 45 anos depois de Nast, onde a empresa usou essa imagem do “Papai Noel” gordinho, barbudo e vestido de vermelho, mesma cor da logomarca do refrigerante.

“Papai Noel” e Coca-Cola marcaram os “30 anos gloriosos” (anos 1940-1970) do capitalismo mundial como o símbolo, devidamente massificado pela televisão a partir dos anos 50/60, do ideal de vida ocidental. Presente de “Papai Noel” bebendo uma Coca-Cola era muito mais gostoso. Inicia-se a derrocada do presépio de Cristo e a primazia do “Papai Noel” como a imagem maior do natal: da Lapônia (na Finlândia), para os ingleses, ou do Pólo Norte, na invenção dos Estados Unidos sobre o local onde mora o “Papai Noel”, ao extremo da América do Sul.






A versão do trenó voador, das oito renas (há quem conte nove: Rodolfo – a rena de nariz vermelho, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago), da chaminé, do bom velhinho e demais características do “Papai Noel”, ensaiadas no poema de Clemente Clark More – “Uma visita de São Nicolau”, de 1822 –, supera ano após ano os registros dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.



O ouro, o incenso e a mirra, presentes entregues a Jesus na manjedoura, hoje poderiam ser adquiridos em incontáveis prestações no cartão de crédito, em nossos novos templos natalinos de consumo, os shoppings...

Mas, seja como for, ho-ho-ho: feliz natal para você, cara amiga, caro amigo!

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