quarta-feira, 1 de abril de 2009

Diário de uma marcha - parte 6: a praça Deodoro grita GOLPE NUNCA MAIS!

31 de março de 2009. São Luís de cantos e encantos se reencontra com sua rebeldia, resistência e ojeriza à oligarquia. O palco? nada mais, nada menos, que a aguerrida praça Deodoro!

A praça Deodoro que foi a arena de concentração da greve de 79 pela meia-passagem, novamente viu estudantes e juventude prontos para defender seus direitos, o valor de seu voto;


A Deodoro que foi o espaço da resistência à Ditadura e ao movimento pela anistia, uma vez mais recebeu os lutadores pela causa das liberdades democráticas, como Maria Lúcia Teles, Manoel da Conceição, Wagner Baldez e homenageou Wilian Moreira Lima, Maria Aragão, Padre Josimo, Augusto Marques, Nascimento de Moraes, Gerô, que sempre acreditaram na democracia como caminho da liberdade do Maranhão;
A praça Deodoro que viu a luta pelas Diretas Já, em 1985, de novo encontrou os movimentos sociais do campo (MST, Fetaema, Fetraf, quebradeiras de coco, quilombolas etc) e da cidade (direitos humanos, crianças e adolescentes, moradia, mulheres, negros e negras etc) e os partidos nascidos da luta pela democracia (PT, PDT, PCB, PPS, PSB) reivindicando a soberania do voto popular;
A Deodoro que presenciou o "Fora Collor" (1992), mais uma vez viu o Vale Protestar, o "Xô, Rosengana" e as as organizações estudantis se mobilizarem para garantir o seu direito de eleger seus representantes; A Deodoro que recebeu a "Marcha das Margaridas" (2003), a mobilização pela aprovação no Senado do empréstimo de recursos para o combate à pobreza (2005), as jornadas de lutas sindicais da CUT, outra vez se uniu ao povo maranhense, agora na Marcha pela Democracia, pela defesa do direito do povo em ter respeitada sua livre escolha nas urnas;




A praça Deodoro, que é ponto de encontro do HipHop, da poesia underground, da grafitagem, da cultura popular maranhense, novamente viu o tambor de Crioula de Nemei, as caixeiras do Divino, a voz do cantador de bumba-meu-boi Humberto do Maracanã cantando o hino do Maranhão entoado pelos pandeirões e matracas, o cordel de Moisés Nobre, o teatro de rua do Laborarte, o cantar de Gigi e os Balaios, o samba envolvente de Beth Carvalho e as "pedras" vibrantes da radiola Estrela do Som, eram regueiros e artistas também em defesa da Democracia;



Enfim, a praça Deodoro, palco dos comícios vibrantes da campanha presidencial de 1989, ora do Lula, ora do Brizola, revisitou-se ontem com a luta anti-oligárquica. Revigorou o espírio da ilha rebelde que virou a cidade de cabeça pra baixo na Greve de 51, que nunca permitiu Sarney ter uma vitória eleitoral na capital desde 1965...

A praça Deodoro ouviu ecoar por todas as ruas o "NENHUM PASSO ATRÁS, SARNEY NUNCA MAIS", "MEU VOTO É MINHA LEI, NUNCA MAIS SARNEY", "XÔ SATANÁS, SARNEY NUNCA MAIS"... que, sem dúvida, João Pedro Stédile levará consigo para o Rio Grande do Sul, Cristina Almeida para o Amapá, Beth Carvalho para o Rio de Janeiro, Pastor Ariovaldo para São Paulo, Manoel Dias para Santa Catarina, Crispiniano Neto para o Rio Grande do Norte, as caravanas do interior para as cidades maranhenses.

João Pedro Stédile conferiu 20 mil pessoas na praça. O jornal da oligarquia não viu 2 mil... Quer expressão maior de que esta luta pela Democracia no Maranhão, que se trava entre pólos com interesses diametralmente opostos, contraditórios e inconciliáveis?

45 anos depois da golpe dos generais, de onde se nutriu e consolidou a oligarquia Sarney, a noite de 31 de março de 2009 registrou para a História a praça Deodoro ser palco de corações e mentes unidos pela Democracia. Juntos na defesa do Maranhão, porque, no que depender dos movimentos sociais, GOLPE NUNCA MAIS!

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